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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(236) “Uns governam o mundo, outros são o mundo”

Tempo estimado de leitura: 10 minutos.

 

Os melhores dias são aqueles em que não se tem de ir a lado nenhum, Charles Tomlinson.

 

Já vi tudo que nunca tinha visto/Já vi tudo que ainda não vi, Bernardo Soares.

 

E o que vemos não é o que vemos, mas antes o que somos, Bernardo Soares.

 

"I know not what tomorrow will bring”, Fernando Pessoa.

 

 

 

Na sua novela À rebours de 1884, J. K. Huysmans, (1848-1907), vem-nos contar a história do duque Jean Des Esseintes, um aristocrata que vivia sozinho num grande palacete nos arredores de Paris, que passava os seus dias a ler os clássicos, colecionando pensamentos sobre a humanidade. Das poucas vezes que saíra para ir a uma aldeia vizinha, depressa começara a sentir um sentimento de repulsa, que o levara a não mais querer afastar-se de casa. “Para evitara fealdade e a estupidez”.

 Até que, talvez por influência do que lera de Dickens, um dia acordou com o enorme desejo de conhecer Londres. Mandou os criados fazerem-lhe as malas, vestiu-se à inglesa, fato de tweed, chapéu de coco e capa de inverno, e eis que parte para Paris no primeiro comboio. Dispondo de tempo até apanhar o transporte que o levaria para Londres, foi a uma livraria comprar o Guia de Londres de Baedeker, o que lhe permitia sonhar com os passeios que pensava vir a fazer.

À hora do almoço, entrou numa taberna inglesa da rua de Amsterdão, perto da Gare Saint Lazare. Local tipicamente inglês, escuro e cheio de fumo, um grande balcão e filas de torneiras de barris de cerveja, pequenas mesas de bancos corridos onde se sentavam “robustas inglesas de traços masculinos, com os seus dentes grandes como espátulas, as suas faces afogueadas como maçãs, e as mãos e os pés enormes”. Comeu sopa de rabo de boi, rosbife com batatas, dois pintos de cerveja e queijo de Stilton.

Quando por fim chegou a hora do transporte para Londres, Des Esseintes sentiu-se subitamente muito cansado só de antever que teria ainda de se pôr a caminho da estação, disputar um bagageiro, subir para o comboio, dormir numa cama estranha, apanhar frio, pôr-se em bichas só para visitar afinal os lugares que o Baedeker tão minuciosamente descrevia.

Para quê viajar se podia fazer viagens maravilhosas sentado na sua cadeira? Não estaria ele já em Londres, cujos cheiros, clima, população, pratos de cozinha sem que faltassem sequer os talheres, já o rodeavam? Que mais poderia esperar para além de tudo isso, a não ser novas deceções?

Des Esseintes pagou a conta, saiu da taberna, e com os seus baús, os seus sacos, os seus fatos emalados, guarda-chuvas e bengalas, apanhou o primeiro comboio de regresso a Paris, e nunca mais saiu de casa.

 


Há quem considere que Des Esseintes pertence aquela categoria para a qual a realidade não pode deixar de ser senão dececionante. Ao que o poeta e tradutor Charles Tomlinson se atrevia a acrescentar que “os melhores dias são aqueles em que não se tem de ir a nenhum lado


Diferentemente se colocam aqueles para quem a viagem é tudo, ou quase tudo. Lembremos Jack Kerouac, para quem “a estrada é a vida”; Bill Bryson, para quem a viagem permitia “experimentar as coisas pela primeira vez”; Mark Twain, para quem a viagem era um antídoto contra “o preconceito e a intolerância”; Constantin Cavafy e o seu inigualável poema da viagem a Ítaca; Santo Agostinho, para quem “o mundo é um livro e aqueles que não viajam leem apenas uma só página”.

 

Vem tudo isto a propósito de um artigo de César Antonio Molina, publicado no El País a 5 de outubro de 2019, titulado como “Um passeio pela Lisboa de Pessoa”, e que passo a transcrever.

 

 

"A ideia de viajar nauseia-me", escreve Bernardo Soares no Livro do Desassossego. Soares, o heterônimo que melhor combina com a biografia do seu criador, Fernando Pessoa, nunca quis deixar a sua cidade, Lisboa. " Já vi tudo o que nunca tinha visto”, escreve ele, e acrescenta outro comentário paradoxal: “Já vi tudo que ainda não vi.” No entanto, naquela Lisboa do primeiro quartel do século XX, Soares, que está rodeado por pessoas que se mudam através de um porto tão importante, Soares renuncia a viajar como modo de vida, porque a sua existência é mais completa no imobilismo e na monotonia diária do seu trabalho num escritório comercial na Rua dos Douradores. "Ah, viajem os que não existem!" Para viajar, segundo ele, basta existir. E as viagens são os viajantes. E “o que vemos, não é o que vemos, senão o que somos”. Isso coincide com Cícero e Séneca, que já haviam explicado que pelo simples facto de se mudar de lugar, não deixamos de ser nós próprios nem abandonamos as nossas preocupações e inquietações. Nunca, não importa o quão longe estivermos do nosso eixo vital, desembarcamos de nós mesmos. Em várias das páginas deste extraordinário jornal filosófico-literário, Soares dedica-se não apenas a criticar viagens e viajantes, mas também a quem utiliza esse gênero. O heterônimo confessa que apenas uma mera viagem entre Lisboa e Cascais o deixava exausto. E que Cacilhas, em frente a Lisboa, lhe parecia outro continente. E o Tejo, todos os oceanos do mundo.

 

Mas Soares, que é como o próprio Pessoa, uma boa pessoa, mas muito sarcástico, sente compaixão pela "estupidez" do empregado do escritório empolgado com a mera ideia de conhecer outros lugares do mundo além da Baixa Pombalina. Aquele rapaz “colecionava folhetos de propaganda de cidades, países, companhias de transportes; tinha mapas, recortes de jornais e revistas, ilustrações de paisagens, gravuras de costumes exóticos, retratos de barcos e navios”. Parte das sua horas livres, investia-as visitando consulados, embaixadas, agências de turismo. Melancolicamente, Soares pergunta-se o que lhe terá acontecido. Um dia, ele desapareceu do trabalho e nunca mais se soube dele. Embarcou? Para onde? Soares sente essa curiosidade inconfessável e até duvida de seu próprio sedentarismo imutável. "Ele era o maior viajante, porque o mais verdadeiro que tenho conhecido: era também uma das pessoas mais felizes que me tem sido dado encontrar. " Onde está então a felicidade, no imobilismo ou no viajar?

 

Pessoa viajou para Durban várias vezes. Aí viveu os anos mais importantes da sus formação. Por motivos familiares, residiu na África entre 1896 e 1905, ano em que finalmente regressou a Portugal. Não mais viajou. Tentativas de ir para Londres, onde ele tinha família, ou para a Galiza. Mas Pessoa talvez tenha sido o maior viajante de sua cidade natal e arredores. E os seus locais de paragem habituais atraem aqueles que hoje buscam o seu rastro. Teve mais de vinte endereços. O mais estável foi o último, na Rua Coelho da Rocha, número 16, 1º D. Aí viveu de 1920 a 1935. Morreu relativamente próximo, no hospital de São Luís dos Franceses, localizado na Rua Luz Soriano. Ainda existe hoje. A imagem do exterior mantém-se a mesma: uma parede caiada de branco circunda o hospital onde se entra por um portão largo. Atualmente, está pendurada uma placa de mármore onde se encontra reproduzida a última frase que ele escreveu, em inglês: "I know not what tomorrow will bring” (Não sei o que o futuro nos reserva "). Quem pode saber?

 

Na sua última morada, ele habitava um quarto na companhia da sua pequena, porém seleta biblioteca, um baú com os seus milhares de manuscritos não publicados, a cómoda onde ele escrevia de pé, a máquina de escrever, a cama muito estreita e pouco mais. Hoje pode-se visitar esta casa-museu. Eu tê-la-ia conservado tal como era, mantendo assim o espírito do escritor, mas o interior foi demolido, restando apenas o quarto que agora permanece como um elemento estranho dentro do conjunto. A atividade cultural deste centro é, no entanto, muito importante. Se alguém olhar pela janela da sala, a casa vermelha em frente ainda é a mesma contemplada por ele. A rua permanece quase intacta. Ainda hoje se preserva o contrato assinado pelo proprietário e inquilino. Pessoa deve ter feito a mudança utilizando os carros-elétricos que tão inspiradores eram para ele. "Quem nunca deixou Lisboa viaja até o infinito de carro elétrico quando vai a Benfica e, se um dia for a Cintra, sente que foi a Marte", escreve Soares.

 

Se a histórica Lisboa e a área circundante são os locais por onde Pessoa se move com segurança, o seu heterônimo confinava-se à quadrícula pombalina. A Baixa, reconstruída após o terremoto de 1755 pelo Marquês de Pombal. Centro ainda financeiro, comercial e político, mas acima de tudo o recetáculo de um oceano de turistas. Na Baixa fica a Rua Augusta (rua principal), com o arco da Praça do Comércio e com a estátua de José I ao fundo. A Praça do Comércio, com entradas e saídas de elétricos novos e antigos, terraços, mercados e cafés antigos, como o Martinho da Arcada frequentado por Pessoa e outros escritores e artistas. É um dos lugares mais belos e nostálgicos do mundo. E aquele cais com as duas colunas que parecem submergir-se totalmente na maré alta. E ao lado, numa outra praça, a Casa dos Bicos, dedicada ao primeiro Prêmio Nobel de literatura em português, José Saramago, cujas cinzas estão depositadas debaixo de uma oliveira.

 

Muitas das ruas da Baixa são nomeadas de acordo com os ofícios dos primeiros comerciantes da região: Prata, Ouro, Douradores, Correeiros, Sapateiros. Nesta quadrícula de ruas pedonais, alguns dos estabelecimentos ainda sobrevivem. Bernardo Soares vive, trabalha e medita numa dessas ruas. Precisamente numa das que menos se dá conta, a Rua dos Douradores. Aquela rua que é para si a sua vida inteira. Aí fica o escritório e também o seu quarto, a que ele se refere vagamente. Ele nunca dá o número do imóvel, mas é o 190. No rés-do chão ficava o restaurante de galegos onde ele comia. Hoje, no mesmo local, existe outro, com um terraço com vista para uma pequena praça. "Se eu tivesse o mundo na mão, trocava-o, estou certo, por um bilhete para a Rua dos Douradores", escreve Soares. O escritório, sórdido até à medula, representava para ele a vida, representava para ele todo o sentido das coisas, a solução de todos os enigmas "salvo o existirem enigmas, que é o que não pode ter solução". O escritório dava-lhe “para comer e beber, e onde habite, e o pouco espaço livre no tempo para sonhar, escrever-dormir”. O escritório organizava a monotonia e a anarquia da vida cotidiana. Soares (guarda-livros, tradutor e redator de cartas oficiais) sabe que é explorado, mas está satisfeito por ser um contabilista ou assistente de contabilista. Na verdade, ele não se vê como um grande escritor, mas como um grande e famoso contabilista. Soares sente-se muito satisfeito em passar o tempo com o contabilista Moreira, o chefe Vasques (uma de suas grandes deceções ao descobrir que é um ladrão), o caixa Borges, o sócio capitalista e os demais empregados. "O escritório é como uma página com palavras de pessoas, a rua é um livro."

Nas primeiras décadas do século XX, a Baixa de Lisboa era habitada, para além das pessoas, por lojas de loterias, tabacarias, mercearias, lanchonetes, escritórios, lojas de todos os tipos, alfaiataria, barbearias, tabernas, consultórios médicos, escritórios estatais, hotéis, pensões, igrejas, sapatarias, casas de encontros, padarias, confeitarias, frutarias principalmente na Rua da Prata, correios, etc. Quase nada disso pode agora ser visto. Os carregadores e garotos que puxavam à corda saindo ou entrando nos armazéns da Rua dos Douradores já não existem e, portanto, a vida agitada que este lugar teve é hoje circunscrita aos turistas, felizmente poucos por esta rua estreita, ensombrada, onde permanecem apenas hotéis, restaurantes, uma igreja vizinha e pouco mais. Muitos dos edifícios estão a serem restaurados.

 

No seu apartamento na Rua dos Douradores, por cima do escritório, Soares refere-se aos móveis usados do seu quarto barato. As pessoas que passam por esta rua hoje não são mais "sempre as mesmas que por aqui passaram há pouco”. Todos ou quase todos então se conheciam. Já não. “Amanhã também eu vou desaparecer da Rua dos Douradores, da Rua da Prata. Eu também serei o que deixou de passar por estas ruas”. Hoje, já ninguém se conhece. Soares, para além da sua rua por excelência, cita ainda outras como habituais nas suas idas e vindas: a Rua Nova de Almada, a Rua da Prata (o primeira paralela à dos Douradores na direção oeste, onde ficava a livraria do velho Pires frequentada por Pessoa), a Rotunda, a praça Marquês de Pombal, a Rua do Arsenal, a Rua da Alfândega, o Chiado mais acima por um lado e o castelo pelo outro ... Soares-Pessoa percorriam estes caminhos  refletindo sobre o sentido desconhecido dessa viagem obrigatória da vida. Às vezes, como antes, como agora, a chuva oblíqua mudava o barulho da rua e o Tejo passava da cor azul esverdeada a ouro.

A Rua dos Douradores é pequena, insignificante, difícil de caminhar pelas calçadas quebradas. Mas, como dizia Soares, vale mais do que as grandes avenidas. "Quantos Césares já fui, aqui mesmo, na Rua dos Douradores!" “Também há universo na Rua dos Douradores. Deus também garante que aqui não falta o enigma da vida. E assim, se eles são pobres, como a paisagem de carros e caixões, os sonhos que consigo extrair entre as rodas e as tábuas, ainda assim são para mim o que tenho, o que posso ser.”

 

Soares-Pessoa adorava as longas tardes de fim de verão, a calma da Baixa. O escritório era um baluarte contra uma vida vazia. E os livros de contabilidade eram como os seus próprios livros. Morava em casa de outra pessoa. O resto, uma caminhada tranquila e contínua, uma conversa contínua entre homens, casas, pedras, sinais e céu; uma multidão amigável, que se acotovela com palavras na grande procissão do destino. Soares ama as praças solitárias da Baixa, não só as pequenas e insignificantes, mas também as maiores, como a Praça da Figueira, com os vendedores ambulantes agora convertidos em feirantes. Esta praça, onde ficava o antigo mercado da cidade, é presidida pela estátua de João I. Ao lado fica a Praça do Rossio, com a estátua de D. Pedro IV, o primeiro imperador do Brasil. Outro dos heterônimos, Álvaro de Campos, escreveu estes versos: “A Praça da Figueira de manhã, / quando o dia está ensolarado (como acontece / sempre em Lisboa), nunca se me esquece, / embora seja apenas uma lembrança vã. / Há tantas coisas mais interessantes / que este lugar tão lógico e vulgar, / mas por isso mesmo o amo assim...  Que sei eu / porque o amo? Pouco importa. Adiante ...”

 

A Rua dos Douradores é a rua pessoana por excelência. Hoje já não nos cruzamos  com o jovem carregador, com o barbeiro que contava piadas,  com o empregado de mesa que lhe desejava as melhoras porque ele apenas bebera metade da garrafa de vinho (Pessoa morreu de cólica hepática) , com o empregado da tabacaria (que se suicidou), com o mercador que trouxe as sedas do Indo, de Samarcanda ou da Pérsia. Na Rua dos Douradores, já ninguém atirará uma caixa de fósforos vazia do último andar do número 190 para o abismo do empedrado. Na Rua dos Douradores, já não há mais livros de caixa abertos, mas antes computadores frios e abstratos. Tornou-se mais uma das ruas do mundo. Mas continuará a ser, toda ela, filosofia e literatura universal. "O que escrevo no livro caixa auxiliar e o que escrevo neste pedaço de papel da alma são coisas exclusivamente limitadas à Rua dos Douradores, que dizem muito pouco aos grandes espaços milionários do universo". Ainda permanecem lá os instantes, os milímetros e as sombras das pequenas casas, ainda mais humildes do que elas. Rua dos Douradores, tão estreita e efêmera que ninguém seria capaz de expressar um desejo.

 

Os lugares fundamentais da geografia pessoana são: o número 4 do Largo de São Carlos, onde nasceu no quarto andar; o número 190 da Rua dos Douradores; a Rua Coelho da Rocha, número 16, 1º D; o hospital de São Luís dos Franceses, na Rua Luz Soriano; o cemitério dos Prazeres, onde ele foi enterrado (muito perto de sua casa), e os Jerónimos, onde está hoje. Mas é a Rua dos Douradores uma das essências simbólicas da sua grande obra. "Eu serei sempre da Rua dos Douradores, bem como a humanidade inteira." Soares-Pessoa e companhia tinham um grande rio, um grande oceano, uma doca e todos os navios com todas as bandeiras do mundo para zarpar e, contudo, ainda assim, ficaram ali na Rua dos Douradores, um lugar insignificante no mapa, mas que agora é uma epifania do mundo. Alberto Caeiro, outro heterônimo, escreveu estes versos: "Da janela mais alta da minha casa / com um lenço branco, digo adeus / aos meus versos que partem para a humanidade". Soam como a carta de Emily Dickinson, da qual creio ela não voltou a ter notícias. Outra sedentária como ele. Soares, cansado da vida, fechou as persianas do seu quarto, na Rua dos Douradores, para se excluir do mundo e obter liberdade. "Oh tristeza revisitada, Lisboa de outra época, hoje!"

 

 

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