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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(491) As máquinas do Juízo Final que continuamos a criar

Tempo estimado de leitura: 9 minutos.

 

A loucura nos indivíduos é algo raro; mas em grupos, partidos, nações e épocas, é a regra, Friedrich Nietzsche.

 

Trata-se da descrição detalhada de um grupo de pessoas que faziam planos para guerras nucleares com base num conceito completamente errado do que as bombas nucleares fariam.

 

É, acima de tudo, um relato sobre o desrespeito extravagante pela vida humana.

 

A Segunda Guerra Mundial foi um genocídio aéreo cometido pelas várias partes, Ellsberg.

 

 

 

 

Daniel Ellsberg (1931-2023) foi um economista e analista militar da RAND Corporation, mais internacionalmente conhecido pela publicação em 1971 do ultrassecreto estudo do Pentágono sobre os processos de tomada de decisão do governo norte-americano relativamente à Guerra do Vietname, os célebres Documentos do Pentágono, inicialmente publicados no The New York Times e no Washington Post.

Acontece que Ellsberg não retirou e copiou só essas 7.000 páginas que originaram os Documentos do Pentágono, mas um total de 15.000 páginas onde constavam as políticas de guerra nuclear dos Estados Unidos.

Dada a premência e o interesse sobre a guerra no Vietname então a acontecer e sua relação com o que viria a ser a impugnação do presidente Nixon, os primeiros documentos a saírem foram os relacionados com o Vietname. Vicissitudes várias fizeram com que a outra parte dos documentos só viesse a ser publicada em 2017, com o título de The Doomsday Machine: Confessions of a Nuclear War Planner.

Essencialmente, Ellsberg vai proporcionar-nos uma descrição detalhada sobre o que se passava dentro da Casa Branca e do Pentágono, onde um grupo de pessoas faziam planos para guerras nucleares com base num conceito completamente errado do que as bombas atómicas fariam (em que os resultados eram apresentados sem os cálculos de vítimas, e sem a ideia de ‘inverno nuclear’), e em relatos completamente fabricados sobre o que a União Soviética estava a fazer (acreditando que tinha 1.000 mísseis balísticos intercontinentais quando tinha quatro, e que estava a pensar em atacar quando estava a pensar defender-se), e em entendimentos extremamente errados sobre o que outros membros do próprio governo dos EUA estavam a fazer (com níveis de sigilo que negavam informações verdadeiras e falsas ao público e mesmo a grande parte do governo).

Ellsberg diz-nos que os seus próprios colegas de missão estavam tão motivados por rivalidades burocráticas e ódios ideológicos que, por exemplo, favoreceriam ou opor-se-iam a mais mísseis terrestres se isso beneficiasse a Força Aérea ou prejudicasse a Marinha, e planeavam que qualquer combate com a Rússia exigiria imediatamente a destruição nuclear de cidades na Rússia e na China (e na Europa através dos mísseis e bombardeiros soviéticos de médio alcance e das consequências próximas dos ataques nucleares dos EUA no território do bloco soviético).

É sua convicção que se combinarmos o relato dos nossos dirigentes máximos com o número de quase-acidentes por mal-entendidos e acidentes de que tomámos conhecimento ao longo dos anos, o que é notável é que a humanidade tenha sobrevivido e que ainda esteja aqui.

Decerta forma, pode-se dizer que o livro é um relato sobre o desrespeito extravagante pela vida humana, superando até o dos criadores da bomba atómica, que apostaram se esta iria inflamar a atmosfera e queimar toda a Terra.

 

Eis uma das histórias que Ellsberg narra, passada na Primavera de 1961, quando o Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Kennedy, McGeorge Bundy, pediu ao diretor militar do Estado-Maior Conjunto que enviasse à Casa Branca uma cópia do supersecreto Plano de Capacidades Estratégicas Conjuntas (PCEC) - o plano para execução imediata após o início da guerra nuclear com a Rússia.

O diretor do Estado-Maior Conjunto disse a Bundy “não podemos divulgar isto”.

“'Bundy disse: 'O presidente quer ler'.

“O diretor disse: ‘Mas nunca publicámos isso. Não posso.'"

“Bundy disse-lhe: ‘Não parece estar a ouvir-me. É o presidente que quer isto’”.

“'Vamos informá-lo sobre isso'.”

“Bundy disse: ‘O presidente é um grande leitor. Ele quer ler.”

 

Eventualmente, foi acordado que Bundy e o secretário da Defesa, Robert McNamara, seriam informados sobre o plano no Pentágono. Mas o que foi mostrado a estes altos funcionários que representavam o presidente foi apenas um “Informativo sobre o PCEC”, e não o plano em si.

Pouco tempo depois, Ellsberg, que tinha visto o plano real, teve a oportunidade de o comparar com o que foi mostrado aos representantes de Kennedy. Notou uma série de discrepâncias importantes, nomeadamente as que subestimavam a destruição que resultaria da execução do plano real de guerra nuclear.

Ellsberg quis saber quantas pessoas poderiam morrer na Rússia e na China num ataque nuclear dos EUA.  Fez a pergunta e foi autorizado a ler a resposta. Embora tenha sido uma resposta que ignorava o efeito do ‘inverno nuclear’ que provavelmente mataria toda a humanidade, e embora a principal causa de morte, o fogo, também tenha sido omitida, o relatório dizia que cerca de 1/3 da humanidade morreria.

 

A justificação oficial declarada para tal sistema”, escreve Ellsberg, “foi principalmente sempre a alegada necessidade de dissuadir – ou se necessário responder – um primeiro ataque nuclear russo contra os Estados Unidos. Esta lógica amplamente aceite é um engano deliberado. Dissuadir um ataque nuclear surpresa soviético – ou responder a um ataque deste tipo – nunca foi o único, nem sequer o principal objetivo dos nossos planos e preparativos nucleares. A natureza, a escala e a postura das nossas forças nucleares estratégicas sempre foram moldadas pelos requisitos de objetivos bastante diferentes: tentar limitar os danos causados ​​​​aos Estados Unidos pela retaliação soviética ou russa a um primeiro ataque dos EUA contra a URSS ou Rússia. Esta capacidade destina-se, em particular, a reforçar a credibilidade das ameaças dos EUA para iniciar ataques nucleares limitados, ou aumentá-los – EUA ameaça com ‘ataque preventivo’ (‘first use’) – para prevalecer em conflitos regionais, inicialmente não nucleares, envolvendo forças soviéticas ou russas ou seus aliados.

 

O que pressupõe, contrariamente ao que o vulgo tem sido levado a crer, que desde sempre os EUA ameaçaram com a utilização de armas atómicas?

 

"Os presidentes dos EUA”, diz Ellsberg, “usaram as nossas armas nucleares dezenas de vezes em ‘crises’, principalmente sem o público americano o saber (embora não os adversários). Usaram-nas da mesma forma que uma arma é usada quando apontada a alguém num confronto.”

 

Os presidentes dos EUA que fizeram ameaças nucleares públicas ou secretas específicas a outras nações, que conhecemos, e como detalhado por Ellsberg, incluíram Harry Truman, Dwight Eisenhower, Richard Nixon, George H.W. Bush, Bill Clinton e Donald Trump, enquanto outros, incluindo Barack Obama, disseram frequentemente coisas como “Todas as opções estão em cima da mesa” em relação ao Irão ou a outro país.

 

Tudo isto faz supor que pelo menos o botão nuclear está apenas nas mãos do presidente, e só ele pode usá-lo com a cooperação do soldado que transporta a “mala do código” e apenas com o assentimento de vários comandantes das forças armadas dos EUA.

 

Aliás, ainda recentemente, o próprio Congresso americano enfatizou tal perceção quando ouviu uma lista de testemunhas abalizadas dizerem que talvez não houvesse forma de impedir Trump ou qualquer outro presidente de iniciar uma guerra nuclear (isto quando se tentava perceber se o processo de impugnação e os outros deveriam ou não serem mencionados em relação a algo tão trivial como a prevenção do apocalipse).

Na realidade, acontece que o caso de apenas o presidente poder ordenar o uso de armas nucleares nunca esteve em consideração. A “mala dos códigos” é um adereço teatral. A crença popularucha no poder presidencial imperial representada na crença do botão nuclear exclusivo do presidente. Mas trata-se de uma crença falsa.

Ellsberg relata como foi dado a vários níveis de comandantes o poder de lançarem armas atómicas, porquanto todo o conceito de destruição mutuamente assegurada através de retaliação depende da capacidade dos Estados Unidos de lançarem a sua máquina do Juízo Final mesmo que o presidente esteja incapacitado. Aliás, os militares consideram os presidentes incapacitados pela sua própria natureza, mesmo quando estão vivos e de boa saúde, e acreditem, por isso, que é prerrogativa dos comandantes militares pôs fim à situação.

O mesmo foi e provavelmente ainda é verdade na Rússia, e é provavelmente verdade no número crescente de nações nucleares. Eis Ellsberg:

 

 “Nem poderia o presidente naquela altura ou agora - pela posse exclusiva dos códigos necessários para lançar ou detonar qualquer arma nuclear (nenhum destes códigos exclusivos foi alguma vez detido por qualquer presidente) - impedir física ou de outra forma de forma fiável o Estado-Maior Conjunto ou qualquer comandante militar do teatro de operações (ou, como descrevi, oficial de serviço do posto de comando) de emitir tais ordens autenticadas.”

 

Quando Ellsberg informou Kennedy sobre a autoridade que Eisenhower tinha delegado para utilizar armas nucleares, Kennedy recusou-se a reverter a política.

 

Ellsberg relata os seus esforços para sensibilizar as autoridades civis, o secretário da defesa e o presidente, para os principais planos de guerra nuclear mantidos em segredo e sobre os quais os militares mentiram. Esta foi a sua primeira forma de denúncia: contar ao presidente o que os militares andavam a fazer.

 

Aborda também a resistência oferecida por alguns militares a algumas das decisões do Presidente Kennedy. Aliás, quando se tratava de política nuclear, ela já estava em vigor antes de Kennedy chegar à Casa Branca. Os comandantes de bases distantes que muitas vezes perdiam comunicações entendiam que tinham o poder de ordenar que todos os seus aviões, carregando armas nucleares, levantassem voo simultaneamente na mesma pista em nome da celeridade. Todos estes aviões deveriam partir para cidades russas e chinesas, sem qualquer plano coerente de sobrevivência para cada um dos outros aviões que cruzavam a área. Os Dr. Strangelove da realidade.

Foi assim que Ellsberg também descobriu que os procedimentos nucleares dos EUA não incluíam ordens pré-planeadas para transmitirem às forças a não execução das ordens de ataque previamente comunicadas. Devido às condições atmosféricas na região do Pacífico, as comunicações rádio eram frequentemente interrompidas durante longos períodos. Pelo que os pilotos que estavam a voar em direção aos alvos não seriam capazes de saber que o que estavam a fazer era um alarme falso ou que as circunstâncias tinham mudado e não deveriam continuar a lançar as bombas sobre os seus alvos.

 Ellsberg perguntou ao comandante de um esquadrão aéreo nuclear sediado perto da zona desmilitarizada entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul o que achava que os seus pilotos fariam numa situação destas. O comandante admitiu que se um piloto prosseguisse em direção ao seu alvo, os outros fariam o mesmo. Os líderes políticos em Washington não faziam a mínima ideia de nada disto.

 

 

O relato de Ellsberg sobre a crise dos mísseis de Cuba, constitui outro ponto de interesse. Os conselheiros militares do Presidente Kennedy pressionavam-no fortemente para que conduzisse ataques aéreos massivos e depois invadisse Cuba, para forçar a União Soviética a remover os mísseis balísticos com capacidade nuclear que estavam a utilizar e a retirar Fidel Castro do poder. Kennedy foi ainda informado que apenas 8.000 militares soviéticos estavam na ilha para se defenderem de uma invasão; contudo, o número real era superior a 42.000

Mas esses conselheiros e as autoridades norte-americanas não sabiam que os soviéticos já tinham implantado armas nucleares tácitas na ilha e que o comandante geral soviético local tinha sido autorizado a utilizá-las para impedir uma invasão americana.

As autoridades americanas também não sabiam que os submarinos soviéticos da classe Foxtrot continham torpedos com ogivas nucleares e que, quando os navios americanos lançaram cargas de profundidade sobre estes submarinos, acreditando que as tripulações soviéticas entenderiam que se tratava de um aviso para que emergissem; só que as tripulações soviéticas pensavam era que estavam sob ataque e que, portanto, podiam utilizar as suas armas nucleares.

 

Para Ellsberg, tanto Kennedy como Khrushchev teriam aceite qualquer acordo em vez da guerra nuclear, mas ambos pressionaram por um melhor resultado até estarem à beira do precipício.

Assim, quando um militar cubano de baixa patente abateu um avião dos EUA, para os EUA tratava-se de obra de Fidel Castro sob ordens diretas estritas de Khrushchev. Por seu lado, Khrushchev também acreditava que era obra de Castro. Mas também sabia que a União Soviética tinha colocado 100 armas nucleares em Cuba, com os comandantes locais autorizados a utilizá-las contra uma invasão. Khrushchev percebeu que assim que fossem utilizadas, os Estados Unidos poderiam lançar um ataque nuclear à Rússia, pelo que se apressou a declarar que os mísseis abandonariam Cuba.

Segundo Ellsberg, o verdadeiro herói da história, para além de Vassily Arkhipov, o comandante soviético que se recusou a lançar um torpedo nuclear a partir do seu submarino, é Nikita Khrushchev, que escolheu passar por vergonha pessoal em vez de optar pela aniquilação. Não que fosse um homem que gostasse de aceitar insultos. O que nunca pensou foi que viesse a ser chamado de “Pequeno Homem Foguete” (Little Rocket Man).

 

Mas a questão que ultimamente mais preocupava Ellsberg era a do “inverno nuclear”. Desde a década de 1980, quando o potencial fenómeno foi identificado pela primeira vez, os cientistas atmosféricos concluíram que a poeira, o fumo e a fuligem produzidos pela explosão e pelas tempestades de fogo causadas pela detonação de 100 armas nucleares no Sul da Ásia ou outras possíveis zonas-alvo provavelmente subiriam para a estratosfera e cercariam o Globo.

Isto criaria um cobertor que bloquearia a maior parte da luz solar em torno da Terra durante cinco a dez anos e esgotaria o ozono global para níveis sem precedentes. De acordo com um estudo realizado por eminentes climatologistas em 2017, isto “causaria uma perda de alimentos sem precedentes, esgotando o armazenamento global de alimentos num ano, e não poderia ser compensada, uma vez que a perda continuaria por uma década”.

Felizmente, ninguém conduziu uma experiência que pudesse provar ou refutar os modelos, tal como ninguém conduziu uma experiência para ver se a guerra nuclear poderia ser mantida limitada.

 

Praticamente ninguém nos círculos oficiais ou de especialistas dos EUA, da Rússia e da China fala sobre isto ou sequer o considera nos inúmeros debates políticos sobre armas nucleares e políticas operacionais. Ellsberg, juntamente com muitos cientistas atmosféricos, defende que a ciência é suficientemente plausível, que todos os governos que possuam estas armas deveriam ser questionados sobre como os seus arsenais nucleares e planos de guerra podem ser justificados à luz do risco de um inverno nuclear.

 

Ellsberg sugeriu uma série de medidas que os EUA e a Rússia poderiam, ou deveriam, tomar para reduzir o tamanho dos seus arsenais nucleares e a sua importância na doutrina e no planeamento militares. Apela ainda aos países mesmo com relativamente pequenos arsenais nucleares, como a Índia e o Paquistão, para que reconheçam e atuem sobre os perigos do inverno nuclear que os seus arsenais nucleares representariam se fossem detonados nas grandes cidades dos seus países.

E conclui que os EUA e a Rússia iniciaram a competição nuclear global sem saberem dos efeitos ambientais suicidas que até os “vencedores” da guerra nuclear iriam experimentar. Perfeita máquina do Juízo Final.

 

 

A segunda parte do livro de Ellsberg inclui uma visão da história do desenvolvimento do bombardeamento aéreo e da aceitação do massacre de civis como sendo algo diferente do assassinato que era amplamente considerado antes da Segunda Guerra Mundial.

Ellsberg começa por nos contar a história habitual de que primeiro foi a Alemanha que bombardeou Londres, e só apenas um ano depois é que os britânicos bombardearam civis na Alemanha. Mas depois descreve um bombardeamento britânico, mais cedo, em maio de 1940, como vingança pelo bombardeamento alemão de Roterdão. É claro que a Alemanha já tinha bombardeado civis em Espanha e na Polónia, tal como a Grã-Bretanha o fizera no Iraque, na Índia e na África do Sul, e ambos os lados, em menor escala, na Primeira Guerra Mundial. Ellsberg relata assim a escalada do jogo de culpas antes do blitz em Londres:

 

Hitler estava a dizer: ‘Pagaremos de volta cem vezes mais se continuar com isto. Se não parar este bombardeamento, atingiremos Londres.» Churchill continuou os ataques e, duas semanas depois do primeiro ataque, a 7 de setembro, começou o Blitz – os primeiros ataques deliberados a Londres. Este foi apresentado por Hitler como a sua resposta aos ataques britânicos a Berlim. Os ataques britânicos, por sua vez, foram apresentados como uma resposta ao que se acreditava ser um ataque deliberado da Alemanha a Londres.”

 

A Segunda Guerra Mundial, segundo Ellsberg, foi um genocídio aéreo cometido pelas várias partes. A ética que aceita isso permanece connosco desde então.

 

A 18 de julho de 2024 deu-se uma pequena falha (apagão) que afetou todos os sistemas de computadores do globo que os nossos donos se apoiam para nos governar. Tranquilos: está tudo controlado, não volta a acontecer. Voltamos a criar uma nova máquina do Juízo Final.

 

 

Nota:

Fez a 6 de agosto de 2024, 79 anos que a “Primeira bomba atómica atingiu Hiroxima”.

 

 

 

Recomendações:

 

Blog de 7 de dezembro de 2016, “Os Últimos dos homens”.

Blog de 19 de março de 2017, “Matar, mas com ética

Blog de 22 de maio de 2019, “Polícias no ar, avestruzes no chão”.

Artigo de 2 de agosto de 2024, “The Great Global Computer Outage Is a Warning We Ignore at Our Peril”.

Artigo de 1 de agosto de 2024, “79 Years After Hiroshima & Nagasaki: A Grim Reminder of Nuclear Annihilation”.

 

 

 

 

 

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