(214) Os grandes poluidores
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Por ano, cada bebé produz cerca de 400 quilos de resíduos sólidos não tratados.
Foi em meados dos anos 50 que a Procter & Gamble inventou as fraldas descartáveis.
Só nos EUA, para a produção anual de fraldas descartáveis, são destruídas 250.000 árvores e utilizados 3,4 biliões de galões de petróleo, que dariam para 5.222.000 automóveis circularem no mesmo período de tempo.
Retirando as soluções de um regresso ao passado, todas as outras soluções baseadas num progresso tecnológico não resolvem o problema.
O grande “casamento do século” realizado a 29 de julho de 1981 entre o príncipe Carlos e a lady Diana, foi meticulosamente preparado para a sua transmissão, em direto e pela primeira vez a cores, pela televisão britânica. Foi visto por 25 milhões de pessoas.
A cor escolhida para que ninguém ressaltasse para além dos noivos, foi a pastel. Se repararem, na Igreja, onde todos estão reunidos, não se dá por nenhuma cor dissonante. O mesmo aconteceu para os cavalos da guarda e para os que puxavam o coche: foram-lhes dados comprimidos por forma a que as suas bostas saíssem com a cor pastel, para que assim não fossem visíveis na emissão televisiva.
Foi em meados dos anos 50 que a Procter & Gamble inventou as fraldas descartáveis. “Acontece” que, para além de conterem químicos tóxicos e micro plásticos, elas eram (e são) feitas com polietileno não-reciclável que só ao fim de várias centenas de anos é que se degradam (500 anos, segundo https://www.smallfootprintfamily.com/dangers-of-disposable-diapers).
Hoje, a dimensão deste problema é inimaginável, embora quantificável. No geral, os bebés fazem, em média, cocó quatro vezes ao dia e mais umas três a quatro vezes xixi. (http://www.worldwatch.org/system/files/M-A%2007%20Life-cycle.pdf). Ou seja, por ano, cada bebé produz cerca de 400 quilos de resíduos sólidos não tratados, sem considerar os resíduos líquidos. Como nascem mais de 300.000 bebés todos os dias, tal dará mais de uma centena de milhões de fraldas por ano.
Segundo Jo Royle, diretor da Commom Seas, uma organização não governamental a trabalhar nesse campo, “as fraldas sujas podem ser consideradas como o mais perigoso dos lixos”, destruindo a vida selvagem, disseminando doenças, e bloqueando tubagens e drenos.
Cientes disso, a American Academy of Pediatrics e The American Public Health Association, “avisa” os pais (aviso que consta de todos os pacotes de fraldas descartáveis) que devem enxaguar a fralda e remover o cocó para a sanita antes de a colocar no lixo. Aparentemente, ninguém faz isso!
A matéria prima para a produção do plástico de polietileno é o petróleo: 215 gramas por fralda. Ao longo dos trinta meses que os vai usar, serão 6.500 fraldas, ou seja 1.397 quilos de petróleo: para manter o bebé seco durante 2 a 2anos e meio, usará mais óleo do que o que virá a utilizar no seu carro durante a sua vida.
Outra forma de ver: Por cada ano, para a produção de fraldas descartáveis, só nos EUA são destruídas 250.000 árvores e utilizados 3,4 biliões de galões de petróleo, que dariam para que 5.222.000 automóveis circulassem no mesmo período de tempo.
E quanto à toxidade, sabe-se que a pouco desenvolvida camada exterior da pele do bebé absorve, pelo menos, cerca de 50 produtos químicos diferentes contidos nas fraldas descartáveis. Desde o poliacrilato de sódio (que o torna superabsorvente com a capacidade para absorver 100 vezes o seu peso em água, mas capaz de provocar irritações de pele, febre, vómitos, etc.), à dioxina (cancerígena), aos metais pesados e ao tolueno, tudo é mau. Pode-se ver uma listagem completa em https://www.smallfootprintfamily.com/dangers-of-disposable-diapers.
Com a generalização do seu uso em todo o mundo, a forma como nos descartamos das fraldas após a sua utilização, tem passado por vários estudos e decisões. Por exemplo, para o Central Pollution Control Board, a melhor forma para o fazer é a sua inceneração ou enterro.
Mesmo que fossem dadas as condições para que isso fosse possível (o que não se verifica), nem sempre o mundo acolheria de bom grado tais indicações. É assim que algumas comunidades acreditam que o enterrar ou queimar as fraldas provoca doenças de pele e outras, nas crianças. Preferem lançá-las ao rio para que o bebé não sofra.
Daí que, por exemplo, o rio Brantas, em Java, a ilha mais populosa da Indonésia, esteja praticamente atulhado com fraldas: estima-se que milhão e meio de fraldas sejam diariamente lançadas ao rio!
Não é de admirar que em 80% dos peixes do rio Bantas sejam encontrados pedaços de plástico, que passam do estômago para a carne que, quando comida, passa para os corpos humanos.
Para além da inceneração e do enterro, as outras soluções apontadas para resolver este problema vão desde o regresso à utilização de fraldas reutilizáveis (fraldas de pano) ao redesenho das fraldas descartáveis e à sua reciclagem.
Advoga-se mesmo a solução de deixar o bebé livre, sem qualquer tipo de fralda (estudos indicam que as crianças aprendem assim mais depressa a regular as suas atividades excretórias).
As grandes empresas respondem com a diminuição do tamanho das suas fraldas (em 50%), ou com um programa de reciclagem de maneira a extrair o papel e o plástico. A reciclagem tem-se revelado complicada e custosa, além de obrigar os pais a dirigirem-se a determinados locais para depositarem as fraldas usadas.
Ou seja, retirando as soluções de um regresso ao passado, todas as outras soluções baseadas num progresso tecnológico não resolvem o problema.
Com a enorme capacidade tecnológica e de previsão do futuro que nos preparam e que acreditam ser certamente o melhor para nós, os nossos decisores começam a pensar em métodos alternativos mais radicais e já provados, como por exemplo:
- Diminuição drástica do número de bebés, o que pode ser conseguido através de incentivos fiscais ou do seu contrário (restrição aos subsídios e ao crédito), restrição ao uso do espaço público, da ablação dos testículos (dos pais), da liberalização do aborto (das mães), etc.
- Ingestão gratuita de bebidas anticoncecionais e anti erotizantes (já anteriormente utilizado pelos vários exércitos do mundo).
- Encorajamento da homossexualidade, nomeadamente nos colégios unissexo (já anteriormente praticado pela então socialmente progressista União Sul Africana, quando inclusivamente legalizava o casamento entre negros masculinos).
- Diminuição do número de pais envolvidos, nomeadamente através do fomento de guerras (declaradas ou não).
- Obrigatoriedade do contacto com outro ser humano ser sempre feito através da intermediação de um meio eletrónico (lembram-se do “Paris-Texas”?), ou da utilização intensiva da “realidade” virtual, ou de qualquer outra realidade que não seja a que se acredita ser a real.
- Jornada de trabalho de 12 horas, sem interrupção semanal (várias empresas já a seguem: na Alibaba, incentiva-se o regime 996, trabalho das 9 da manhã às 9 da noite, 6 dias por semana).
- Avanços farmacêuticos (nomeadamente comprimidos) que façam com que o xixi dos bebés jorre como água ou vinho (branco) e o cocó com cheiro a rosas e sabor a chocolate ou a baunilha, conforme a preferência da cor.