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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(213) O rebanho humano

Tempo estimado de leitura: 3 minutos.

 

A telemetria criou a possibilidade para se fazer a recolha de uma enorme quantidade de conjuntos de data e a oportunidade para se fazerem estudos correlacionais de populações inteiras de animais.

 

Este processo de monitorização do comportamento dos animais, poderia ser “invertido” através de tele-estimulação, o que permitiria modificar e otimizar esse comportamento.

 

Quem quiser pode já ver a versão da dinâmica dos humanos a deslocarem-se nas ruas das cidades em tempo real numa plataforma como a Google Earth.

 

Um problema de fé e de religião. Ou de impotência.

 

 

 

 

Stuart MacKay, físico, engenheiro eletrotécnico, biólogo, cirurgião, especialista em telemetria (tecnologia em que se baseava a transmissão a longa distância de data de computadores), chefiou em 1964 uma expedição internacional às Ilhas Galápagos, com o objetivo de melhor estudar e proteger a fauna animal com a introdução de novas técnicas de observação.

Segundo MacKay:

 

“O uso de um sinal rádio a partir de um transmissor, localizado dentro ou sobre um sujeito, para transmitir informação para ser gravada num recetor remoto, permitia, para além da flexibilidade de movimento, explorar livremente sem causar qualquer perturbação, partes do corpo inacessíveis por outros métodos sem que o sujeito se aperceba desse processo de medição… estes métodos deixam o sujeito num estado psicológico e fisiológico relativamente normal, e não interfere com a continuação das suas atividades normais”.

 

Ou seja, a telemetria criou a possibilidade da recolha de uma enorme quantidade de conjuntos de data e a oportunidade para se fazerem estudos correlacionais de populações inteiras de animais.

 MacKay deixou indicações no sentido de que esta técnica também pudesse vir a ser aplicada ao mundo estático: canópias de florestas, reações químicas, cura do cimento, e no processamento de alimentos.

E, acrescentou ainda que este processo de monitorização do comportamento dos animais, poderia ser “invertido” através de tele-estimulação, o que permitiria modificar e otimizar esse comportamento.

 

Hoje, para além da utilização de sensores avançados, satélites, rede internet, computação avançada, análise preditiva de “big data”, que permitem ver e prever em tempo real as movimentações das hordas de animais e de animais isolados, faz-se já o mesmo com os seres humanos.

 

Em 2014, uma equipa da Universidade de Washington, chefiada por Jenq-Neng Hwang, anunciou a desenvolvimento de um “super GPS” que juntamente com as câmaras de vigilância do município permitiam “a visualização dinâmica da situação realística de humanos a caminharem pelas estradas e passeios, pelo que as pessoas que quisessem podiam ver a versão da dinâmica das ruas da cidade em tempo real numa plataforma como a Google Earth”.  

 

 Hoje, as boas intenções tecnológicas de MacKay foram totalmente pervertidas ao serem apropriadas por empresas e governos que as aplicam aos seres humanos: a vigilância foi estendida a todos os lugares mais privados, desde o lugar da frente do nosso carro, à nossa cozinha e aos nossos rins.

E o “processo inverso” previsto por MacKay, passou a ser utilizado para automaticamente estimular um comportamento, não para salvar o rebanho humano da catástrofe, mas para obter mais lucro com a melhoria da previsibilidade desse comportamento.

 

A diferença, ou talvez não, é que os animais não se apercebem dessa vigilância, continuando a agir como se fossem totalmente livres. Já os humanos sabem que estão a ser vigiados, ou melhor, a grande maioria não sabe, mas parece que os que sabem não se importam e até agradecem: sempre há “alguém” a vigiá-los, a tomar conta deles. Big Brother, Google ou Deus, tanto faz. Um problema de fé e de religião.

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