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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(307) Futuro bloqueado

Tempo estimado de leitura: 8 minutos.

 

Este é o tempo em que nem o próprio Presidente da América com grande apoio popular consegue fazer um golpe de estado no seu próprio país.

 

O bloqueamento do futuro como caraterística dos tempos em que vivemos é muito mais importante que o problema da desigualdade.

 

O capitalismo tornou-se num sistema globalmente hegemónico, em que os seus inimigos estão todos dentro do sistema.

 

Ao longo dos anos foi-se desenvolvendo um corpo de conhecimentos relacionados com a teoria do golpe de estado.

 

Será que o verdadeiro golpe não foi o feito pelo Presidente e seus apoiantes, mas pelos seus opositores?

 

 

 

 

 

Entre 15 e 19 de agosto de 1953, deu-se em Teerão (Irão), um golpe de estado organizado pela americana CIA (“Operação Ajax”), pelo serviços secretos ingleses SIS (“Operação Boot”), pela Guarda Imperial iraniana e por clérigos islamitas, que retirou do poder o Primeiro Ministro eleito, Mohammad Mosaddegh.

Tudo isso por causa do petróleo. Durante décadas as companhias ocidentais controlaram a riqueza do petróleo na região, através da Arabian-American Oil Company na Arábia Saudita, e da Anglo-Iranian Oil Company (companhia inglesa, agora parte da BP) no Irão. Enquanto a companhia americana na Arábia Saudita concordou, nos finais de 1950, com os pedidos sauditas para que o lucro obtido fosse igualmente repartido, a Anglo-Iranian Oil Company recusou liminarmente qualquer acordo proposto pelo governo iraniano.

Perante essa recusa, o parlamento iraniano entendeu aprovar a nacionalização da indústria de petróleo e expulsar do país os representantes estrangeiros da companhia. Seguiram-se de imediato, por parte do governo inglês, as pressões, os subornos (só para deputados mais de £700.000), os boicotes, os bloqueios dos portos, o costume, até que finalmente o novo governo inglês de Winston Churchill e o governo americano (Administração Eisenhower) acordaram em depor o governo iraniano.

 

O que houve de importante nesta operação foi a preparação e a coordenação feita pela CIA, que veio a constituir como que um “manual do golpe de estado”, pronto a partir daí para ser usado em todas as operações do género.

De acordo com documentos oficiais (The National Security Archive) desclassificados a 19 de agosto de 2013 (64 anos depois), o governo americano confirmou finalmente e oficialmente a sua “participação” no golpe, revelando o suborno a políticos, oficias de alta patente das forças armadas e da polícia, a jornalistas e homens de negócios,  a elaboração de todo o material de propaganda, a contratação de alguns dos mais temidos gangsters de Teerão (Icy Ramadan e Shaban Jafari) com a finalidade de provocarem distúrbios em apoio do Sha, ao mesmo tempo que eram trazidos das aldeias vizinhas em autocarros e camiões, milhares de pessoas para se manifestarem nas ruas.

Revelou ainda a organização de uma pretensa “revolução comunista” com infiltrados no Partido, com o assalto a negócios privados, a vandalização de mercados, bem como a organização de outros grupos de contramanifestantes favoráveis ao Sha que se opunham e combatiam essa violência nas ruas. Após o que as forças armadas interviriam e tomariam conta da situação. Seguiam-se planos detalhados com os mapas da insurreição, locais e movimentos a seguir.

 

Segundo a CIA, o golpe foi feito “debaixo da direção da CIA”, “como ação da política externa dos EUA, concebido e aprovado pelos níveis mais altos do governo”. Era Diretor da CIA Allen Dulles, irmão do então Secretário de Estado John Foster Dulles, tendo a execução da operação ficado a cargo de Kermit Roosevelt Jr., neto do ex-Presidente Theodore Roosevelt, sendo o planeamento feito por Donald Wilber.

 

A partir daí seguiram-se pelo menos 47 golpes de estado promovidos pela CIA (Apêndice 2, p.186/7), a que devemos juntar os promovidos por ingleses, franceses, israelitas, soviéticos/russos, chineses e outros.

Nem todos resultaram, pelo menos à primeira tentativa. Mas o importante a reter é que ao longo dos anos foi-se desenvolvendo um corpo de conhecimentos relacionados com a teoria do golpe de estado, não só dentro das forças de segurança armadas, como na sociedade dita civil.

 

Em novembro de 2014, a BBC  emitiu o programa “Oslo Freedom Forum: The ‘school for revolutionaires’”, onde relatava as atividades desenvolvidas pela Oslo Freedom Forum (OFF). É aí que se reúnem anualmente as pessoas notáveis que são, ou que já foram ou as que poderão vir a ser, para “trocarem ideias sobre direitos humanos e expor ditaduras”. Acontecimentos satélites são ainda levados a cabo em San Francisco, New York, e em campos universitários dos EUA.

A OFF foi fundada em 2009 pelo ativista dos direitos humanos Thor Halvorssen, e é fundamentalmente suportada pela organização não governamental Human Rights Foudation com sede em NY.

Segundo a BBC, o OFF é um lugar onde se reúne a “aristocracia dos ativistas”, uma “escola para a revolução”, com a finalidade de aprenderem e ensinarem como fazer que a mensagem que querem transmitir seja convincente e seguida, seja no Egito, Ucrânia, Hong Kong ou Coreia do Norte.

 

Isto pode não evocar o espírito das barricadas, mas o que se ensina aqui é que, para se ser bem-sucedido, para deitar abaixo para sempre o governo, tem de se ser organizado e planear meticulosamente”.

 

Segundo Laura Kuenssberg, editora política da BBC, os ativistas presentes na sala encontravam-se envolvidos “na organização dos protestos em Hong Kong,” uma vez que o “plano para trazer para a rua milhares de pessoas começara a ser preparado aproximadamente dois anos antes”, ou seja, em 2012.

É aí que ela entrevista Yang Jianli, o ativista chinês que esteve envolvido nos protestos de Praça Tianenmen em 1989 e que conseguiu fugir para os EUA. Posteriormente (abril de 2002) voltou à China onde acabou por ser preso e condenado a quatro anos de prisão (para Assange, os EUA pedem mais de cem anos de prisão).

Na altura, Jianli conversava via internet com Joshua Wong, o leader do movimento estudantil de Hong Kong e com o qual falava quase que diariamente. Jianli explicou ainda que os participantes nas demonstrações tinham sido “treinados, muito antes de descerem às ruas, no uso de ações não-violentas como arma de destruição de massa”.

Isto mesmo lhe fora também confirmado por Jamila Raqib, diretora executiva do Albert Einstein Institution:

 

Os manifestantes foram ensinados a como se comportarem durante a marcha, como manter as filas, como falar à polícia, como controlar os seus movimentos, como se comportarem quando forem presos.”

 

O  Albert Einstein Intitution, é outra ONG, fundada por Gene Sharp, que em 1965 fora inicialmente recrutado para o Centro de Negócios Internacionais de Harvard (“a CIA de Harvard”) que tinha como codiretor Henry Kissinger. É Sharp que vai criar muitos dos métodos de resistência que influenciaram os movimentos de protesto por todo o mundo, todos eles incluídos no seu manual, From Dictatorship to Democracy.  A finalidade do Instituto consta como sendo a “promoção do estudo e utilização da ação não-violenta em conflitos em qualquer parte do mundo”, recebendo  fundos de várias entidades, nomeadamente do National Endowment for Democraçy, NED.

O NED, é uma organização subsidiada pelo governo dos EUA, criada em 1983 para “fazer o que anteriormente era feito pela CIA”, nomeadamente o financiamento de organizações em certos países alvos para promover as políticas e interesses dos EUA.

Em 2012, o NED começou a subsidiar outra ONG, o National Democratic Institute (NDI) em Hong Kong. A finalidade é também a de “ajudar e fortalecer as instituições democráticas em todo o mundo, através da participação dos cidadãos, abertura e responsabilização do governo”, tendo como objetivos “o desenvolvimento das capacidades dos cidadãos, particularmente dos estudantes universitários, para participarem no debate público […] permitindo que os estudantes e cidadãos explorem as reformas possíveis conducentes ao sufrágio universal.

 

Se carregarmos nos ‘sítios’ de cada uma destas ONGg e procurarmos pelos contribuintes oficiais, encontraremos um sem número de indivíduos, grupos de grandes empresas, organismos governamentais ou delegações, e organizações como a Confederação dos Sindicatos, a Associação de Jornalistas, o Partido Democrático, Compton Foundation, Ford Foundation, Friedrich Naumann Stiftung, Greenville Foundation, International Republican Institute, Joseph Rowntree Charitable Trust, National Endowment for Democracy (NED), New York Friends Group, Olof Palme International Centre, United States Institute for Peace, etc., etc..

Muitos destes contribuintes fazem-no também para muitas outras ONGg. E se formos ver a listagem das organizações e indivíduos que recebem os subsídios, depararemos também com números enormes (dezenas de milhar), espalhadas por todo o mundo.

 

Este esquema (tal como o das fugas para paraísos fiscais) torna praticamente impossível a atribuição de responsabilidades por ações desencadeadas noutros países (até agora).

Por outro lado, este esquema demonstra também a enorme capacidade de intervenção de organizações e até de indivíduos, capazes de por si sós interferirem, em teoria até independentemente dos próprios governos, noutros países (até agora).

Ou seja, até aqui temos ao dispor: 1. meios de financiamento mais que suficientes; 2. Doutrina operacional, através dos milhares de estudos (quer civis quer militares) sobre organização de golpes de estado; e 3. a cobertura propiciada pelos media de comunicação.

 

Se a isto juntarmos: 1. as centenas de forças militares privadas, algumas delas capazes por si só de iniciarem e sustentarem guerras (aliás, muitas delas utilizadas pelos governos em substituição das suas forças armadas, porque se os seus “empregados” morrerem ou ficarem feridos, não são contabilizados como sendo “soldados oficiais”); 2. a forte militarização (armamento e táticas) das milhares de forças policiais (criando verdadeiros exércitos nas forças que deveriam ser “civis”); 3. meios de vigilância e de escuta atribuídos; temos reunidas todas as condições para a possibilidade e a impossibilidade de golpes de estado.

 

Não é, pois, de admirar que golpes de estado tenham vindo a serem tentados. Por vezes correm mal. Mas, correrem mal na maior parte dos países é algo que pode acontecer, mas, quando correm mal nos EUA e na China, então o problema é muito mais grave pois podem ter outro significado.

 

Sobre a China, Hong Kong, dissemos já o suficiente para sabermos que todas as várias tentativas de golpe de estado têm sido infrutíferas.

 

Nos EUA, a tentativa de assalto ao poder verificada a 6 de janeiro, não foi coisa de pouca importância, mal preparada por meia dúzia de indivíduos. Para não recuar muito e ir até ao Brexit ou à presidência de Obama (o efeito do racismo original, uma “casa branca com pretos”), verifiquemos por exemplo que as principais frases motivadoras (slogans) ditas por Trump em discursos previamente preparados serem as mesmas frases utilizadas pelos assaltantes ao Capitólio; as tentativas anteriores de assalto a vários edifícios governamentais e retirada de governadores, foi igualmente pedida por Trump, incitando os seus seguidores a fazê-lo; as opiniões expressas por vários ex-chefes militares importantes sobre o estado da nação, bem como de senadores e congressistas do Partido Republicano; as notícias e os comentadores políticos do principal canal de televisão, a Fox, sobre a pandemia, o “roubo” das eleições, a preparação para a guerra civil; a visibilidade e formação do Tea Party (Partido do Chá), e seus incitamentos à revolta; as várias medidas para dificultar e invalidar os votos por correspondência; a teoria do roubo dos votos que começara logo após as eleições de 2016; etc. etc.

Ou seja, a tentativa, a intenção para manter o poder existia, era bem explícita, e conseguiu convencer várias dezenas de milhões de americanos.

 

Haveria também cumplicidades por parte das forças armadas? Provavelmente. Não é por acaso que se está a fazer uma revisão/interrogação sobre a posição de algumas unidades das forças armadas relativamente ao assalto. Contudo, embora a participação das forças armadas fosse importante, não era considerada como necessária: bastava que se garantisse a sua não interferência para que a parte mais aguerrida e preparada triunfasse.

 

Mas, tal como num jogo de futebol, uma equipa só joga aquilo que a outra deixa jogar. E houve claramente pouca consideração pela força dos verdadeiros oponentes: as grandes empresas de alta tecnologia, imprescindíveis e fortemente coligadas com as forças armadas e de segurança, e com a governança, que não exitaram em cortar o acesso dos opositores aos meios de comunicação social, neste caso o próprio Presidente dos EUA e seus apoiantes.

Conforme ensina o manual, foi o que foi feito na Sérvia quando, após a deposição de Slobodan Milosevic, os manifestantes ocuparam a estação de televisão. Foi o que o Presidente turco Recep Erdogan fez em 2016 a quando do golpe que julgava ter-lhe cortado as comunicações, em que ele precavidamente conseguiu comunicar com a população através do FaceTime. Foi o que Hosni Mubarak do Egito fez em 2011 aos manifestantes, cortando-lhes a internet.

A grande diferença é que esta estratégia utilizada para alterar regimes estrangeiros foi agora utilizada por americanos contra americanos, na América.

O que deixa no ar uma dúvida: será que o verdadeiro golpe não foi o feito pelo Presidente e os seus apoiantes, mas pelos seus opositores?

 

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, o presidente Bush é o primeiro a decretar guerra ao terrorismo, guerra ao terror, que ficou conhecida como Global War on Terror, e que era basicamente uma guerra contra o terrorismo islâmico que ameaçava o capitalismo. Os seus inimigos foram chamados “terroristas” e “extremistas”, especificamente conhecidos por “heréticos”, “apostatas” e “blasfemos”.

Acontece que o capitalismo tornou-se num sistema globalmente hegemónico, ou seja, deixou de ter inimigos externos, não tem inimigos que se situem em territórios fora do sistema porque não há territórios fora do sistema. Assim, os seus inimigos estão todos dentro do sistema, e continuam a serem também chamados de “terroristas” e “extremistas”. Só que, para além dos anteriormente citados heréticos, apostatas e blasfemos, agora passaram a englobar outros inimigos: os terroristas domésticos.

 

De acordo com o National Terrorism Advisory System Bulletin de 27 de janeiro de 2021, o termo “terrorista” conforma definido na Global War on Terror, passou agora a incluir os “Domestic Violent Extremists (DVEs),” “Homegrown Violent Extremists (HVEs),” “Violent Conspiracy-Theorist Extremists (VCTEs),” “Violent Reality Denialist Extremists (VRDEs),” “Insurrectionary Micro-Aggressionist Extremists (IMAEs),” “People Who Make Liberals Feel Uncomfortable (PWMLFUs),” e ainda todos os “extremistas violentos ideologicamente motivados que ponham objeções ao exercício da autoridade governamental.”

Acredita-se que possam ser motivados “por uma série de razões, incluindo a oposição ás restrições decretadas e impostas pelo Covid-19, os resultados das eleições de 2020, a utilização indiscriminada da força pela polícia” e outras “perigosas narrativas falsas” como as da existência de um estado invisível e escondido (deep state) que tudo controla sem prestar contas, a imunidade de grupo, o sexo biológico e outros.

E atenção, esta guerra contra o terrorismo doméstico não acontece só na América. Alguns exemplos próximos: A França passou uma lei de segurança global proibindo os cidadãos de filmarem a polícia. Na Alemanha prepara-se a instalação de um fosso físico antiterrorista à volta do Parlamento. Na Holanda, a polícia atua violentamente contra os VCTEs, VRDEs e outros cidadãos que protestem “indevidamente contra o recolher obrigatório. E em quase todas as televisões aparecem diariamente notícias sobre “o crescimento das redes globais de extrema-direita” e de outros extremistas.

 

Na base desta nova classificação de terrorismo doméstico encontra-se o conceito de “negacionismo”: negacionistas da ciência, negacionistas do Covid, negacionistas do governo, etc., breve, negacionistas da realidade, sendo a realidade a verdade estabelecida. Como negacionistas da realidade, são pessoas com problemas psicológicos que devem ser tratadas, reeducadas ou reprogramadas até aceitarem a realidade. Só assim se compreende que o New York Times avance como proposta para apaziguar a sociedade americana atual a nomeação de um “czar da realidade”.

 

É consenso geral entre os donos, que esta Guerra ao Terror Doméstico se venha a prolongar pelos próximos 10 a 20 anos, o que será o tempo considerado suficiente para que consigam o “Great Reset(“Grande Reinício”) de toda a sociedade, para a ensinar a “viver” em condições precárias mas necessárias para a sobrevivência, viver com implantes corporais (chips e outros), capacidade de raciocínio reduzida e substituída por algoritmos, em que se veja forçada a pedir autorização (que lhe poderá ser negada) para tudo e  em que até as torradeiras façam parte do sistema de vigilância individual, e tudo isto feito com a intenção de garantir a sobrevivência de toda a humanidade.

 

 

Quando o próprio Presidente da América com grande apoio popular já não consegue fazer um golpe de estado no seu próprio país, não parece descabido concluir-se que a possibilidade de uma revolução (como manifestação do poder do povo que resulte numa alteração da vida normal e do regime vigente) se encontra totalmente afastada nos tempos mais próximos.

Esta bloqueamento do futuro como caraterística dos tempos em que vivemos é, portanto, muito mais importante que o problema da desigualdade.

 

 No passado, a liquidação de dirigentes ou a revolta de um pequeno número de pessoas, poderia levar a uma queda de regime. Hoje, é esta abertura que nos foi fechada (ou que fechámos).

Quando em 2015 David Rockefeller morreu, a sua fortuna estava avaliada em 3 biliões de dólares. O Shá da Pérsia saiu com 1 bilião de dólares do “seu” país. Ferdinando e Imelda Marcos abotoaram-se com 5 a 10 biliões de dólares. O presidente da Zâmbia, Robert Mugabe, valia 1 bilião de dólares. Jeff Bezos e Elon Musk valem, cada um, 180 biliões de dólares. E a subir.

A enorme desigualdade, que no passado poderia levar à indignação e ser rastilho para outras ações, é hoje encarada com normalidade, e até como exemplo a seguir. Hossanas e Salamaleques.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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