(463) Um homem ‘providencial’ do passado presente
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Quem pode, deve pagar. Quem não der o seu sangue, que entregue o dinheiro, Benito Mussolini.
O sufrágio universal é uma pura ficção convencional. Não diz nada, e não significa nada, B. M.
Que as pessoas queiram votar? Pois que votem! Votemos todos até ao fastio e à imbecilidade! B. M.
O fascismo quer poder e tê-lo-á, B. M.
Acompanhemos intervenções, discursos e acontecimentos da vida do socialista revolucionário Benito Mussolini desde 1919, a quando da conferência para a constituição dos Fascios regionais, até à Exposição da Revolução Fascista a 29 de outubro de 1932 no Palácio de Exposições em Roma.
Todas elas se encontram historicamente documentadas, conforme nos assegura Antonio Scurati, na sua obra M. Il figlio del secolo (2018) e M. l’uomo della providenza (2020).
Corriere della Sera, 24 de março de 1919, secção «As conferências dominicais»:
“Ontem celebrou-se no salão do Círculo da Aliança Industrial e Comercial uma conferência para a constituição dos Fascios regionais entre grupos de intervencionistas. Na conferência tomaram a palavra o industrial Enzo Ferrari, o capitão dos Velhos Ousados e vários outros. O professor Mussolini ilustrou as pedras angulares em que se deve basear a ação dos Fascios, a saber: a valorização da guerra e dos que lutaram na guerra; demonstrar que o imperialismo que se inculpa os italianos é o imperialismo desejado por todos os povos sem excluir a Bélgica e Portugal e, portanto, oposição aos imperialismos estrangeiros em detrimento do nosso país e oposição a um imperialismo italiano contra outras nações; por último, aceitar a batalha eleitoral sobre o facto da guerra e opor-se a todos os partidos e candidatos que se declararam contra a guerra.
As propostas de Mussolini, depois de vários oradores terem intervido, foram aprovadas. Na conferência estiveram representadas diferentes cidades de Itália.”
A 6 de junho de 1919 é publicado no Il Popolo d’Italia, o programa dos ‘Fascios de Combate’, onde Mussolini expõe:
“Com respeito ao programa político, queremos: uma política exterior não submissa, reforma da lei eleitoral, abolição do Senado.
Quanto ao problema social, queremos: jornada laboral de oito horas, salários mínimos, representantes sindicais nos conselhos de administração, gestão operária das indústrias, seguros de invalidez e pensões, distribuição de terras não cultivadas entre os camponeses, uma reforma eficiente da burocracia, uma escola laica financiada pelo Estado.
Quanto ao problema financeiro, queremos: impostos extraordinários sobre o capital de caráter progressivo, expropriação parcial de todas as riquezas, arresto de oitenta e cinco por cento de todos os lucros com a guerra, arresto de todos os bens das congregações religiosas.
Quanto ao problema militar, queremos: a nação armada. […]”
Relatório do inspetor geral da segurança pública Giovanni Gasti, junho 1919:
“Benito Mussolini, professor, filho de Alessandro, nascido em Predappio a 29-7-1883, residente em Milão no Foro Bonaparte 38, socialista revolucionário, inscrito, professor primário habilitado para o ensino nas escolas secundárias, foi inicialmente secretário da Câmara do Trabalho de Cesena, Forli e Rávena, e mais tarde, desde 1912, diretor do periódico Avanti!, ao que imprimiu um caráter violento, sugestivo e intransigente. Em outubro de 1914, após entrar em conflito com os dirigentes do Partido Socialista Italiano pela sua defesa da neutralidade ativa da Itália na guerra das nações contra a tendência de neutralidade absoluta, retirou-se a 20 do mesmo mês da direção do Avanti!
A continuação, inicia a 15 de novembro a publicação do periódico Il Popolo d’Italia, em que defendeu […] tese da intervenção da Itália na guerra contra o militarismo dos Impérios Centrais.
Por esta razão foi acusado pelos seus companheiros socialistas de indignidade moral e política e se decidiu a sua expulsão …
Teve como amante, entre outras, uma certa Dalser Ida, natural de Trento, de quem teve um filho em novembro de 1915, reconhecido por Mussolini mediante ato público de 11 de janeiro de 1916 …. Abandonada por Mussolini, dizia mal dele a todos, dizendo que o tinha ajudado financeiramente, sem fazer qualquer referência, sem embargo, aos seus antecedentes políticos … Entretanto esteve internada em Caserta, onde, perante um funcionário desta polícia (fevereiro de 1918), acusou Mussolini de ter vendido à França atraiçoando os interesses do seu país e, a este respeito, referiu ter tido conhecimento de que em 17 de janeiro de 1914 tinha havido um encontro em Genebra entre Mussolini e o primeiro ministro francês Caillaux, em consequência do qual este último pagou supostamente a Mussolini uma soma de um milhão de liras …
A dita Dalser, sem embargo, é uma neurasténica e uma histérica exaltada pelos seus desejos de vingança contra Mussolini e as suas declarações não são dignas de confiança.
Contudo, das investigações realizadas consta que com efeito, se bem que não na data indicada por Dalser mas a 13 de novembro de 1914 (note-se: dois dias antes da aparição do primeiro número do Il Popolo d’Italia), Benito Mussolini encontrava-se em Genebra, e precisamente no Hotel d’ Angleterre.”
Discurso de Benito Mussolini, Milão, 9 de junho de 1919, feito no primeiro encontro público dos Fascios de Combate, na Porta Romana, sobre os tumultos populares contra o aumento do custo de vida:
“O problema está claro. A nação italiana é como uma grande família. As arcas estão vazias. Quem as vai encher? Outra vez nós? Nós, que não possuímos casas, automóveis, bancos, minas, terras, fábricas, dinheiro? Quem pode, deve pagar. Quem pode deve desembolsar […] Uma de duas: ou os abençoados terratenentes se expropriam a si próprios e então não haverá crises violentas, porque nós somos os primeiros a não querer a violência entre as pessoas da mesma raça e que vivem debaixo do mesmo céu; ou se se mantiverem cegos, surdos, tacanhos, cínicos, e então dirigiremos as massas de combate contra esses obstáculos e derrubá-los-emos. É a hora de sacrifícios para todos. Quem não der o seu sangue, que entregue o dinheiro.”
Benito Mussolini no Il Popolo d’Italia, 13 de novembro de 1920:
“A Itália necessita paz para retomar o seu caminho, para se recuperar, para se refazer, para se encaminhar pelos caminhos da sua indefetível grandeza. Só um louco ou um criminoso pode pensar em desencadear novas guerras que não nos sejam impostas por uma agressão inesperada- “
Benito Mussolini, “Aos fascistas da Lombardia”, Il Popolo d’Italia, 22 de fevereiro de 1921:
“Acusam-nos de levar a violência na vida política. Nós somos violentos sempre que seja necessário sê-lo. […] A nossa deve ser uma violência de massas, inspirada sempre em critérios e princípios ideológicos […] Quando nos topamos com esses sacerdotes e padres vermelhos, nós, que somos inimigos de todas as igrejas, pese a respeitar as religiões professadas com decência, penetramos nesse vil rebanho de ovelhas e rebentamos com tudo.”
Benito Mussolini, “Sobre a questão da violência”, Il Popolo d’Italia, 25 de fevereiro de 1921:
“[…] Em primeiro lugar, temos de voltar a declarar que para os fascistas a violência não é um capricho ou m propósito deliberado. Não é a arte pela arte. É uma necessidade cirúrgica. Uma dolorosa necessidade. Em segundo lugar, a violência fascista não pode ser uma violência de provocação […] Em definitiva, a violência fascista deve ser cavaleiresca. Sem qualquer dúvida […] Não se superam impunemente certas fronteiras. A violência, para nós, é uma exceção, não um método, ou um sistema. A violência, para nós, não tem caráter de vingança pessoal, mas caráter de defesa nacional.”
Benito Mussolini, “Para onde vai o mundo?”, Gerarchia, 25 de fevereiro de 1922:
“Os povos movem-se ansiosos em busca de instituições, de ideias, de homens que representem pontos sólidos na vida, que sejam refúgios seguros […]. Os regimes das esquerdas tal como foram instaurados em toda a Europa entre 1848 e 1900 – à força do sufrágio universal e de legislação social – deram de si o que puderam […]. O século da democracia morre em 1919-1920 […]. O processo de restauração à direita já é visível em manifestações concretas. A orgia da indisciplina cessou, o entusiasmo pelos mitos sociais e democráticos terminou. A vida regressa ao indivíduo. Assistimos a uma recuperação clássica.”
Benito Mussolini, discurso sobre o Estado liberal no bairro Amatore Sciesa, Milão, 4 de outubro de 1922:
“Por estas alturas, o Estado liberal é uma máscara por de trás da qual não há nenhuma cara […]. É nisso que se estriba a insensatez do estado liberal, que concede a liberdade a todos, incluso aqueles que servem dela para o derrubar. Nós não concederemos essa liberdade […]. O que nos separa da democracia não são os atos eleitorais. Que as pessoas queiram votar? Pois que votem! Votemos todos até ao fastio e à imbecilidade! Ninguém quer suprimir o sufrágio universal. Mas aplicaremos uma política de reação e de severidade […]. Dividamos os italianos em três categorias: os italianos “indiferentes”, que se manterão nos seus lugares à espera; os “simpatizantes”, que poderão circular; e por último os italianos “inimigos”, e estes não circularão.”
Benito Mussolini, editorial do Il Popolo d’Italia, de 29 de outubro de 1922:
“A situação é esta: a maior parte da Itália setentrional está completamente em poder dos fascistas. Toda a Itália central […] está ocupada pelos “camisas negras” […]. A autoridade política – algo surpreendida e muito consternada – não foi capaz de enfrentar-se ao movimento […]. O governo deve ser claramente fascista […]. Isto deve ser claro para todos […]. Qualquer outra solução será rechaçada […]. A inconsciência de certos políticos de Roma oscila entre o grotesco e a fatalidade. Que se decidam de uma vez! O fascismo quer poder e tê-lo-á.”
Benito Mussolini, “Força e consenso”, Gerarchia, março de 1923:
“A liberdade é uma divindade nórdica, adorada pelos anglo-saxões […]. O fascismo não conhece ídolos, não adora fetiches: já passou e, se for necessário, voltará a passar de novo com calma sobre o corpo mais ou menos decomposto da Deusa Liberdade […]. A liberdade, já não é hoje em dia, a virgem casta e severa pela qual lutaram e morreram gerações na primeira metade do século passado. Para as juventudes intrépidas, inquietas e duras que se assomam ao crepúsculo matutino da nova história, há outras palavras que exercem um atrativo muito maior, e que são: ordem, hierarquia, disciplina.”
Benito Mussolini, discurso comemorativo da fundação dos Fascios de Combate, no teatro Costanzi, Roma, 24 de março de 1924:
“Ou se está a favor ou contra. Ou fascismo ou antifascismo. Quem não está connosco, está contra nós.”
Benito Mussolini, discurso perante o Conselho Nacional do PNF, 7 de agosto de 1924:
“Tratemos de evitar o alarmismo entre as populações, tratemos de nos apresentar com a nossa aparência guerreira, mas capazes tão só dessa necessária crueldade, a crueldade do cirurgião. Não se vejam os nervos já alterados da população: ao fim e ao cabo, o povo fará aquilo que nós quisermos que ele faça. Amanhã, mil indivíduos muito determinados submetem Roma, amanhã, se atuarmos seriamente, com a decisão de quem têm nas suas costas as pontes queimadas sem outra coisa que não seja o seguir em frente, as populações retirar-se-ão, porque no fundo, a humanidade continua a ser a do apeadeiro de Alessandro Manzoni, que afirma: “Não me interessa, cada um tem os seus próprios assuntos”.”
Benito Mussolini, “Elogio dos militantes”, Gerarchia, 28 fevereiro de 1925:
“Este é o signo da nova Itália, que se exime de uma vez por todas da velha mentalidade anarcoide e rebelde e intui que só a silenciosa coordenação de todas as forças, debaixo das ordens de um só, reside o segredo perene de toda a vitória […]. Melhor as legiões que os colégios [eleitorais]!”
Benito Mussolini, “Absoluta intransigência”, discurso no encerramento do IV Congresso do PNF, no Teatro Augusteo, Roma, 22 de junho de 1925:
“Agora vou fazer-vos uma confissão que vos deixará o espírito completamente descabelado. Pensei muito antes de a fazer. Nunca li uma página sequer de Benedetto Croce (Vivíssima hilaridade, vivíssimos aplausos). Isto diz-vos às claras o que eu penso de um fascismo que se pretende culturalizar com a ka alemã. Os filósofos saberão resolver dez problemas no papel, mas são incapazes de resolver um só que seja na realidade da vida (Vivas aprobatórios).
Enrico Corradini, “Epígrafe sepulcral”, Il Polpolo d’Italia, 12 de novembro de 1925:
“O período do antifascismo está acabado, tal como toda a sua gente, a quem não resta mais nada do que desaparecer”.
Winston Churchill, janeiro de 1926 (declaração recolhida pela propaganda fascista):
“Itália ganha cada vez mais importância debaixo da direção viril e iluminada do seu governo atual, que lhe assegurou uma magnífica posição na Europa e no mundo”.
Enrico Corradini, fundador da Associação Nacionalista Italiana, março de 1926:
“O fascismo situa também a luta como um dos seus princípios, mas não a luta democrática […] mas a luta aristocrática, que termina com o triunfo do mais forte […]. A luta dos partidos não foi outra coisa mais que uma apólice de seguros entre os partidos. Mas o fascismo só tolerou os partidos durante o lapso de tempo que foi necessário para os vencer, reprimi-los, suprimi-los […]. O fascismo aspira à morte dos seus adversários”.
Adolf Hitler, entrevista no Daily Mail, 2 de outubro de 1926:
“Se à Alemanha fosse concedido um Mussolini alemão […] povo ajoelharia para o adorar mais do nunca se lhe há ocorrido ao próprio Mussolini”.
Benito Mussolini, discurso em Tripoli, 11 de abril de 1926:
“É o Destino que nos empurra para esta terra. Ninguém pode deter o destino”.
Benito Mussolini, declaração ao juiz de instrução, 11 de setembro de 1926:
“Esta manhã às dez saí como de costume da Villa Torlonia para dirigir-me para o Palacio Chigi. Ao chegar próximo da Porta Pia, não muito longe do quiosque, senti uma forte pancada no tejadilho do meu carro que está coberto. Ao princípio pensei que fosse um grande pedregulho, mas depois de percorrer uns metros ouvi a explosão aterradora de uma bomba que reconheci como uma Sipe. Vi cair uma pessoa enquanto os agentes da escolta se precipitavam para o agressor. Prossegui ileso para o Palacio Chigi. O agressor era-me totalmente desconhecido”.
Comunicado da Reuters, agência de notícias britânica, 12 de setembro de 1926:
“O Exmo. Sr. Mussolini granjeou já a lendária fama de ser um homem contra o qual resulta inútil atentar porque evidentemente se acha protegido pela Providência”.
The Washington Post, 1 de novembro de 1926:
“É uma bendição para a Itália que Mussolini se tenha salvo. A sua tarefa não tinha terminado. Segundo a opinião de muitos estudiosos de assuntos italianos, o sistema fascista cairia se Mussolini morresse. É uma instituição que inspira tanto uma devoção fanática como uma fanática oposição, mas que, apesar das suas tendências repressivas, está a transformar a Itália numa nação produtiva e próspera […]. Mussolini é um homem valente que desafia a morte cumprindo com o seu dever. Está triunfando e merece a admiração do mundo. Qualquer um que não simpatize com o comunismo e os assassinos que produz, devem esperar ferverosamente que a vida milagrosa de Mussolini prossiga”.
Papa Pio XII, alocução no consistório de 20 de dezembro de 1926:
“Indignação, horror, é o que deve suscitar o insano atentado contra a vida do presidente do Governo, o Exmo. Sr. Benito Mussolini, do homem que governa o destino do país com tanta energia como para fazer temer que o próprio país periclite cada vez que periclita a sua pessoa”.
Italo Balbo, subsecretário de Estado da Aviação, circular aos oficiais da força aérea, 1927:
“Os imprudentes que reneguem a Pátria, que se tenham aliado com o estrangeiro em terras estrangeiras, não devem ser considerados como filhos de italianos, mas como descendentes de libertos, trazidos como escravos para Itália pelas legiões vitoriosas, ou como bastardos das invasões bárbaras”.
Benito Mussolini, discurso ao Senado sobre a reforma da representação política, primavera 1928:
“Ora bem, é o povo realmente soberano num regime de partidos? Especialmente quando a desintegração do Estado chegue a um ponto em que, por exemplo, “trinta e cinco listas de trinta e cinco partidos” convidam o povo a exercitar a soberania de papel?
Inclusivamente mesmo dentro de um regime de partidos, as eleições são realizadas por comissões incontroláveis.
O povo eleitoral é chamado a ratificar decisões tomadas pelos partidos […]. Não tenho reparos em declarar que o sufrágio universal é uma pura ficção convencional. Não diz nada, e não significa nada […].
E vamos ao Estatuto. Temos de ser claros, honrados senadores .... Encontramo-nos no campo da arqueologia ou no da política […]? Alguém acredita a sério que uma constituição ou um estatuto possam ser eternos e não, pelo contrário, temporais? Imutáveis e não, pelo contrário, mutáveis? Portanto, é um esforço, em minha opinião, supérfluo, por mais comovedor, permanecer de guarda perante o Santo Sepulcro.
O Santo Sepulcro está vazio”.
Adolf Hitler, 13 de julho de 1928:
“Não há qualquer conflito de interesses entre a Alemanha e Itália […]. Os interesses comuns de italianos e alemães devem apontar para uma inimizade comum para com a França e para o conflito comum com essa Potência.
A Itália necessita de África para a colonizar com o excesso da sua população. A França, por outro lado, necessita da África para encher o seu exército metropolitano de negros. É por isso que a Itália é imperialista. Louvado seja Deus!”
Papa Pio XII, alocução a professores e estudantes da Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão, 13 de fevereiro de 1929:
“E talvez o que fizesse falta era um homem como aquele que a Providência nos permitiu encontrar, um homem que não tivesse as preocupações da escola liberal”.
L’Osservatore Romano, 30 de maio de 1931:
“O Tribunal Especial de Defesa do Estado condenou, ontem à noite, a morrer por fuzilamento de costas o subversivo Michele Schirru, culpado por ter tido a intenção de matar o Chefe do Governo italiano […]. A execução teve lugar esta manhã pelas 4:27 no Forte Braschi.”