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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(464) Mussolini e as mulheres

Tempo estimado de leitura: 7 minutos.

 

Os Antechinus sacrificam o sono para terem todo o sexo possível.

 

As mulheres são o que os homens querem que sejam: para mim a mulher é um agradável parêntesis na minha existência sobrecarregada, Mussolini.

 

A multidão é feminina, faz-lhe falta alguém que a saiba seduzir, submete-la, dominá-la. As massas não sabem e não querem pensar, o único que necessitam é poderem suspender a sua incredulidade, Mussolini.

 

Apeteceu-me. Não é crime. Estive 12 minutos com ela … foi uma coisa rápida. Que importância tem? Foi como quando faço amor com a minha mulher, Mussolini.

 

 

 

 

Segundo um estudo da Universidade de La Trobe em Melburne (Austrália) publicado na Current Biology de 25 janeiro de 2024, há um grupo de pequenos marsupiais (Antechinus swuaisoni e A. agilis) que habitam na Austrália e na Tasmânia em que todos os machos acabam por morrer após a época de acasalamento.

O que se passa é que durante essa época (três semanas), os machos não querem perder tempo a dormir, copulando com todas as fêmeas possíveis durante 12 a 14 horas por dia. Os que menos dormirem serão aqueles que terão maior êxito. Sacrificam o sono para terem todo o sexo possível. Chegados ao fim do período morrem por falta de sono, esgotados.

 

 

A ideia que Mussolini tem sobre as mulheres é bem expressa numa entrevista que deu ao Le Figaro em 1927:

 

As mulheres são o que os homens querem que sejam: para mim a mulher é um agradável parêntesis na minha existência sobrecarregada […]. Quanto mais viril e inteligente é um homem, menos falte lhe faz uma mulher que seja parte integral de si mesmo.”

 

É por isso que considerava a multidão como sendo feminina:

 

“A multidão é feminina, faz-lhe falta alguém que a saiba seduzir, submete-la, dominá-la. As massas não sabem e não querem pensar, o único que necessitam é poderem suspender a sua incredulidade […].”

 

Ou, dado o número (600) de amantes que lhe atribuíam, talvez fossem as mulheres a multidão. Ele mesmo se vangloriava de se ‘deitar’ com até quatro mulheres ao dia, numa rotina controlada pelo seu secretário pessoal, que as conduzia para a Sala Mapamundi do Palazzo Venezia em Roma (onde quase de imediato entrava Mussolini, vestido e com as botas calçadas, realizava com elas o ato sexual sobre as almofadas ou sobre a mesa) ou para a Sala do Zodíaco, mais romântica, se já eram useiras.

Todo isto ao mesmo tempo que mantinha relações mais permanentes com outras mulheres em que todas sabiam umas das outras. Algumas dessas companhias mais importantes, além das duas esposas Ida Dalser e Rachele Guidi, foram Margherita Sarfatti, Bianca Ceccato, Angela Curti Cucciati, Magda Brard, Alice De Fonseca Pallottelli, Romilda Ruspi e Clara Petacci.

 

Clara Petacci, a última das suas amantes (que com ele morreu) escreveu no seu diário (de 1932 a 1938) que para Mussolini era "inconcebível dormir com uma só mulher": "Houve um tempo em que tinha 14 mulheres e tomava três ou quatro por noite, uma atrás da outra... isso dá-te uma ideia da minha sexualidade".

Em abril de 1938, Petacci apanhou-o na cama com Alice de Fonseca Pallottelli e isso motivou uma discussão. "Está bem, eu fiz", admitiu. "Não a via desde o Natal. Apeteceu-me. Não é crime. Estive 12 minutos com ela". "24", corrigiu Petacci. "Está bem, 24 minutos, foi uma coisa rápida. Que importância tem? Foi como quando faço amor com a minha mulher."

Vinte e oito anos mais nova que Mussolini, era filha de um médico pessoal do Papa, tornou-se amante de Mussolini em 1936, após o seu marido ter sido nomeado Adido Aeronáutico em Tóquio. Faleceu a 28 de abril de 1945 quando se atirou para a frente de Mussolini a fim de evitar que este fosse morto pelas balas dos partisans após terem sido capturados na sua fuga para a Alemanha.

 

Ida Dalser, filha de um presidente de câmara, estuda cosmética médica em Paris, e abre um salão de beleza em Milão. Os primeiros encontros com Mussolini dão-se em 1909, e quando em 1914 Mussolini é despedido do Avanti! passa a ser ela a sustentá-lo desde então (vende o seu salão de beleza para financiar o jornal de Mussolini). Nesse ano casam, nascendo-lhes um filho em 1915, Benito Albino Mussolini.

Com o avançar da carreira política de Mussolini e para não dar escândalo, Ida Dalser e o filho são postos debaixo de vigilância policial, na tentativa de eliminar todos os traços da relação (certidão de casamento, filiação, etc.). Como ela persistiu em denunciar publicamente a situação, acabou por ser internada em Caserta, acabando por morrer na Ilha de San Clemente (Veneza) em 1937, constando “hemorragia cerebral” na certidão de óbito.

O filho é sequestrado por agentes governamentais, e é-lhe dito que a mãe morrera. Em 1931 é adotado por um ex-chefe de polícia fascista, entrando mais tarde para a Marinha Real Italiana. Como persistiu em dizer que era filho de Mussolini, acabou por ser internado no asilo de Mombello, Milão, onde morreu em 1942 após lhe terem sido repetidamente dadas injeções para induzir coma.

 

Rachele Guidi, nasceu em Predappio, Romagna, numa família camponesa, filha de Agostino Guidi e Anna Lombardi. Após a morte do pai, a mãe tornou-se amante de Alessandro Mussolini, pai de Benito Mussolini. Em 1910, Rachele passa a andar com Mussolini, que no entretanto se casa em 1914 com Ida Dalser. Mas em 1915, a 17 de dezembro, Rachele vai também casar numa cerimónia civil com Mussolini. Ao saber disso, Ida passou a perseguir Mussolini exigindo que ele a reconhecesse como a sua mulher legítima, bem como o seu filho.

Em 1925, Rachele e Mussolini, renovam os votos numa cerimónia religiosa (Mussolini pretendia as boas graças do Vaticano). Logo após o fim da Guerra, Rachele tenta sair de Itália, mas é presa em abril de 1945 e entregue ao Exército dos EUA, permanecendo alguns meses na ilha de Ischia. Finalmente liberta, regressa à sua vila natal onde dirigiu um restaurante até à sua morte em 1979, com 89 anos.

Eis o que escreveu Antonio Scurati:

 

Dá-me-a! Senão me a dás, aqui tenho seis balas: uma para ela, as outras cinco para mim.”

Ela, era a filha da nova mulher do seu pai. Queria-a para ele. Desejava com furor essa camponesa semianalfabeta de dezoito anos, a última de cinco irmãs, cheia como um ovo duro, que, após a sua mãe ter ficado viúva, passara a infância na miséria. Queria-a para ele, por isso agarrou o braço da sua promessa de gozo ilimitado, arrastou-a para Forli, para a rua Giove Tonante, frente à placa da taberna que exploravam juntos Alessandro Mussolini e Anna Guidi e, sacando de um velho revólver, exigiu que lhe a dessem, debaixo da ameaça de a matar e de depois se suicidar. Os seus progenitores, o seu pai e a mãe dela, aceitaram. Ele levou-a então triunfalmente para um modesto apartamento no número 1 da rua Merenda e possuiu-a cada vez que quis, dia e noite. Agora era sua. Sem formalidades, sem papéis selados, sem limites. Sem qualquer Deus. Nada de bodas, nada de sacerdotes, nada de certificados de estado civil para uns socialistas anarquistas como eles. Só amor livre. Só ardor.

Passaram nove meses e Rachele pariu a primeira filha, a filha da miséria. Batizaram-na com o nome de Edda e, também neste caso, o ídolo dos socialistas revolucionários da federação de Forli se tinha negado a contrair matrimónio legal para o bem da filha, para com isso evitar reconhecer a autoridade do estado burguês. […]”

 

Margherita Sarfatti, rica herdeira veneziana judia, muito culta, colecionadora e brilhante crítica de arte, adere ao Partido Socialista tornando-se em 1909 crítica de arte do diário Avanti!, onde conhece Benito Mussolini. Tornam-se amantes e é ela que a partir de 1912 vai ajudar a polir a imagem pública de Mussolini de tosco agitador político das revoltas provinciais aos salões da alta sociedade. Acompanha Mussolini em direção ao movimento Fascista, ajudando inclusivamente a planear a Marcha sobre Roma em 1922. Como madrinha do novecento italiano, esforça-se por dar ao regime fascista uma arte moderna e de estado, e a si mesma um poder «ditatorial» no âmbito cultural.

Em 1925 publica em edição em inglês uma biografia de Mussolini, The life of Benito Mussolini, que sai em 1926 em italiano com o título, Dux.

 Converte-se ao catolicismo em 1928 e defende Mussolini contra as acusações de antissemitismo, afirmando que ele nunca seguiria as políticas antissemíticas de Hitler. Mas em 1938 é publicado “O Manifesto da Raça” primordialmente composto por Mussolini, condenando a corrupção da raça ariana italiana motivada pelos casamentos mistos com judeus. Resolve sair de Itália, ruma à Argentina via Suiça (onde deixa as cartas que Mussolini lhe escrevera), só regressando em fins de 1947 para a sua residência, onde acaba por falecer em 1961.

Eis uma das cartas de Benito Mussolini a Margherita Saratti, sem data, entre 1919 e 1922:

 

Meu amor, os meus pensamentos, o meu coração te acompanham. Passámos horas deliciosas. Se puder, irei a Tabiano. Quero-te muito, mais do que crês. Abraço-te com força, beijo-te com ternura violente. Esta noite, antes de adormeceres pensa no teu devotíssimo selvagem, que está algo cansado, algo aborrecido, mas que é todo teu, desde a superfície até ao mais profundo se si mesmo. Dá-me um pouco de sangue dos teus lábios.

Teu Benito.”

 

Bianca Ceccato, órfã de pai, baixa, atraente, menor de idade, secretária do Il Popolo d’Italia, é seduzida por Mussolini, que é o diretor, convertendo-se em amante habitual. Em 1918, ele obriga-a a abortar.

 

Angela Curti Cucciati, filha de um antigo companheiro socialista de Mussolini, esposa de um dos seus chefes de esquadra preso por crimes de sangue, é seduzida por Benito enquanto o marido se encontrava detido, tornando-se sua amante habitual.

 

Alice de Fonseca Pallottelli, florentina de nascimento, casada com o empresário musical Francesco Pallotelli que se deslocava constantemente entre os grandes centros de Londres, Paris e Estados Unidos, conhece Mussolini em 1922 em Londres, tornando-se sua amante até finais de 1945. É das poucas que o acompanham ao longo de quase toda a sua vida pública, pelo que alguns a consideram como a “Passionária” do regime.

 

Magdeleine Brard, pianista francesa com prestígio internacional, filha de um empresário e político, irmã de um almirante e presidente da Societé Mathématique de France, toca para Mussolini na Villa Torlonia em 1926, grávida do seu primeiro filho. Mussolini pede-lhe para desistir dos seus concertos musicais e proíbe a imprensa italiana de cobrir quaisquer acontecimentos em que ela entrasse.

Em 1933, abre uma escola de música em Turim, sendo diretora da Academia da Música de 1933 a 1943. É presa em 1945, e solta após intervenção da diplomacia francesa, regressando a Paris. Supõe-se que dos seus três filhos, um deles (Micaela) seja de Mussolini.

 

 

É notícia recente (23 jan 24) a de Bradley Cooper andar com Gigi Hadid. Hadid tinha tido uma relação com Zayn Malik, que terminou por violência doméstica (eufemismo para dizer que ele bateu nela, neste caso que ela apanhou dele). Para esquecer o mau pedaço, Hadid foi tendo algumas outras relações, como com Leonardo DiCaprio. Já Cooper tivera antes uma relação com a Irina Shayk, que vivera alguns anos com o Cristiano Ronaldo. Entretanto, a Irina passou a andar com o Tom Brady, o ex da Gisele Bündchen.

Por sua vez, antes de passar a sair com a Shayk, Cooper rompera a relação que estava a ter com Suki Waterhouse, que acaba de anunciar a sua gravidez com o seu par Robert Pattinson. Cooper também andou dois anos com a Zoe Sadaña, e outros dois com Renée Zellweger. Antes fora casado com a bailarina e atriz Jennifer Esposito. Parece que para ele o número cabalístico é dois. Já para Mourinho são três as épocas.

 

Razões ou intenções diferentes ou simplesmente tecnologias diferentes justificaram as atitudes para com as mulheres e o sexo de Mussolini das de Gengis Kan ou de Elon Musk. Do simples prazer desbragado à afirmação de poder manifestado como submissão física característica do homem dominante faz com que o Mongol se reproduza indiscriminadamente ao ponto de ainda hoje parte do DNA dos europeus lhe pertencer, o que já não acontece com o Dux, apesar de tudo mais limitado e previdente. Além do mais, tinha a Itália para governar.

Mas, Elon Musk, vivendo numa sociedade mais democrática e tecnologicamente avançada, tudo vem clarificar quando defende o racional de se terem múltiplos filhos com diferentes mulheres, uma vez que o maior perigo para a civilização é o da diminuição do número de nascimentos. E acrescenta, segundo Shivon Zilis, a sua nova procriadora, que ele acredita que as pessoas inteligentes terem filhos é crucial para a sobrevivência da civilização. E finalmente sem necessidade de contacto físico.

Shivon Zilis, era executiva chefe da Neuralink Corp. de Musk. Desejando ter filhos, Zilis inclinava-se para a doação de esperma. Aí, o chefe persuadiu-a que sentir-se-ia honrado se ela o escolhesse para dador:

 

Ele realmente quer que as pessoas inteligentes tenham filhos, e por isso encorajou-me.”

 

Saia mais um par de gémeos inteligentes. Garantidamente ricos.

 

 

 

 

 

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