(441) Não é preciso saber ler para saber contar
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Eu nunca mais leria um livro, Sam Bankman-Fried.
Mark Zuckerberg, César Augusto e as “coisas” que teve de fazer.
Livros são para perdedores.
É pacificamente aceite por quase todos a extraordinária ignorância demonstrada sobre questões de sociedade e história dos homens do nosso tempo que estão a moldar a nova sociedade. Louva-se-lhes a coragem, a perseverança, as qualidades de trabalho e a dedicação à causa. Louvados sejam.
Sabemos entretanto que Mark Zuckerberg leu bastante sobre César Augusto, considerando-o uma figura fascinante por “ter conseguido um largo período de paz, o que se antevia como inalcançável” tendo para isso de “fazer escolhas que não foram fáceis, e teve de fazer algumas coisas”. Certamente devia estar a referir-se à eliminação de opositores políticos e à execução do neto.
Também Elon Musk, brilhante engenheiro, parece ter dificuldades em lidar com singelos conceitos literários como a paródia e sátira.
Mas o cúmulo é Sam Bankman-Fried (SBF como era conhecido), o fundador da empresa de câmbio de cripto moedas FTX, que recentemente perdeu a sua fortuna de 16 biliões de dólares em poucos dias. Numa entrevista dada semanas antes a Will Gottsegen da The Atlantic:
"Oh sim?" diz SBF. “Eu nunca mais leria um livro.”
Não tenho bem a certeza do que dizer sobre isso. Durante toda a minha vida adulta li um livro por semana e escrevi três.
“Sou muito cético relativamente aos livros. Não quero dizer que nenhum livro valha a pena ser lido, mas na verdade acredito em algo muito próximo disso”, explica SBF.
“Eu acho que se você escreveu um livro, você fez uma asneira, e deveria antes ter feito uma postagem de seis parágrafos no blog.”
Ora aí está: livros são para perdedores.
(“Oh, yeah?” says SBF. “I would never read a book.”
I’m not sure what to say. I’ve read a book a week for my entire adult life and have written three of my own.
“I’m very skeptical of books. I don’t want to say no book is ever worth reading, but I actually do believe something pretty close to that,” explains SBF. “I think, if you wrote a book, you fucked up, and it should have been a six-paragraph blog post.”
So there you have it: Books are for losers.)
Não posso deixar de lembrar aquele ditado popular sobre as bruxas:
“Não sei se há bruxas ou não. Mas que as há, há”.
Repare-se no nome do SBF traduzido para português: Samuel dos Bancos Frito! E que bem frito ficou!