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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(488) Avestruz escondida com o rabo de fora

Tempo estimado de leitura: 2+6 minutos.

 

A existência só tem significado quando por “nós” for apercebida.

 

A maneira inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro de opiniões aceitáveis, mas permitir um debate muito vivo dentro desse espectro limitado, Noam Chomsky.

 

Porque é que a Índia compra agora várias vezes mais petróleo e outros bens à Rússia do que comprava antes da guerra na Ucrânia?

 

Todos os países têm o dever de respeitar os direitos humanos, independentemente da raça, género, língua ou religião, Carta da ONU.

 

 

 

Há muito que se diz que o povo acredita que a avestruz, quando perante um inimigo, esconde a cabeça na areia, porque assim, ao deixar de ver o inimigo é como se ele tivesse desaparecido. Em sentido idêntico usamos a expressão do “gato escondido com o rabo de fora”, em que ele por não nos ver julga que está escondido deixando, contudo, o rabo de fora à vista.

Mais elaboradamente, filosofámos sobre a questão que é o “existir”, que é o verdadeiro problema. E tanto fomos pensando que acabámos por distinguir entre existência e significado, chegando à conclusão que a existência só tem significado quando por “nós” for apercebida. Exemplo clássico é o do planeta Plutão, que só em 1930 foi descoberto: até essa data, ele existia, mas como ninguém tinha disso conhecimento, era como se não existisse.

Esta aprendizagem foi rapidamente transportada para a “nossa” vida prática, dando lugar a estudos que confirmaram que a repetição de um motivo, conceito, o que for, leva-nos a aceitar tudo isso que nos é repetidamente dito, visto, mostrado, como sendo o correto para a sociedade em que vivemos. Possivelmente, por o cérebro ser preguiçoso, sempre pronto a aceitar o mais fácil, por desígnio providencial ou por qualquer outra razão que os donos da IA nos acabarão por convencer.

Aplicando este mesmo princípio da venda de produtos (é sempre disso que se trata) ao contrário, ou seja, ignorando completamente a concorrência, reduzindo-a a menos que zero, negando-lhe a existência, é outra das formas para que os nossos produtos se acabem por impor. Não compras o que te não é mostrado. Mesmo que exista, não tem significado.

Mas, a sociedade em que vivemos, pioneira e herdeira desses conhecimentos, tem ainda uma outra maneira muito mais sofisticada para alcançar os mesmos fins, segundo Noam Chomsky:

 

A maneira inteligente de manter as pessoas passivas e obedientes é limitar estritamente o espectro de opiniões aceitáveis, mas permitir um debate muito vivo dentro desse espectro limitado —   encorajar mesmo até as opiniões mais críticas e dissidentes. Isso dá às pessoas a sensação de que existe um pensamento livre, ao mesmo tempo que os pressupostos do sistema saem reforçados pelos limites impostos à amplitude do debate.”

 

 

 

No mesmo dia (8 de julho) que se iniciou em Washington a Conferência para comemorar os 75 Anos da OTAN, o Primeiro Ministro da Índia, Narendra Modi, iniciava conversações em Moscovo com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, com uma agenda onde discutiram não apenas as trocas comerciais e os investimentos mútuos, mas a utilização de sistemas de pagamento nas suas próprias moedas.

Após a maior parte dos Bancos russos, a seguir à invasão da Ucrânia em 2022, terem sido excluídos de usar o sistema financeiro belga de mensagens (SWIFT), é cada vez maior número de países que manifesta reservas relativamente ao SWIFT, e isto porque se tornou óbvio que se tratava de uma tentativa para isolar a Rússia do resto de sistema financeiro internacional feito de acordo com os desejos de dominação dos EUA, o que constituía um atentado contra a independência do sistema, o que poderia vir a possibilitar que o mesmo possa a vir ser aplicado “aleatoriamente” (sempre que os EUA o quisessem) a qualquer um dos participantes.

Entende-se as preocupações de Modi. Mas, as declarações de Modi para acelerar a criação de um sistema de pagamentos com base nas suas próprias moedas, veio também demonstrar a falsidade da tese do isolamento da Rússia, e mais, que a Índia que muitos pensavam estar no bolso dos EUA, tinha um pensamento e posicionamento próprio anti hegemónico.

Se a isto juntarmos os acordos sobre desenvolvimento e produção conjunta de armamento, petróleo, fertilizantes, centrais nucleares, exatamente numa altura em que do outro lado, em Washington, se desenvolvia uma conferência tendo como alvo a derrota da Rússia na guerra da Ucrânia, não espanta que alguns estudiosos considerem que se está num novo período de relações entre a Rússia e a Índia.”

Veja-se a declaração que Modi proferiu na cerimónia no Grande Palácio do Kremlin, após ser agraciado com a Ordem de St André, o Apóstolo:

 

A nossa relação é extremamente importante não só para os nossos dois países, mas é também de grande importância para o mundo inteiro. No atual contexto global, a Índia e a Rússia, bem como a sua parceria, assumiram uma nova importância. Ambos estamos convencidos de que são necessários mais esforços para garantir a estabilidade e a paz globais. No futuro, continuaremos a trabalhar em conjunto para atingir estes objetivos.”

 

E a declaração conjunta de Putin-Modi, para nos apercebermos da importância das relações militares e do seu progresso:

 

Respondendo à procura da Índia pela autossuficiência, a parceria está atualmente a reorientar-se para a investigação e desenvolvimento conjuntos, codesenvolvimento e produção conjunta de tecnologia e sistemas de defesa avançados. As Partes confirmaram o compromisso de manter a dinâmica das atividades conjuntas de cooperação militar e de alargar o intercâmbio de delegações militares.”

 

 

Como todas estas coisas não são fortuitas ou pensamentos de ocasião, recomendo a leitura do importante discurso de  Sergey Lavrov, no X Fórum Internacional  “Leituras de Primakov”, a 26 de junho em Moscovo. Aqui deixo as respostas por ele dadas, relativamente às relações com a Índia:

 

“[…] Pergunta: O primeiro-ministro da Índia [Narendra] Modi chegará a Moscovo dentro de alguns dias, no dia 8 de julho. Quão importante é isso para a Rússia?

Também ouvi dizer, aqui nas “Leituras de Primakov”, bem como noutros locais em Moscovo, que vocês acreditam, que a Rússia acredita que a Índia está a inclinar-se muito mais para os Estados Unidos. Assim, quero ouvir o que tem a dizer sobre este assunto. E também, embora também o ouça, e o senhor próprio, há poucos minutos falou sobre a Rússia e a China e a sua parceria muito estreita com a China, tenho um pensamento que me vem à cabeça, que é o de que nos últimos anos, a relação económica EUA-China aumentou realmente. O comércio entre os EUA e a China, o comércio entre a China e a União Europeia só tem aumentado, especialmente à medida que saímos da pandemia. Ora, o que é que isto significa para a relação entre a Rússia e a China? Tem consciência disso – bem, claro que está, mas – como encara esta parceria crescente entre a China e os seus parceiros no Ocidente?

 

Sergey Lavrov: Está a pedir-me que partilhe a nossa visão sobre a situação no triângulo Rússia-Índia-China.

 

A visita do Presidente indiano Narendra Modi enquadra-se perfeitamente na nossa linha estratégica de política externa. A Índia é um dos nossos parceiros prioritários e a nossa relação está devidamente qualificada em documentos bilaterais oficiais. Inicialmente documentada como uma parceria estratégica, foi posteriormente redefinida como uma parceria estratégica privilegiada em resposta à proposta dos nossos amigos indianos. Mais tarde ainda, também por iniciativa de Nova Deli, as relações bilaterais foram elevadas ao nível de uma parceria estratégica especial e privilegiada. Gostaríamos que este termo, esta fórmula continuasse a descrever a essência do nosso trabalho conjunto e interação.

 

A Índia é um dos nossos parceiros estratégicos mais antigos. Estabelecida quando o país conquistou a independência, a nossa interação continuou enquanto a Rússia ajudava a desenvolver o Estado, a economia e as forças armadas indianas, e fazia todos os esforços para ajudar a aliviar as tensões entre a Índia e o Paquistão.

 

Referi hoje que, se considerarmos um período mais recente, foi na verdade ideia de Yevgeny Primakov que o triângulo Rússia, Índia e China (RIC) se deveria tornar o símbolo do mundo multipolar e o seu núcleo. No entanto, houve pouca menção ao RIC após a inauguração do BRICS, porque o BRICS é certamente uma entidade muito mais impressionante. Mas, por mais estranho que possa parecer, a arquitetura de intercâmbios do RIC continuou a funcionar, incluindo as reuniões dos ministros dos Negócios Estrangeiros. Na verdade, reunimo-nos cerca de 20 vezes, mas o nosso trabalho conjunto abrandou um pouco nos últimos tempos – primeiro devido à situação do coronavírus e, mais tarde, aos problemas bem conhecidos na fronteira entre a Índia e a China.

 

Ainda achamos ser muito mais útil conversarmos em momentos tão tensos. Há cerca de um ano, propusemos a criação de um formato RIC trilateral. Recentemente, revisitámos novamente a ideia. Mas até agora, os nossos amigos indianos acreditam que a situação fronteiriça tem de ser totalmente resolvida primeiro. Nós entendemos. De qualquer modo, tanto Pequim como Nova Deli demonstram um claro interesse em preservar o formato de cooperação trilateral. Estou certo de que cada um dos três beneficiará da elaboração de abordagens partilhadas e da tomada de posições alinhadas sobre questões-chave da agenda euro-asiática e global.

 

Aponto sem rodeios que o Ocidente quer que aconteça exatamente o contrário. O Ocidente procura impedir que o RIC reforce a sua solidariedade e negoceie a partir de uma posição partilhada. O Ocidente quer-nos em desacordo porque pode tirar partido disso.

 

Referiu que a China está a aumentar o comércio com o Ocidente, com os Estados Unidos. Na verdade, a China está agora a reduzir gradualmente as suas reservas cambiais denominadas em dólares. No entanto, estes são aspetos técnicos. Podemos discuti-los separadamente mais tarde. É também óbvio que os Estados Unidos estão a tentar arrastar a Índia para o seu projeto anti China. Toda a gente sabe a que estou me referindo.

 

Conversei muito com o meu colega e amigo indiano, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar. Os jornalistas perguntaram-lhe repetidamente porque é que a Índia compra agora várias vezes mais petróleo e outros bens à Rússia do que comprava antes da guerra na Ucrânia. Ele sempre respondeu publicamente que, caros amigos, é melhor contarem o dinheiro nos vossos próprios bolsos e observarem a quantidade de petróleo russo que estão a comprar. Permita-me responder pelo meu país. É importante fazer o que é melhor para a nossa economia. Se todos neste planeta adotassem esta abordagem, penso que a pressão de Washington nunca alcançaria os resultados que por vezes consegue.

 

No que diz respeito ao comércio da China, tanto a China como a Índia (sejamos sinceros) querem ver a situação económica global acalmar, mas não estão dispostas a questionar os fundamentos e os mecanismos da globalização que foram estabelecidos pelos americanos, ou o papel do dólar, no qual muitos ainda estão dispostos a confiar. Os pagamentos que cobrem 90% do nosso comércio com a China são feitos em rublos ou yuans. Cerca de 60% do comércio com a Índia é liquidado em moedas nacionais. Esta é uma escolha séria. Tanto a República Popular da China como a Índia estão muito mais profundamente envolvidas no sistema ocidental de globalização em termos do volume de acordos financeiros, de investimento e comerciais e de muitas outras coisas. Mas a verdade é que, tal como nós, a República Popular da China e a Índia estão plenamente conscientes da natureza discriminatória daquilo que o Ocidente está a fazer.

 

Citei exemplos de como vocês, os chineses ou outros membros do BRICS não estão autorizados a assumir posições no FMI que refletissem o peso económico e financeiro real dos seus respetivos países, e como a OMC tem bloqueado durante 13 anos a operação de um órgão que foi criado especificamente para julgar litígios e proferir decisões justas.

 

Não tenho dúvidas de que, tal como a maioria dos outros países, a China e a Índia estão plenamente conscientes disso. Não estamos a pedir à Índia que reveja as suas prioridades de política externa. Aquele país quer alcançar resultados mutuamente benéficos nos seus contactos com todos os países. Nós também queremos isso. Uma vez que fomos trazidos para este sistema. Depois, em resposta aos nossos alertas de longa data sobre a política falaciosa e trágica que procura expandir a NATO e nela envolver a Ucrânia. Não nos restou outra escolha senão iniciar uma operação militar especial para garantir a nossa segurança, os nossos interesses fundamentais e a segurança das pessoas cujos antepassados ​​viveram em Donbass e Novorossiya durante séculos, à medida que desenvolviam estas terras e construíam cidades, fábricas, portos e navios. Alguém lá fora queria apagar tudo isto.

 

Seria negligente se não encerrasse a discussão da questão da Ucrânia com o que o Ocidente está agora a dizer sobre tudo o que surgiu recentemente, incluindo a conferência suíça, e depois outra conferência. Vários países árabes estão a tentar organizar um novo “khural”. Vá em frente e leia o que têm a dizer sobre todos os que respeitam os direitos internacionais, a Carta das Nações Unidas e a integridade territorial da Ucrânia. Porquê apenas integridade territorial? Já abordei o direito das nações à autodeterminação. Há muito que se discute a harmonização dos princípios da integridade territorial e do direito de uma nação à autodeterminação. Em 1970, após anos de conversações, a Assembleia Geral adotou, por unanimidade, a Declaração sobre Relações Amistosas, um documento de várias páginas. A parte em causa diz que todos os países têm o dever de respeitar a integridade territorial dos países cujos governos respeitam o princípio da autodeterminação dos povos e representam todo o povo pertencente ao território.

 

Estou farto de trazer este assunto à tona em vários eventos públicos. Aqueles que chegaram ao poder após o golpe disseram que a língua russa seria abolida e declararam os residentes da Crimeia e do Donbass como terroristas. Considerando isto, será que o “governo” ucraniano formado pelos golpistas representava os interesses do povo do leste da Ucrânia? Claro que isso não aconteceu. Tenhamos em mente o facto de que, desde então, a Ucrânia aprovou leis que proibiram tudo o que é russo, incluindo a educação e os meios de comunicação em língua russa. Os eventos culturais foram proibidos. Mesmo numa situação quotidiana como é o fazer compras, um vendedor, se assim o desejar, pode denunciá-lo se falar russo com ele. Digo isto para deixar claro que todos aqueles conspiradores que fervilham pela Ucrânia estão a apelar a todos para que respeitem a Carta das Nações Unidas, mas concentram-se exclusivamente na integridade territorial, deixando de fora as questões que acabei de mencionar. Também não incluem o artigo 1.º da Carta sobre os direitos humanos, que é tão apreciado por aqueles que lideram estas reuniões na Ucrânia.

 

Isto está a ser dito num contexto que eles consideram absolutamente inaceitável. Afirma que todos os países têm o dever de respeitar os direitos humanos, independentemente da raça, género, língua ou religião. Isto também faz parte da Carta da ONU. Poucas pessoas pensam sobre isso. As questões de língua e religião são como uma faca na garganta do Ocidente. Ocasionalmente, temos contactos informais com politólogos. Tentaram vender-nos a ideia de parar a guerra e explorar o cenário coreano. Os nossos politólogos perguntaram-lhes o que aconteceria se, em teoria, se chegasse a um compromisso sobre o fim das hostilidades. O que se faria em relação às leis na Ucrânia que determinam a destruição de tudo o que é russo e glorificam os nazis? A resposta deles foi bastante reveladora. Disseram que não iriam interferir nos assuntos internos do Estado ucraniano, o que significa que os nazis teriam licença para continuar a destruir tudo o que fosse Rússia.

 

Isto significa que os países que são convidados, ou melhor, atraídos, a participar em tais reuniões deveriam colocar tais questões. Muitos dos nossos amigos estão lá. Alguns estão presentes apenas para se verem livres do assédio dos organizadores e não lhes é pedido que imponham sanções à Rússia, o que não estão dispostos a fazer e nunca farão. Outros vão para lá com o desejo sincero de colocar o processo de volta nos carris. Dizem que não adotarão nada sem a Rússia e recusam-se a assinar o que quer que seja. Tudo isto mostra a natureza importante dos desenvolvimentos em curso e o facto de a Maioria Global compreender que se trata de uma questão de princípio.

 

Gostaria de aproveitar esta oportunidade para vos encorajar a ir lá da próxima vez que forem convidados, mas façam-lhes estas perguntas sobre os princípios da Carta da ONU, que o Ocidente e, por razões óbvias, a junta nazi de Kiev, estão a ignorar descaradamente. […]”

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