Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

A Mãe (e o Pai) de todos os roubos

 A Reserva Federal não é um organismo público. É uma empresa com acionistas, melhor, é uma corporação privada com donos.

Por este processo o Governo pode secretamente e sub-repticiamente, confiscar a riqueza do povo, sem que um homem em cada milhão consiga detetar o roubo”, Keynes.

O moderno sistema bancário fabrica dinheiro a partir de nada. O processo constitui talvez o maior esquema de golpe de mão até hoje inventado”, Sir Josiah Stamp, Diretor do Banco de Inglaterra.

Agarra que é ladrão!” diz o ladrão.

 

 

Para tentarmos perceber como funciona o sistema financeiro do mundo a que pertencemos, nada melhor que apreciarmos o sistema americano, exemplo de todos os outros. Temos de dirigir a nossa atenção para as quatro instituições que estão na sua base: o Governo, o Sistema de Reserva Federal (Banco Central), o Tesouro (Ministério das Finanças) e os Bancos.

Os políticos, uma vez chegados ao Governo, para pagarem o cumprimento das suas promessas eleitorais, quer para com os seus eleitores quer para com aqueles que lhes financiaram as campanhas (muito mais para estes do que para com aqueles), vão ter que se socorrer de emissões de dívida que, em princípio, deveriam de estar pagas quando deixassem de ser governo.

Para isso, emitem Títulos de Dívida Pública (treasure bonds), que não passam de pedaços de papel onde está subentendido o seguinte: “Emprestam-me agora um trilião de dólares e eu prometo que dentro de 10 anos vos pago esse trilião de dólares acrescido de uma percentagem”. Os americanos chamam-lhes I.O.U. (I owe you, eu devo-te), ou seja, um acordo escrito para devolução de uma dívida. Não passam, pois, de promissórias, declarações de dívida.

Para isso, o Governo vai dar instruções ao Tesouro para que este emita títulos de dívida pública. Com esses títulos de dívida pública, o Tesouro vai leiloá-los entre os maiores Bancos, ganhando com isso um pequeno lucro resultante da taxa aplicada. Os grandes bancos vendem de seguida à Reserva Federal (RF) esses títulos.

Para pagar esses títulos, a Reserva Federal vai passar cheques no valor desses títulos, só que os cheques que passa não correspondem a nenhuma existência em caixa. Quando a Reserva Federal passa esses cheques, não tem nenhum depósito bancário em que ele possa ser levantado: é como se fosse um cheque de brincadeira, um cheque sem provisão. Quando a Reserva Federal emite um cheque baseado num papel que lhe chega, está a criar ‘dinheiro’. Que é o que ela faz quando de seguida entrega esse cheque a um banco seu membro. Com esse dinheiro, os bancos aprestam-se a comprarem mais títulos da dívida pública no próximo leilão do Tesouro.

 

 

Até aqui temos um primeiro circuito:

1. O Tesouro emite títulos de dívida (I.O.U., promissórias).

2. Os Bancos compram esses títulos e vendem esses títulos à Reserva Federal.

3. A Reserva Federal passa cheques (que não passam de novas promissórias, I.O.U.s, uma vez que não correspondem a nenhuma existência em caixa) e entrega-os aos grandes Bancos por troca dos títulos (I.O.U.) emitidos pelo Tesouro (I.O.U.s originais), “criando” assim dinheiro.

É assim desta forma que é aumentada a quantidade de dinheiro a circular vindo de nada. Que fique claro que o dinheiro assim criado, não passa de um papel com números, um recibo ou um cheque sobre um título de dívida do governo.

 

Um segundo circuito começa quando vamos a um banco depositar o nosso dinheiro:

Com esse nosso dinheiro depositado, os bancos podem fazer com ele o que quiserem, jogarem na Bolsa ou emprestarem, com exceção de uma pequena percentagem que por lei são obrigados a ficar como garantia (10%) do depósito. Por exemplo, de 100 euros nossos depositados, o banco empresta 90 sem nada nos dizer. Contudo, nos seus computadores vai ficar registado o nosso depósito de 100 euros acrescido de mais 90 de crédito disponível, o que dá para as contas do banco 190 euros. Daí que sempre que um banco concede um empréstimo assistimos à ‘criação’ de dinheiro em cheque.

Por sua vez, quem pede emprestado ao banco, pega nesse cheque de 90 euros e vai com ele pagar ao prestador de serviços que lhe vendeu o que for. Por sua vez, o vendedor vai depositar esse cheque na sua conta. E o banco vai ficar com 90% desse valor e vai voltar a fazer o mesmo, emprestando-o a outro. E a outro, e a outro. E isto passa-se com todos os bancos.

 

Temos assim dois circuitos: um, entre a Reserva Federal e o Tesouro, que vão trocando I.O.U.s entre eles, usando os Bancos como intermediários, criando “dinheiro”; outro, pelos próprios Bancos através da utilização do mecanismo da reserva fracionada que lhes permite criar mais 90%.

Estes processos repetem-se vezes sem conta, enriquecendo os bancos e endividando o público pelo aumento da dívida nacional. O resultado final é um acumular de títulos de dívida na reserva Federal e um acumular de cheques no Tesouro.

É por este meio que o dinheiro em papel é criado. Ele não é “moeda” porquanto não pode ser trocado quer por ouro quer por prata. Ele não passa de uma quantidade de números, um cheque ou um recibo sobre um título de dívida que o governo tem intenção de pagar. O “dinheiro” é hoje um pedaço de papel emitido pela Reserva Federal em que está gravado “This Note is Legal Tender for all Debts, Private and Public”.

O sistema assim montado, para poder continuar a funcionar necessita criar cada vez maiores níveis de dívida. Equilibrar o orçamento e pagar todas as dívidas ou viver só com os nossos meios, acarretaria uma deflação que conduziria à destruição do sistema.

 

Explicando de novo:

1. O Governo Federal manda imprimir Títulos de Dívida Pública (I.O.U.).

2. Estes Títulos de Dívida Pública aumentam obviamente a nossa dívida nacional, que deverá ser paga pelo público.

3. Estes I.O.U.s são trocados com o Tesouro, que os vai vender (leilão) aos grandes Bancos, criando assim dinheiro.

4. Por sua vez, os grandes Bancos vão vender à Reserva Federal, com uma certa margem de lucro, esta nossa dívida nacional (notar que a maior parte destes bancos é, provavelmente, dona da Reserva Federal, como veremos).

5. A Reserva Federal, que não tem qualquer dinheiro, passa cheques seus, para comprar estes I.O.U.s, ou seja, passa novos I.O.U.s escritos como se fossem cheques sobre uma conta que tem um balanço de zero.

6. Depois entrega esses cheques aos bancos, que como por mágica, são transformados em dinheiro.

7. Este processo repete-se, originando um acumular de Títulos de Dívida na Reserva Federal e um acumular de cheques no Tesouro. O Tesouro depois deposita, distribui, estes “números” em papel, pelos vários organismos do Governo.

8. O Governo vai gastar estes cheques no cumprimento de compromissos e promessas feitas, em obras públicas, programas sociais, guerras, operações secretas. Os empregados do governo, as empresas contratadas, os militares, depositam os seus cheques nos bancos.

9. Os bancos, através da possibilidade legal que lhes foi dada, vão poder apropriar-se de 90% dos nossos depósitos e emprestarem, multiplicando assim o dinheiro dos cheques depositados com a invenção de mais títulos de dívida. Estes cheques e dinheiro são de novo depositados e nova porção é apropriada. Este processo é repetido vezes sem conta, aumentando exponencialmente a quantidade de cheques e dinheiro.

10. Entretanto o público, que é quem dá valor ao dinheiro criado, através do seu trabalho, tempo e esforço, vai de novo ser roubado quando tiver de pagar o Imposto sobre o Rendimento (IRS) que acabará por ser entregue ao Tesouro para que este pague com juros os Títulos de Dívida Pública que foram comprados pela Reserva Federal com um cheque a partir do nada.

 

Aclaremos um pouco mais o que se passa com um dos principais intervenientes no processo:

Aquilo a que se chama de Reserva Federal, que tem como finalidade regular todo o sistema financeiro, contrariamente ao que muitos possam julgar não é um organismo público. É uma empresa com acionistas, melhor, é uma corporação privada com donos. Conforme consta da Federal Reserve Act, Secção 7, (a) 1.A: “Depois de todas as despesas da banca da Reserva federal terem sido pagas ou providenciadas, os acionistas do banco terão direito a redimirem um dividendo anual de 6 por cento, pago em capital”.

Quem são os acionistas? Segredo!

Mais: a Reserva Federal não responde perante ninguém, não tem orçamento, não está sujeita a ser auditada e o Congresso não conhece nem supervisiona as suas operações.

A este propósito dizia Greenspan que isto era o pequeno preço que se teria de pagar para evitar “colocar a política monetária debaixo da influência de políticos sujeitos às pressões e à curta duração dos ciclos eleitorais”. Em compensação, se a RF for antes conduzida por experientes financeiros, como é o caso, ficará a coberto dessas flutuações populares, podendo assim servir a longo prazo a procura do bem-estar do público em geral.

O grande culpado acaba por ser o público pois, por causa das eleições, são eles que sujeitam os políticos a pressões e tentações. Ou seja, mesmo sem o saber, o público necessitaria da RF. Sem o controle da RF a tendência seria para porem a circular mais dinheiro, embaratecendo o dinheiro e criando inflação.

Mas pensemos: como é que o público poderia criar, “imprimir” mais dinheiro, quando apenas uma instituição (a RF ou os Bancos Centrais) o pode fazer? Se só eles o podem fazer, quem é responsável pela inflação?

 

Sobre todo este complicado, pouco percetivo e pouco transparente esquema/sistema, muitas e variadas explicações têm sido fornecidas, de maior ou menor complexidade, normalmente sempre com o intuito de deixar o leigo à porta, caraterística que se tem expandido por todos os capítulos das ciências contemporâneas. Tendo isto em vista, nada melhor do que socorrer-me de alguns notáveis do meio, economistas, financeiros e teóricos.

Vejamos o que eles opinam sobre este sistema:

 

Nenhuma geração tem o direito de contrair dívidas que não possam ser pagas durante o tempo da sua existência”, George Washington.

 

Por este processo o Governo pode secretamente e sub-repticiamente, confiscar a riqueza do povo, sem que um homem em cada milhão consiga detetar o roubo”, Keynes.

 

O moderno sistema bancário fabrica dinheiro a partir de nada. O processo constitui talvez o maior esquema de golpe de mão até hoje inventado (..) O sistema bancário foi concebido em iniquidade e nasceu em pecado. Os banqueiros são donos da terra. Mesmo que a retirem deles, se lhes deixarem o poder para criarem dinheiro e controlarem o crédito, num instante eles criarão de novo dinheiro para a voltarem a comprar. Mas se quiserem continuar a serem escravos do banqueiro e ainda por cima apagarem pelo custo da vossa própria escravidão, deixem-nos continuar a criar dinheiro e a controlar o crédito”, Sir Josiah Stamp, Diretor do Banco de Inglaterra.

 

Sugiro, para um mais completo conhecimento, a leitura do livro do Professor Murray Rothbard, The Case Against the FED.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub