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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(219) Um só mundo ou um mundo comum?

Temo estimado de leitura: 3 minutos.

 

Um mundo comuma só nação, um só povo a viver em paz”.

 

Um só mundo, é sempre um sonho de poder, de poder político e de poder tecnológico.

 

“Se todas as árvores fossem coqueiros, que grande monotonia seria a natureza”.

 

Um mundo comum não pode ser transparente (como muito convém aos extirpadores de almas e inquisidores contemporâneos) porque “acolhe as sombras do que não sabemos, os nossos desejos e lutas, as fricções, tudo o que fica por fazer e o temor dos nossos medos e incertezas”.

 

 

 

 

Há quem entenda que foi a globalização dos fins do século XX que veio tornar possível a existência de um só mundo, em que todos finalmente nos poderíamos comunicar livremente, acabando por permitir a unidade desse mundo.

O problema é que por detrás desse rebuçado que tenta escamotear a utilização dos big data, dos GPS e dos ataques encobertos e programados do Big Brother dirigidos ao âmago mais profundo dos indivíduos (que não das empresas e governos), todo o esforço vem sendo desenvolvido para o controle das nossas almas, evidentemente sempre com o intuito “louvável” de transformar-nos num povo unificado e pacificado.

 

É que a globalização, como apetite por um só mundo, não é um sonho que só agora tenha aparecido. Todos os “grandes conquistadores”, de Alexandre a César, passando por Gengis Khan e outros Khans mais próximos de nós, sem esquecermos os séculos do comércio das descobertas, já tiveram esse mesmo sonho.

O problema é que um só mundo, é sempre um sonho de poder, de poder político e de poder tecnológico que, forçosamente, implica a unidade de territórios, a unificação de nações e dos povos, em um só, prontinhos para serem conquistados, aldrabados, explorados.

 

Há um livro de Armand Mattelart, Histoire de l´utopie planétaire. De la cité prophétique à la societé globale, que nos mostra os muitos políticos e as tecnologias que, ao longo da história, entretiveram esse sonho de conseguirem um só mundo. Um mundo com “uma só nação, um só povo a viver em paz”. Evidentemente, desde que fossem eles a dizer como seria.

 

Mas o problema é que há um outro mundo comum como realidade que é compartilhada por todos nós que, anonimamente, vivemos neste planeta. Onde não há lugar para o sonho dos conquistadores nem para os gurus detentores das empresas informáticas.

Um mundo comum que não é uma sociedade planificada desde cima, mas antes uma comunidade sempre inacabada tecida desde baixo. Uma comunidade feita pela multiplicidade.

 

Dizia ingenuamente o padre celebrante da missa de repúdio pelos recentes ataques mortais aos católicos do Sri Lanka, que é na variedade que se encontra a beleza e o progresso, exemplificando:

 

“Se todas as árvores fossem coqueiros, que grande monotonia seria a natureza”.

 

Este mundo comum, por ser a base da nossa atividade e da nossa interdependência, porque “acolhe as sombras do que não sabemos, os nossos desejos e lutas, as fricções, tudo o que fica por fazer e o temor dos nossos medos e incertezas”, não pode ser transparente (como muito conviria aos extirpadores de almas e inquisidores contemporâneos).

Por isto, desde que existam seres humanos, um mundo comum não poderá jamais ser reduzido a um só mundo.

 

Por isto, mesmo quando bem-intencionadamente os bem-intencionados nos apresentarem a utopia de um só mundo pacificado como um valor, deveremos prontamente rejeitar tal utopia como verdadeiro pesadelo.

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