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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Passado, presente, futuro: o fator J. C.

“Caminhamos guiados pela fé e não pelos nossos olhos”, S. Paulo.


“É preciso inscrever a catástrofe no futuro de uma maneira muito mais radical. É preciso torná-la inevitável”, Jean-Pierre Dupuy.


“Para se tornar um verdadeiro adepto do materialismo dialético, devemos passar pela existência do cristianismo”, S. Zizek.

 

Futuro, presente e passado são boias a que nos agarramos para conseguirmos de vez em quando vir ao de cima neste oceano quase vazio de coisa nenhuma por onde andamos. Daí que por vezes eles se misturem, especialmente nesta nossa mania de cientificamente marcar o tempo e o espaço esquecendo-nos que tudo dependerá do lado para onde estivermos virados. Mesmo os instrumentos que utilizamos para nos darem informações sobre como estamos relativamente ao estado de elevação do sol do ‘nosso’ sistema, a que convencionamos chamar de marcadores de tempo antes de passarem a serem relógios quando cobiçados como produtos das classes altas (o que só de si constitui mais um exemplo da pouca inteligência humana e da muita ganância, pois as classes altas dele não precisavam para nada pois dispunham de todo o tempo livre para fazerem o que costumavam fazer, e as classes baixas enfeitiçaram-se e enfeitaram-se com mais um produto que as obrigava a serem duplamente escravas, do tempo e dos seus donos) mais não nos dão do que informações sobre qualquer coisa que deixou de ser no momento em que os olhamos. Vivemos permanentemente no já foi, pelo que há quem diga que não existe presente. E os seus companheiros, passado e futuro, existirão?


Paulo Orósio (c. 390 – c. 423) escreveu de 416 a 418, a primeira história universal feita por um autor cristão, Historiarum Adversus Paganos libri VII (História contra os Pagãos em sete livros), mais conhecida na Idade Média por Moesta mundi (Tristezas do Mundo), por tratar das guerras e dos sofrimentos resultantes da ascensão e queda dos impérios. Por bula papal de 494 foi oficialmente aceite para o ensino, permanecendo durante sete séculos como manual de ensino de História Universal.
Para Orósio era na história que Deus se revelava e manifestava. Vai assim influenciar toda a linha da filosofia da história que se lhe segue, ao atribuir-lhe um teor providencialista e messianista. Providencialista na medida em que crê que todos os fatos temporais se encaminham para um ponto comum, e messiânico por considerar que a finalidade da história é a instauração do reino de Deus. A sua originalidade constituiu em encontrar um princípio unitário absoluto para onde todos os acontecimentos históricos são conduzidos, para a partir daí os explicar.
O relativismo resultante de considerar o ponto de vista humano dos acontecimentos históricos como sendo apenas uma perspetiva sobre o todo, e não o todo, é ultrapassado quando Orósio inscreve os acontecimentos temporais no absoluto, através da interpretação providencialista dos mesmos. A finalidade da história faz-se em função de um sentido final: a vitória do Cristianismo e a redenção da humanidade por Cristo. Para Orósio, a visão do futuro é sempre otimista, porque é aí que se situa a redenção da humanidade por Cristo. Como diz: “O futuro é sempre melhor”. O futuro tem pois um papel fundamental.
Em 1597 e em 1609 aparecem os dois primeiros volumes da Monarquia Lusitana de Frei Bernardo de Brito. Perdendo a lucidez que mais de mil anos antes Orósio tinha tido, Frei Bernardo vai ‘demonstrar’ que a fundação do reino de Portugal era de origem divina e que o povo português estaria predestinado a defender a fé católica. Ou seja, a meta da história era a fundação de Portugal e a sua predestinação, substituindo e reduzindo assim a referência essencial de Orósio à história universal pela referência à história particular. É que para Orósio, a meta da história era a instauração de um reino de Deus mas com referência à história universal.
Para valorizar a lenda, o mito e a profecia, Frei Bernardo de Brito vai deslocar a história, dando particular ênfase à finalidade a alcançar. E é esta finalidade que vai por si constituir a razão para a inteligibilidade do passado. Só poderemos conhecer o passado e o presente, se possuirmos o conhecimento das causas finais dos acontecimentos. Se tivéssemos o conhecimento de todas as causas finais, teríamos o conhecimento total do passado, presente e futuro.
Poderemos inclusivamente absolutizar a causa final ao ponto de retirarmos da história tudo o que não faça parte dessa causa final. Ou seja, poderíamos escrever a história baseada só na causa final, o que seria uma história do futuro, e isto porque sendo a causa final sempre relacionada com o ponto de vista divino, então será sempre muito mais verdadeira e universal que a história que se faça do passado ou do presente. A história dos fatos futuros é tão ou mais real que a dos fatos passados, sendo justificada pelo Divino. Daí que a profecia (rutura com o presente) fosse uma mera antecipação do futuro, um texto aberto à história, interpretando os fatos proféticos como fatos que se darão necessariamente. É o que faz o Padre António Vieira (1608 – 1697) quando escreve a sua História do Futuro.


Ao longo de todos os tempos apareceram sempre caminhos e possibilidades que se vieram a verificar mais tarde, algumas das quais não passaram da concretização de promessas passadas. O que significa que no mesmo tempo coincidem, por afloramento, vários tempos para os quais devemos estar atentos, porquanto nos podem levar a percorrer estranhos caminhos, alguns de destruição.
Se tivermos uma visão linear da evolução histórica poderemos dizer que em qualquer momento do tempo existem múltiplas possibilidades que aguardam por serem realizadas, e logo que uma delas se atualiza, as outras são canceladas. Era assim que Leibniz entendia o mundo existente como sendo o melhor dos mundos possíveis: antes da Criação, Deus tinha no seu espírito a totalidade dos mundos possíveis e, dentro deles escolheu o que seria a melhor das opções. Ou seja, a possibilidade precede a escolha. A escolha é uma escolha entre diferentes possibilidades.
Segundo este entendimento, o futuro é produzido pelos atos que realizámos no passado, pelo que a nossa maneira de agir é determinada pelo modo como antecipamos o futuro e pelas nossas reações a essa antecipação. Daqui derivam todos os paradoxos associados à ideia de profecia que se autorrealiza: se agirmos em função dessa previsão e esperarmos que esse acontecimento aconteça, ele acontecerá. Mais: se esperarmos por uma catástrofe prevista e agirmos para a impedir, o resultado será o mesmo, quer ela aconteça ou não. Porque se ela acontecer, as medidas preventivas por nós tomadas, serão consideradas como irrelevantes; se ela não acontecer, então é porque a catástrofe era considerada como impossível, daí que as nossas ações preventivas sejam também consideradas como irrelevantes. Ou seja, prevemos o quadro de uma catástrofe, depois agimos de forma a impedi-la, esperando que o próprio sucesso das nossas ações preventivas torne irrelevante a perspetiva que nos levou a agir!
O que torna interessante esta racionalidade é ela ter por base o fato de apesar de ‘eu saber’ que a minha sorte futura e a da sociedade a que pertenço depender das ações desenvolvidas por milhões de indivíduos como eu, mesmo assim ‘acredito’ no destino, que é regido por algo anónimo e independente da vontade e dos atos dos indivíduos. Ou seja, apreendo o processo histórico como um processo ‘objetivo’ que segue o seu próprio curso independentemente dos meus planos, abstraindo-me do meu papel ativo.
Mas se nos colocarmos no ponto de vista da catástrofe poderemos retrospetivamente discernir alternativas no passado que, a serem tomadas, poderiam fazer com que os acontecimentos seguissem um curso diferente. Por isso e para isso, teremos “de inscrever a catástrofe no futuro de uma maneira muito mais radical. É preciso torna-la inevitável”. Temos de a postular como real e inseri-la retrospetivamente no passado (do futuro) das coisas que teriam sido possíveis, fundando depois a nossa ação sobre essas coisas.

Na nossa sociedade contemporânea temos assistido a uma globalização sem regras, na medida em que não existem instituições globais que controlem as suas consequências políticas e sociais. Este processo, para além de estar a permitir a acumulação da riqueza numa percentagem cada vez menor de indivíduos, tem vindo em contrapartida a aumentar o número de pessoas que foram obrigadas a abandonar as suas casas e o seu país devido quer a guerras tribais, massacres, proliferação de bandos de guerrilhas ou de traficantes de drogas, etc., pessoas essas que vivem permanentemente em campos de refugiados “temporários” e que não podem voltar para o país de origem porque esse país não os quer ou porque as suas casas foram destruídas ou roubadas, e porque também nenhum governo quer receber esses milhões de pessoas. Fora desses campos, os refugiados serão sempre vistos como uma fonte de problemas sem possibilidade de integração, e dentro desses campos acabarão por serem esquecidos. Como estes campos e o número de refugiados têm vindo constantemente a aumentar, tal poderá significar que a sociedade globalizada atual não sabe como resolver o problema ou que então é mesmo assim que resolve o problema, depositando o seu “lixo” não reciclável nesses territórios.
Desse “lixo” acabarão, mais tarde ou mais cedo, por fazer parte todos aqueles que não se enquadrem na “ordem” que se quer reinante, como os “indesejáveis”, os sem papéis, os imigrantes ilegais, etc., e ainda todos aqueles que não têm lugar na “economia”, ou seja, os que não consomem, os que não podem ser acomodados pelas poucas oportunidades que a economia oferece e que não têm papel a desempenhar na sociedade. Empregados, desempregados, pobres, reformados, mulheres, jovens, são tudo grupos que têm sido colocados em círculos de exclusão, o que faz que esta sociedade globalizada seja tendencialmente concentracionária. A servidão, a guerra, a exploração e os campos de concentração são os atributos desta nossa civilização.
A transformação da ciência em tecnologia controlada pelos grandes interesses económicos vem, cada vez mais, tornar irrealizável o sonho de felicidade que prometera: uma nova época de prosperidade para todos. Pior: os avanços que faz vão sempre no sentido da criação de maior desemprego, menores salários, aumento de pobreza e aumento da desqualificação dos seres humanos. O seu ideal é a da completa e total substituição do homem pela máquina. O homem é o ponto fraco da engrenagem. No dia em que conseguirem realizar grande parte das tarefas económicas e financeiras, tornando dispensáveis a maioria das pessoas, não hesitarão em prescindir delas em nome da rentabilidade, da competitividade, do lucro, do sistema, do que for.

Como sair desta situação para onde estamos a ser empurrados? Como é que uma enorme maioria de pessoas sem poder conseguirá inverter este processo, passando a influenciar a sociedade?
Historicamente o modelo que obteve sucesso foi o seguido por Jesus Cristo e pelo Cristianismo. Para além dos aspetos formais e organizativos que devem ter tido, e continuam a ter a sua importância, nomeadamente o da constituição de células secretas com símbolos identificativos próprios, reuniões em locais escusos e catacumbas, os ritos de iniciação e de entreajuda, a liturgia, os mártires, a organização da Igreja, as festividades, etc., aspetos formais que não pretendo aqui desenvolver, também não pretendo lidar com as questões postas pela veracidade histórica de Jesus, dos Apóstolos e dos Evangelhos, por elas me parecerem de menos importância para a tentativa de compreensão dos efeitos revelados no e do comportamento humano, para a tentativa de explicar a razão por que o cristianismo conseguiu estabilizar-se e manter-se no meio das mudanças e do caos geral, porque sobreviveu através de tantas sociedades diferentes e de tantas modalidades de produção, feudalismo, capitalismo e socialismo.
Neste sentido, pouco adianta reconhecer que os quatro Evangelhos do Novo Testamento dificilmente poderão ser considerados como um relato histórico, não só por terem sido escritos por múltiplos autores, que só os escreveram várias décadas após a Crucificação, como por não conseguirem estar de acordo em matérias importantes, como sejam as da virgindade de Maria e da genealogia de Jesus.
É o caso da Fuga para o Egito, em que S. Mateus diz que José foi “avisado num sonho” que devia fugir imediatamente, e S. Lucas diz que a família ficou em Belém por mais quarenta dias até que Maria terminasse “a purificação de acordo com as leis de Moisés”, só depois tendo partido para Nazaré, via Jerusalém.
Sobre a data do nascimento, S. Lucas diz que ele se verificou no ano em que o Imperador César Augusto ordenou um censo, e que tal sucedera quando a Judeia era governada por Herodes, sendo Quirino o governador da Síria. Só que Herodes morreu quatro anos antes, e durante a sua administração o governador da Síria não era Quirino. Também nenhum historiador Romano menciona qualquer censo mandado fazer por Augusto nessas datas. Só um cronista Judeu, José, menciona que tenha havido um censo e apenas para cobrança de impostos, mas tal ocorrera seis anos após supostamente Jesus ter nascido, e mesmo assim sem a obrigação das pessoas regressarem aos seus locais de nascimento. Mateus e Lucas também não conseguem apresentar uma descrição comum sobre a Crucificação e a Ressurreição.
Quanto à virgindade de Maria, ao passo que por muitas vezes Jesus se refere o seu Pai celestial, não se encontra qualquer referência de Jesus à virgindade da mãe. E é S. Mateus que nos vem informar (13:55-57) que Jesus teve quatro irmãos e algumas irmãs. Como conciliar este dilema sexual com uma imaculada conceção e com um pecado anterior ou que se lhe seguiu? Este dilema só vai ser resolvido através da doutrina da Imaculada Conceção anunciada em Roma em 1852, e pelo dogma da Assunção anunciado em 1951.
Mas para além de todas as “evidências” históricas incorporadas no cristianismo, ele permite, apesar disso, uma interpretação lógica daquilo que é o seu núcleo escondido. São questões em aberto. Por exemplo: Se é proibido provar os frutos da árvore do conhecimento do Paraíso, porque razão é que Deus lá colocou essa árvore? Será que isso fazia parte de uma estratégia para seduzir Adão e Eva e assim impeli-los para a queda, para os vir mais tarde a salvar? Subjacente, encontramos aqui um problema filosófico: será que a interdição pela lei (não podes comer os frutos da árvore) está na origem do pecado?
Será que Cristo necessitava da traição de Judas para cumprir a missão da sua morte na cruz (redimir a humanidade)? Na Última Ceia, Jesus incentiva Judas para cometer essa traição. “E, respondendo Judas, aquele que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste” (Mateus, 26:25). Em todas as outras religiões, Deus pede aos Seus seguidores que Lhe permaneçam fiéis; só Cristo lhes pede para o traírem, para cumprir a sua missão. O problema ético não está em Judas, mas no próprio Cristo que, para realizar a sua missão, é obrigado a recorrer a estas manobras. É como se Deus tenha começado por lançar a humanidade no pecado com o fim de criar uma oportunidade para a salvar pelo sacrifício de Cristo.
Mais: Cristo morre para que nos fosse dada uma oportunidade de viver eternamente. Para além do fato de não vivermos eternamente (só o Espírito Santo, a comunidade dos crentes, vive eternamente), saberia Cristo enquanto morria na cruz, que iria ressuscitar? Se sim, então tudo não passou de um jogo, um teatro divino, pois sabia que o seu sofrimento era um espetáculo que ia acabar em bem, pelo que o seu “Pai, porque me abandonaste?” foi fingimento. Se não sabia, então em que consistia a divindade de Cristo? Será que o Pai lhe tenha limitado a sua consciência à da condição humana, para que ele pensasse que morria realmente abandonado pelo pai? Mas pode muito bem também ser a queixa de um Deus Filho que deixa adivinhar a impotência de um Deus Pai. Como Job já tinha desconfiado quando Lhe diz “hoje é a minha vez, mas amanhã será a vez do teu próprio filho e não haverá ninguém para intervir por ele. Aquilo que vês hoje em mim é a prefiguração da tua própria paixão” (Livro de Job), Deus não é justo nem injusto. É simplesmente impotente.

Há contudo no cristianismo um elemento que o torna verdadeiramente revolucionário.
A Crucificação revela-nos sofrimento e amor. Quando Cristo na cruz profere a frase “Pai, porque me abandonaste?”, está a conceder que o Deus supremo conheceu não só o sofrimento extremo como a própria dúvida. Está a cometer o pecado supremo para um cristão, o de sentir-se abalado na sua fé. Mas está também a mostrar que o verdadeiro amor é o abandono da Eternidade. Contrariamente ao que dizia Platão, segundo o qual se subia do amor por um indivíduo particular para a beleza do corpo humano em geral, do amor da forma bela para o amor pelo Bem para lá de todas as formas, aqui estamos em presença de um movimento inverso que faz do verdadeiro amor o abandono da Eternidade.
Só um ser vulnerável que sofre por saber que lhe falta alguma coisa (sendo portanto imperfeito) é capaz de caridade (de amor). O cristianismo vai assim elevar um ser imperfeito (que ama) ao lugar de Deus, que é a perfeição suprema. Este é o traço que torna o cristianismo revolucionário, que faz com que todos os que se insurjam se sintam eternamente orgulhosos pela Companhia. É Deus que se revolta contra si mesmo.

Chegados aqui, espero que com uma leitura interessada, não resisto a perguntar em que tempo é que o fizeram: passado, presente ou futuro?

 

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