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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

A rãzinha e a andorinha

Fábula dos anos passados e dos que se lhe seguirão.

 

Conta-se que no fundo de um poço muito escuro e húmido vivia uma rãzinha que juntamento com outras passava o dia inteiro a trabalhar procurando afanosamente insetos e larvas, e a carrear do lodo materiais de construção  que teria de entregar ao conselho das rãs, que era quem distribuía as tarefas e administrava tudo o que se passava no poço muito escuro e húmido.


Um dia sentiu uma briza perto de si e deparou-se com algo no ar que olhava para ela. Aflita, tentou esconder-se tapando o rosto. Espantada verificou que aquela coisa começara a falar com ela. “Não tenhas medo. Eu sou uma andorinha”. Ao ver que a rãzinha dava grandes saltos perguntou-lhe: “Porque é que passas a vida aqui no fundo deste poço tão escuro e húmido?”
“E vou para onde?” A andorinha apontou para o cimo, para a abertura do poço, e disse-lhe: “Porque é que não vais lá para fora, onde há muita luz, muito espaço para saltares, com muitas possibilidades para procurares comida e para poderes comer o que quiseres, para poderes construíres a tua própria casa, enfim, para fazeres o que quiseres?”
“Mas eu não sei fazer mais nada, só sei fazer o que me mandam, e sempre foi assim, e sempre será assim”.


A andorinha foi-se embora, mas passou a voltar todos os dias ao fundo do poço escuro e húmido, tentando convencer a rãzinha a abandonar aquele local, encorajando-a a ver o céu azul e claro que se mostrava qual claraboia sobre o fundo do poço. Mas a rãzinha só punha problemas, desde o que iria fazer, como encontraria outras rãzinhas, se não acabaria comida por outros, quem a protegeria, e acima de tudo, como é que iria atá lá cima.
Finalmente a andorinha conseguiu convencer a rãzinha a abandonar o poço muito escuro e húmido. Combinaram o dia e a hora e como seria a fuga. Era suposto a andorinha parar por um momento no fundo do poço o tempo suficiente para que a rãzinha saltasse para cima dela, saindo depois as duas a voarem em direção ao céu prometido.


Só que a rãzinha não conseguiu conter-se e contou o que se iria passar e como é que iria ser feito. Quando no dia seguinte a andorinha voltou  e conforme o combinado parou no fundo do poço escuro e húmido onde já se encontrava a rãzinha, foi apanhada com redes previamente mandadas montar pelo conselho das rãzinhas, foi aprisionada, amarrada a um poste e imediatamente morta pelos guardiões.


Na reunião seguinte, na assembleia das rãzinhas foi decidido pelo conselho das rãzinhas construir uma estátua da andorinha amarrada ao poste, passando a ser  obrigatório, a partir daquela altura, em todas as reuniões dominicais, venerar e celebrar a andorinha como sinal de conforto enviado pelo Além, garantia que a sociedade das rãzinhas se encontrava no bom caminho.

 

Esta é uma pequena fábula dos anos passados e dos que se lhe seguirão. Bom Ano.

 

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