Em todas as guerras há vencedores no lado dos vencidos e perdedores no lado dos vencedores.
A transferência de armamento e o comércio de defesa são eufemisticamente considerados como sendo importantes instrumentos da política externa dos Estados, com potenciais implicações de longo prazo para a segurança regional e global.
Só nos EUA, no exercício financeiro de 2023, o valor total dos artigos e serviços de defesa transferidos no âmbito do sistema de Vendas Militares ao Estrangeiro foi de 80,9 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 55,9% (US$ 51,9 biliões) relativamente o ano fiscal de 2022.
Julgo ser do conhecimento comum o facto das guerras conduzirem sempre ao aparecimento de vencedores e vencidos. Acontece que nem sempreos vencedores se encontrem exatamente do lado dos vencedores e os vencidos do lado dos vencidos. Ou seja, há vencedores no lado dos vencidos e perdedores no lado dos vencedores.
Exemplos: os que morrem nas guerras são sempre os perdedores, e encontram-se nos dois lados; os que enriquecem nas guerras são sempre os vencedores, e encontram-se nos dois lados.
Certo, certo, é que as guerras ou a instauração de um clima de guerra, conduzem sempre a um aumento das despesas militares (quer as que dizem só servir para a defesa, quer as que servem só para ataque). Como produtos que são, quem os produz verá os seus ganhos acrescentados. Todos sabemos isso.
Só que na voragem dos acontecimentos, tais “acréscimos” ou não são noticiados, ou não são mostrados na sua totalidade, ou não são devidamente explicados, ou são mesmo sonegados, pelo que se perde o quadro geral que permite a comparação com as outras necessidades das sociedades.
O branqueamento deste comércio da venda de armas, eufemisticamente conhecidos como transferência de armamento e comércio de defesa, é justificado pelos beneficiários como sendo importantes instrumentos da política externa dos Estados, com potenciais implicações de longo prazo para a segurança regional e global. Os trabalhadores das empresas de armamento e afins, pensam exatamente o mesmo (é o emprego e o trabalho que têm – ou que não têm – que os faz pensar assim).
Vejamos, por exemplo, alguns desses exorbitantes “ganhos” conforme publicado num recente relatório referido ao ano fiscal de 2023 do Bureau de Assuntos Político-Militares dos EUA respeitante às transferências de armas e comércio de defesa:
“Ano Fiscal de 2023, Transferências de Armas e comércio de Defesa dos EUA
Ficha informativa
Bureau de Assuntos Político-Militares
29 de janeiro de 2024
A transferência de armamento e o comércio de defesa são importantes instrumentos da política externa dos EUA com potenciais implicações de longo prazo para a segurança regional e global.
Por esta razão, os Estados Unidos seguem uma abordagem holística ao rever as decisões de transferência de armas, de acordo com a Política de Transferência de Armas Convencionais dos EUA, e ponderam questões políticas, sociais, de direitos humanos, proteção civil, económicas, militares, não-proliferação, segurança tecnológica, como fatores para determinar o fornecimento adequado de equipamento militar e o licenciamento de vendas comerciais diretas de artigos de defesa a aliados e parceiros dos EUA.
Dados os prazos de implementação plurianuais para muitas transferências de armas e casos de comércio de defesa, o Departamento reporta as médias móveis de três anos. Cada transferência proposta é cuidadosamente avaliada caso a caso, de acordo com a Lei de Controle de Exportação de Armas e a legislação, política e orientação relacionadas. As principais transferências e vendas de defesa estão também sujeitas a notificação e revisão do Congresso.
Vendas Militares ao Estrangeiro:
No exercício financeiro de 2023, o valor total dos artigos e serviços de defesa transferidos e das atividades de cooperação em segurança conduzidas no âmbito do sistema de Vendas Militares ao Estrangeiro foi de 80,9 mil milhões de dólares. Isto representa um aumento de 55,9%, US$ 51,9 biliões acima do ano fiscal de 2022. Este é o maior total anual de vendas e assistência prestada aos nossos aliados e parceiros.
O valor de US$ 80,9 biliões para o ano fiscal de 2023 inclui US$ 62,25 biliões em vendas de armas financiadas por países aliados e parceiros dos EUA; US$ 3,97 biliões financiados através do Título 22 do programa de Financiamento Militar ao Estrangeiro; e 14,68 mil milhões de dólares financiados através de outros programas do Departamento de Estado (tais como Controlo Internacional de Narcóticos e Aplicação da Lei, Não Proliferação, Antiterrorismo, Desminagem e Programas Relacionados) e programas do Departamento de Defesa para o Desenvolvimento da Capacidade de Parceiros (como a Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia).
O valor médio contínuo de três anos para artigos e serviços de defesa transferidos e atividades de cooperação em segurança conduzidas no âmbito do sistema de Vendas Militares Estrangeiras (FMS) foi para o ano fiscal (FY) de 2021-ano de 2023 foi de US$ 55,9 bilhões. Isso representa um aumento de 21,9% em relação aos US$ 45,8 bilhões para o ano fiscal de 2020-ano de 2022.
Variação percentual do exercício de 2023 para o exercício de 2022
FMS – Valor total $ 51,9 bilhões $ 80,9 bilhões + 55,9%
AF20-22 AF21-23% de variação
FMS – Média móvel de três anos $ 45,8 bilhões $ 55,9 bilhões + 21,9%
As vendas militares ao estrangeiro (FMS) do governo a governosnotificadas ao Congresso no ano fiscal de 2023 incluem, por exemplo: Polónia – Helicópteros Apache AH-64E US$ 12 biliões, Polónia – Sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) US$ 10 biliões, Alemanha – Helicópteros CH-47F Chinook US$ 8,5 biliões, Austrália – Aeronaves C-130J-30 US$ 6,35 biliões, Canadá – Aeronaves P-8A US$ 5,9 biliões, República Tcheca – Aeronaves e Munições F-35 US$ 5,62 biliões, República da Coreia – Aeronaves F-35 US$ 5,06 biliões, Polónia – Defesa Aérea e de Mísseis Integrada ( IAMD) Sistema de Comando de Batalha (IBCS) US$ 4,0 biliões, Polónia – M1A1 Abrams Main Battle Tanks US$ 3,75 biliões, Kuwait – Sistema Nacional Avançado de Mísseis Superfície-Ar (NASAMS) Sistema de Defesa Aérea de Médio Alcance (MRADS) US$ 3 biliões, Alemanha – AIM- Mísseis ar-ar avançados 120C-8 de médio alcance (AMRAAM) US$ 2,90 biliões, Kuwait – Suporte técnico subsequente US$ 1,8 bilião, Bulgária – Stryker Vehicles US$ 1,5 bilião, República da Coreia – CH-47F Chinook Helicopters US$ 1,5 bilião, Japão – Aeronave E-2D Advanced Hawkeye (AHE) de alerta e controle aéreo antecipado (AEW&C) US$ 1,381 bilião, Noruega – Artigos e serviços de defesa relacionados aos helicópteros multimissão MH-60R US$ 1,0 bilião, Catar –Sistema Integrado de Derrota do Sistema de Aeronaves (FS-LIDS) US$ 1,0 bilião.
Vendas Comerciais Diretas:
O valor total autorizado para Vendas Comerciais Diretas (DCS) contratualizadas de forma privada para o exercício de 2023 foi de US$ 157,5 biliões, o que inclui o valor de hardware, serviços e dados técnicos autorizados de exportações, importações temporárias, reexportações, retransferências e corretagem. Isso representa um aumento de 2,5%, acima dos US$ 153,6 biliões no ano fiscal de 2022.
A média móvel de três anos de autorizações DCS emitidas pelo Departamento de Estado para o ano fiscal de 2021-ano fiscal de 2023 foi de US$ 124,9 biliões, o que representou um aumento de 2,5% em relação ao período fiscal de 2020 a ano fiscal de 2022.
Variação percentual do exercício de 2023 para o exercício de 2022
DCS – Valor total $ 153,6 bilhões $ 157,5 bilhões + 2,5%
Total de Licenças Adjudicadas 22.138 23.474 +6,0%
Total de Entidades Licenciadas 14.861 14.445 +2,9%
AF20-22 AF21-23% de variação
DCS – Média móvel de três anos $ 107,2 bilhões $ 124,9 bilhões + 16,5%
As principais Notificações do Congresso (CNs) do DCS no ano fiscal de 2023 incluem, por exemplo:
Itália – Para a fabricação de conjuntos e subconjuntos de asas do F-35 (US$ 2,8 biliões)
Índia – Para a fabricação de hardware do motor GE F414-INS6 (US$ 1,8 bilião)
Singapura – Sistema de propulsão F100 e peças sobressalentes para a República de Singapura e o Ministério da Defesa (US$ 1,2 bilião)
Coreia do Sul – Sistema de propulsão F100 e peças sobressalentes para o Ministério da Defesa Nacional da República da Coreia (US$ 1,2 bilião)
Noruega, Ucrânia – Sistema Nacional Avançado de Mísseis Superfície-Ar (NASAMS), Ministério da Defesa da Noruega e Ministério da Defesa da Ucrânia (US$ 1,2 bilião)
Reino da Arábia Saudita – Míssil Guiado Patriot – Forças Táticas Reais de Defesa Aérea Saudita (US$ 1 bilião)
Os números do ano atual não são indicativos das vendas do próximo ano, que podem aumentar ou diminuir devido a vários fatores, incluindo flutuações nos orçamentos de defesa estrangeiros, questões de segurança regional e mudanças contínuas na jurisdição de licenciamento do comércio de defesa, resultando em mudanças na tecnologia e nos controlos de exportação.”
O TEMPO EM QUE VIVEMOS 495 Os vencedores das guerras
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Em todas as guerras há vencedores no lado dos vencidos e perdedores no lado dos vencedores.
A transferência de armamento e o comércio de defesa são eufemisticamente considerados como sendo importantes instrumentos da política externa dos Estados, com potenciais implicações de longo prazo para a segurança regional e global.
Só nos EUA, no exercício financeiro de 2023, o valor total dos artigos e serviços de defesa transferidos no âmbito do sistema de Vendas Militares ao Estrangeiro foi de 80,9 mil milhões de dólares, o que representa um aumento de 55,9% (US$ 51,9 biliões) relativamente o ano fiscal de 2022.
Julgo ser do conhecimento comum o facto das guerras conduzirem sempre ao aparecimento de vencedores e vencidos. Acontece que nem sempreos vencedores se encontrem exatamente do lado dos vencedores e os vencidos do lado dos vencidos. Ou seja, há vencedores no lado dos vencidos e perdedores no lado dos vencedores.
Exemplos: os que morrem nas guerras são sempre os perdedores, e encontram-se nos dois lados; os que enriquecem nas guerras são sempre os vencedores, e encontram-se nos dois lados.
Certo, certo, é que as guerras ou a instauração de um clima de guerra, conduzem sempre a um aumento das despesas militares (quer as que dizem só servir para a defesa, quer as que servem só para ataque). Como produtos que são, quem os produz verá os seus ganhos acrescentados. Todos sabemos isso.
Só que na voragem dos acontecimentos, tais “acréscimos” ou não são noticiados, ou não são mostrados na sua totalidade, ou não são devidamente explicados, ou são mesmo sonegados, pelo que se perde o quadro geral que permite a comparação com as outras necessidades das sociedades.
O branqueamento deste comércio da venda de armas, eufemisticamente conhecidos como transferência de armamento e comércio de defesa, é justificado pelos beneficiários como sendo importantes instrumentos da política externa dos Estados, com potenciais implicações de longo prazo para a segurança regional e global. Os trabalhadores das empresas de armamento e afins, pensam exatamente o mesmo (é o emprego e o trabalho que têm – ou que não têm – que os faz pensar assim).
Vejamos, por exemplo, alguns desses exorbitantes “ganhos” conforme publicado num recente relatório referido ao ano fiscal de 2023 do Bureau de Assuntos Político-Militares dos EUA respeitante às transferências de armas e comércio de defesa:
A transferência de armamento e o comércio de defesa são importantes instrumentos da política externa dos EUA com potenciais implicações de longo prazo para a segurança regional e global.
Por esta razão, os Estados Unidos seguem uma abordagem holística ao rever as decisões de transferência de armas, de acordo com a Política de Transferência de Armas Convencionais dos EUA, e ponderam questões políticas, sociais, de direitos humanos, proteção civil, económicas, militares, não-proliferação, segurança tecnológica, como fatores para determinar o fornecimento adequado de equipamento militar e o licenciamento de vendas comerciais diretas de artigos de defesa a aliados e parceiros dos EUA.
Dados os prazos de implementação plurianuais para muitas transferências de armas e casos de comércio de defesa, o Departamento reporta as médias móveis de três anos. Cada transferência proposta é cuidadosamente avaliada caso a caso, de acordo com a Lei de Controle de Exportação de Armas e a legislação, política e orientação relacionadas. As principais transferências e vendas de defesa estão também sujeitas a notificação e revisão do Congresso.
Vendas Militares ao Estrangeiro:
No exercício financeiro de 2023, o valor total dos artigos e serviços de defesa transferidos e das atividades de cooperação em segurança conduzidas no âmbito do sistema de Vendas Militares ao Estrangeiro foi de 80,9 mil milhões de dólares. Isto representa um aumento de 55,9%, US$ 51,9 biliões acima do ano fiscal de 2022. Este é o maior total anual de vendas e assistência prestada aos nossos aliados e parceiros.
O valor de US$ 80,9 biliões para o ano fiscal de 2023 inclui US$ 62,25 biliões em vendas de armas financiadas por países aliados e parceiros dos EUA; US$ 3,97 biliões financiados através do Título 22 do programa de Financiamento Militar ao Estrangeiro; e 14,68 mil milhões de dólares financiados através de outros programas do Departamento de Estado (tais como Controlo Internacional de Narcóticos e Aplicação da Lei, Não Proliferação, Antiterrorismo, Desminagem e Programas Relacionados) e programas do Departamento de Defesa para o Desenvolvimento da Capacidade de Parceiros (como a Iniciativa de Assistência à Segurança da Ucrânia).
O valor médio contínuo de três anos para artigos e serviços de defesa transferidos e atividades de cooperação em segurança conduzidas no âmbito do sistema de Vendas Militares Estrangeiras (FMS) foi para o ano fiscal (FY) de 2021-ano de 2023 foi de US$ 55,9 bilhões. Isso representa um aumento de 21,9% em relação aos US$ 45,8 bilhões para o ano fiscal de 2020-ano de 2022.
Variação percentual do exercício de 2023 para o exercício de 2022
FMS – Valor total $ 51,9 bilhões $ 80,9 bilhões + 55,9%
AF20-22 AF21-23% de variação
FMS – Média móvel de três anos $ 45,8 bilhões $ 55,9 bilhões + 21,9%
As vendas militares ao estrangeiro (FMS) do governo a governosnotificadas ao Congresso no ano fiscal de 2023 incluem, por exemplo: Polónia – Helicópteros Apache AH-64E US$ 12 biliões, Polónia – Sistema de foguetes de artilharia de alta mobilidade (HIMARS) US$ 10 biliões, Alemanha – Helicópteros CH-47F Chinook US$ 8,5 biliões, Austrália – Aeronaves C-130J-30 US$ 6,35 biliões, Canadá – Aeronaves P-8A US$ 5,9 biliões, República Tcheca – Aeronaves e Munições F-35 US$ 5,62 biliões, República da Coreia – Aeronaves F-35 US$ 5,06 biliões, Polónia – Defesa Aérea e de Mísseis Integrada ( IAMD) Sistema de Comando de Batalha (IBCS) US$ 4,0 biliões, Polónia – M1A1 Abrams Main Battle Tanks US$ 3,75 biliões, Kuwait – Sistema Nacional Avançado de Mísseis Superfície-Ar (NASAMS) Sistema de Defesa Aérea de Médio Alcance (MRADS) US$ 3 biliões, Alemanha – AIM- Mísseis ar-ar avançados 120C-8 de médio alcance (AMRAAM) US$ 2,90 biliões, Kuwait – Suporte técnico subsequente US$ 1,8 bilião, Bulgária – Stryker Vehicles US$ 1,5 bilião, República da Coreia – CH-47F Chinook Helicopters US$ 1,5 bilião, Japão – Aeronave E-2D Advanced Hawkeye (AHE) de alerta e controle aéreo antecipado (AEW&C) US$ 1,381 bilião, Noruega – Artigos e serviços de defesa relacionados aos helicópteros multimissão MH-60R US$ 1,0 bilião, Catar –Sistema Integrado de Derrota do Sistema de Aeronaves (FS-LIDS) US$ 1,0 bilião.
Vendas Comerciais Diretas:
O valor total autorizado para Vendas Comerciais Diretas (DCS) contratualizadas de forma privada para o exercício de 2023 foi de US$ 157,5 biliões, o que inclui o valor de hardware, serviços e dados técnicos autorizados de exportações, importações temporárias, reexportações, retransferências e corretagem. Isso representa um aumento de 2,5%, acima dos US$ 153,6 biliões no ano fiscal de 2022.
A média móvel de três anos de autorizações DCS emitidas pelo Departamento de Estado para o ano fiscal de 2021-ano fiscal de 2023 foi de US$ 124,9 biliões, o que representou um aumento de 2,5% em relação ao período fiscal de 2020 a ano fiscal de 2022.
Variação percentual do exercício de 2023 para o exercício de 2022
DCS – Valor total $ 153,6 bilhões $ 157,5 bilhões + 2,5%
Total de Licenças Adjudicadas 22.138 23.474 +6,0%
Total de Entidades Licenciadas 14.861 14.445 +2,9%
AF20-22 AF21-23% de variação
DCS – Média móvel de três anos $ 107,2 bilhões $ 124,9 bilhões + 16,5%
As principais Notificações do Congresso (CNs) do DCS no ano fiscal de 2023 incluem, por exemplo:
Itália – Para a fabricação de conjuntos e subconjuntos de asas do F-35 (US$ 2,8 biliões)
Índia – Para a fabricação de hardware do motor GE F414-INS6 (US$ 1,8 bilião)
Singapura – Sistema de propulsão F100 e peças sobressalentes para a República de Singapura e o Ministério da Defesa (US$ 1,2 bilião)
Coreia do Sul – Sistema de propulsão F100 e peças sobressalentes para o Ministério da Defesa Nacional da República da Coreia (US$ 1,2 bilião)
Noruega, Ucrânia – Sistema Nacional Avançado de Mísseis Superfície-Ar (NASAMS), Ministério da Defesa da Noruega e Ministério da Defesa da Ucrânia (US$ 1,2 bilião)
Reino da Arábia Saudita – Míssil Guiado Patriot – Forças Táticas Reais de Defesa Aérea Saudita (US$ 1 bilião)
Os números do ano atual não são indicativos das vendas do próximo ano, que podem aumentar ou diminuir devido a vários fatores, incluindo flutuações nos orçamentos de defesa estrangeiros, questões de segurança regional e mudanças contínuas na jurisdição de licenciamento do comércio de defesa, resultando em mudanças na tecnologia e nos controlos de exportação.”
Os painéis solares foram patenteados em 1905 pelo canadiano George Cove.
A Edison Electric Illuminating Company de promoveu a execução pública de cães para demonstrar que a corrente alterna não era segura e patrocinou a execução de condenados à morte em cadeira elétrica com corrente alterna para demonstrar que levavam muito tempo a morrer.
A primeira legislação antimonopolista dos EUA de 1889, foi contra a Standard Oil.
A 28ª Conferência do Clima, a COP28, realizou-se no Dubai, Emiratos Unidos Árabes (UAE), debaixo da presidência do Sultão Al Jaber, chefe executivo da Adnoc, a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi.
Estava-se em 1905, quando o inventor canadiano George Cove patenteou painéis solares para serem aplicados nas habitações, de forma muito semelhantes aos que hoje se instalam, contendo até uma bateria rudimentar para os dias em que o Sol não aparecesse. Segundo a revista Modern Electric, de setembro de 1909 “com apenas dois dias de sol […] o aparelho armazena suficiente energia para iluminar uma casa normal durante uma semana”.
No verão de 1905, coloca um modelo no Metropolitan Building de Halifax, Nova Scotia, e manda a descrição do aparelho a um grupo de investidores americanos. Estes enviam um “especialista” para examinar o modelo, e decidem financiar um laboratório e uma fábrica em Somerville, Massachusets.
Com um capital de 5 milhões de dólares (cerca de 160 milhões atuais), Cove funda em New York a Sun Electric Generator Corporation, mas coisas estranhas vão começar a acontecer.
Em outubro de 2009, Cove é raptado, e, segundo ele disse, as condições exigidas para a sua libertação envolviam o abandono da sua patente e o fecho da sua empresa. Cove recusa, e acaba por ser libertado no Jardim Zoológico de Bronx.
Há quem diga que a história do rapto foi uma invenção para chamar a atenção dos meios de comunicação, mas, na realidade, o seu produto recebia grande atenção mediática.
A partir daí, apesar de Cove continuar a desenvolver e a melhorar o seu produto, a empresa vai definhar. Outros apontam o seu principal investidor, Frederick Huestis, como estando por detrás da retirada do suporte financeiro por, segundo ele, o painel não corresponder ao que esperava.
Mas há quem atribua o desaparecimento da Sun Electric aos grandes interesses que estavam a ser ameaçados pelo aparecimento de um gerador solar elétrico, nomeadamente a Edison Electric Illuminating Company de New York, e a Standard Oil Company que fornecia a querosene usada para a iluminação em todos os Estados Unidos (e nas áreas onde as lâmpadas de querosene estavam a ser substituídas por lâmpadas elétricas, fornecia o petróleo para os geradores elétricos).
Recorde-se as práticas correntes utilizadas pela Edison contra os seus concorrentes no mercado: são exemplos bem conhecidos os que a Edison usou relativamente a Tesla e à Westinghouse, quando, para proteger a utilização das “suas” linhas de corrente contínua contra a corrente alterna, promoveu a execução pública de cães para demonstrar que a corrente alterna não era segura, patrocinando ainda a execução de condenados à morte em cadeira elétrica com corrente alterna para demonstrar que levavam muito tempo a morrer.
Eis o que Ronald W. Clark, The Man Who Made the Future, escreve:
“Como parte de uma trama complexa, [um agente da Edison] comprou em maio de 1889 três motores de corrente alterna da Westinghouse sem dar à Westinghouse qualquer ideia de que eles seriam revendidos às autoridades penitenciárias. Um ano depois, foi anunciado que futuras execuções na Prisão Estadual de Auburn, Sing Sing e Clinton [Nova York] seriam realizadas por eletrocussão e em 6 de agosto de 1890 William Kemmler foi eletrocutado por assassinato em Auburn. Ele morreu por corrente alterna e, na mente de um grande número de pessoas, isso tornou-se sinónimo de morte.”
Quanto aos métodos utilizados pela Standard Oil para vencer os adversários e controlar a produção de petróleo para ficar com o seu monopólio, basta lembrar que a primeira legislação antimonopolista dos EUA de 1889, foi exatamente contra a Standard, e ainda pelas suas sucessivas violações da mesma (Standard Oil Co. of New Jersey v. United States, 1911):
“Standard Oil Co. de New Jersey v. Estados Unidos (1911) é um caso julgado pelo Suprem Tribunal dos EUA que considera que a Standard Oil Company, um grande conglomerado petrolífero no início do século 20, violou a Lei Anti Monopólio Sherman por meio de ações anticompetitivas, ou seja, formando um monopólio, e ordenou que a empresa fosse geograficamente dividida.
A Standard Oil Company de Nova Jersey é, na verdade, uma holding detida pela família Rockefeller. A família Rockefeller organizou o seu império petrolífero criando holdings em muitas das jurisdições em que operavam. No total, a família Rockefeller e as suas holdings controlavam quase todo o mercado petrolífero nos EUA. Para aumentar o controlo dos Rockefeller sobre o mercado petrolífero, a Standard Oil Company de Nova Jersey adquiriu quase todas as empresas de refinação de petróleo nos Estados Unidos. Os Estados Unidos moveram uma ação contra a Standard Oil Company de Nova Jersey, alegando que ela violou a Lei Anti Monopólio Sherman porque as suas aquisições constituíram uma restrição indevida ao comércio.
O Tribunal decidiu primeiro que o Congresso tinha o poder de aprovar a Lei Anti Monopólio Sherman de acordo com a Cláusula Comercial da Constituição. Decidiu então que a “restrição do comércio” incluía o comportamento monopolista, e apenas restringia indevidamente o comércio se conduzisse a uma das três consequências possíveis: preços mais elevados, produção reduzida e qualidade reduzida. Equilibrando as proteções anti monopólio com os princípios da liberdade contratual, o Tribunal decidiu que as ações potencialmente monopolistas de uma empresa só poderiam ser ilegais se conduzissem a uma dessas três consequências. Neste caso, contudo, o Tribunal concluiu que as ações da Standard Oil of New Jersey levaram a estas consequências e, portanto, violaram a Lei Anti Monopólio Sherman.”
Contudo, já em 1909, o escritor, jornalista e naturalista americano Winthrop Packard, avisava no Halifax Herald de 4 de maio:
“Todo o mundo sabe que a quantidade de energia natural que é desperdiçada todos os dias é inconcebível. Os especialistas declaram que os depósitos de carvão e os poços de petróleo dos Estados Unidos irão abastecer apenas algumas gerações, de modo que as potências naturais devem ser utilizadas para preservar os nossos outros recursos naturais.”
Claro que todo o mundo não sabia, nem para aí estava virado. A preocupação era que o petróleo se esgotasse.
Só anos mais tarde se veio a desenvolver a consciência ecológica.
Vai ser Aldo Leopold que no seu A Sand County Almanac nos faz ver que é fundamental conceber a Terra para além do seu valor económico, mostrando que ela deve, em si mesma, ser apreciada e protegida, pois tem valores por si própria (valores intrínsecos), estabelecendo ainda um dos primeiros critérios éticos para a preservação da Natureza:
“Uma coisa é certa quando tende para preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica. É errada, quando tende no sentido oposto”.
Posteriormente, Holmes Rolston III, expõe na sua obra Conserving Natural Values, aquilo que considera serem as dez regras que deveriam estar sempre presentes em qualquer intervenção na Natureza:
#1. “Enfatizar a ausência de rivalidade entre os valores culturais(valores que o homem descobre ou atribui enquanto inserido numa cultura) e os valores naturais (valores da Natureza que o homem pode e deve reconhecer)”.
#2. “Ter cuidado com os compromissos”, pois um compromisso pode não significar uma decisão equilibrada.
#3. “Proteger os valores das minorias”. As decisões por maioria nem sempre protegem os interesses das minorias. Deve ser ponderada a utilização da regra de 2/3 ou do veto.
#4. “Completar o quadro económico com análises ecológicas”.
#5. “Basta”. É preciso dizer “basta” sempre que em vez de otimizar (o melhor) se preferir o maximizar (mais quantidade).
#6. “Identificar todas as partes afetadas”, incluindo as plantas e animais que não tendo voz, pertencem à Natureza e fazem parte do nosso ambiente.
#7. “Insistir na sustentabilidade” aumentando a utilização de recursos renováveis e limitando o recurso às energias não renováveis.
#8. “Evitar a mudança irreversível”, decidindo tanto mais lentamente quanto maior for o impacto da mudança, para não se correr o risco dos erros irreversíveis.
#9. “Reconhecer à alteração o ónus da prova”. Quem quiser introduzir alterações é que vai ter de provar que elas otimizam.
#10. “Tornar explícitos os juízos de valor latentes”, dando sempre a conhecer os valores naturais existentes, não aguardando para os expressar apenas na altura em que uma ameaça surja.
A última (2023) grande conferência mundial sobre o clima foi presidida por um executivo de uma grande petrolífera saudita (a 28ª Conferência, a COP28, realizou-se no Dubai, Emiratos Unidos Árabes (UAE), debaixo da presidência do Sultão Al Jaber, chefe executivo da Adnoc, a Companhia Nacional de Petróleo de Abu Dhabi) e a próxima também será num país produtor de petróleo.
Recordo sempre a bastante atual letra do hino da Mocidade Portuguesa:
Se foi, não é, e também não é se está a ponto de vir a ser no futuro, Zenão de Elea.
É como se o cérebro rescrevesse a sua própria história, como se nada daquilo tivesse acontecido ou como se soubesse desde sempre afinal onde se iria estar.
Somos mais que simples sujeitos de conhecimento e o mundo é mais do que um mero objeto que se preste à explicação.
O presente não está a acontecer agora quando o estamos a viver. Lá porque quando olhamos para uma coisa julgamos que o que estamos a ver está a acontecer exatamente nesse instante em que a vemos, isso não é verdade. O que estamos a ver é algo que aconteceu imediatamente antes, e que, portanto, é passado.
É assim: quando os olhos veem uma coisa, essa informação leva um certo tempo até chegar ao cérebro, onde ela é processada, analisada e finalmente integrada na consciência.
E as perguntas são: porque é que não damos conta desses atrasos, e como é que o cérebro atua por forma a sentirmos que a experiência que estamos a viver está mesmo a acontecer em tempo real?
Vejamos um caso prático: o apanhar uma bola. A informação leva algumas dezenas de milissegundos a ir do olho ao cérebro, e para que seja tomada a ação correspondente a essa informação demora-se cerca de 120 ms. Ora durante esse tempo a bola continua a movimentar-se, por isso, a informação sobre a posição onde se encontra a bola tem sempre um atraso relativamente à posição onde a bola se encontra na realidade.
Nos desportos em que a bola é lançada com velocidades superiores a 100km por hora (ténis, basebol e outros), durante esse lapso de tempo a bola percorre mais de 3 metros. Pelo que se a perceção que temos da posição da bola nos fosse dada pela informação mais recente que o cérebro tinha, então nunca seríamos capazes de apanhar ou bater a bola. Portanto, como é que o cérebro nos permite ver onde a bola está em vez de ver onde ela estava?
Através de um ‘mecanismo’ de predição, que vai extrapolando a posição do objeto ao longo da sua trajetória apercebida. Ou seja, o cérebro continua a ‘ver’ o objeto no sítio onde se espera que o objeto venha a estar, em vez da informação real que lhe chegou dos olhos.
Este padrão de atividade do cérebro só desaparece quando nova informação dos olhos chegar ao cérebro para lhe dizer que o objeto já lá não está, desapareceu. A predição original é então rapidamente reescrita, como se o cérebro encobrisse as suas predições erradas.
É como se o cérebro rescrevesse a sua própria história, como se nada daquilo tivesse acontecido ou como se soubesse desde sempre afinal onde o objeto iria estar.
Há 2.400 anos, Zenão de Elea (na Grande Grécia, colónia grega no sul da Itália), apresentou aquilo que ficou conhecido como o paradoxo de Aquiles e a Tartaruga, segundo o qual um corredor mais rápido nunca poderia ultrapassar um mais lento, uma vez que o mais rápido teria primeiro que chegar ao sítio onde o mais lento se encontrava e entretanto o mais lento já tinha andado mais um bocado que o mais rápido teria então de alcançar, sendo que entretanto o mais lento já tinha andado mais um bocado, etc. (conforme vem recontado por Aristóteles na Física VI:9, 239b 15).
Esta escola de pensamento, chamada Eleática, que começa com Parménides, advogava que a realidade era indivisível, imperecível, perfeita, imóvel e incriada, admitindo, portanto, apenas a existência de uma única entidade responsável por toda a realidade (monismo, “Tudo é Um”), e que os sentidos não podiam reconhecer a essência dessa realidade, dada a inconsistência (falsa aparência) dos seus relatos (observação dada pelos sentidos, que chamava de opinião). Essa essência só podia ser conhecida pelo pensamento (pela razão), pelo que se considera que Parménides tenha sido o primeiro pensador a opor razão à opinião, e que até hoje ainda continua a manifestar-se nos diálogos entre razão e experiência, teoria e prática, idealismo e materialismo…
A sua oposição ao conceito de criação assentava no facto de uma coisa não poder ter origem em algo que fosse diferente de si, porquanto o ser não pode vir do não-ser.
Como tudo era Uno, a transformação permanente, o devir como a essência das coisas de Heraclito, era refutada por Zenão:
“Como é possível que aquilo que é possa vir a ser? E como pode ele vir à existência? Se foi, não é, e também não é se está a ponto de vir a ser no futuro. Assim, o nascimento não existe e não pode também falar-se de destruição”.
Veiem de longe estas tentativas para se conseguir alcançar a essência da existência ou, conforme as escolas, a existência da essência, para se compreender aquilo que na essência o mundo e a consciência são.
Para Kant, era já muito claro que os humanos não podiam ter acesso direto à realidade, podendo apenas ter acesso aos conteúdos dos seus espíritos, notando ainda que apenas o que era experienciado pelo espírito é que seria para nós realidade (a tal distinção que fazia entre Noumena – as coisas-em-si-mesmas fundamentalmente incognoscíveis – e Phenomena – o mundo conforme aparecia no espírito).
Dado que a cumplicidade com o mundo oriunda da nossa relação com ele tornava difícil essa compreensão, mormente pela atitude científica pela qual nos desenraizamos do mundo ao ponto de conceber uma cisão entre sujeito e objeto, reduzindo a Filosofia a uma explicação dos factos, tentou-se arranjar um método que permitisse à Filosofia chegar à essência desses mesmos factos, um “regresso às coisas mesmas”, numa compreensão do mundo vivido antes de ele ser explicado ou analisado em termos científicos.
Este regresso implicava olharmos o mundo antes de o conhecermos, isto é, olharmos o mundo com a consciência de que, antes de ele se dar como objeto, ele já era um mundo “para mim”.
É este “regresso às coisas mesmas” que Husserl vai propor com a fenomenologia como método de análise da realidade sem nenhum tipo de ideias pré-concebidas, eliminando tudo o que fosse acessório e sobre valorizado pelo tempo, cultura, pessoal, etc., não para negar a existência do mundo, mas para que, ao afastarmo-nos dele para melhor o visualizar e compreender que o mundo é anterior ao conhecimento que sobre ele construímos, se reconheça que ele é um “tecido sólido” cuja existência não depende do meu conhecimento sobre ele.
Este mundo não se reduz ao conhecimento sobre o mundo; ele pré-existe como irrefletido e vivido e é sobre ele que se funda toda a reflexão.
Ao suspendermosa atitude natural que temos para com o mundo, tal vai-nos permitir quebrar laços, “distender os fios intencionais que nos ligam ao mundo para os fazer aparecer”, permitindo-nos aperceber que somos mais que simples sujeitos de conhecimento e o mundo é mais do que um mero objeto que se preste à explicação. “Por esta distensão, revela-se que existimos no e relacionamo-nos com o mundo antes de o conhecimento ter lugar, e o mundo é, antes de mais, mundo vivido”.
É nesta relação entre nós e o mundo que reside a ideia de que o homem é, na sua essência e existência, um ser enraizado, um ser-no-mundo. Filosoficamente, é aqui que acaba a tradição assente nos dualismos essência e existência, ser e aparecer, sujeito e objeto.
Podemos agora ir descansados ao futebol e aplaudir ou invetivar o guarda redes que consegue (ou não) apanhar a bola pontapeada e aleatoriamente desviada pelo defesa ou atacante. Instinto natural ou estudos de matemática e filosofia (com bons ou maus resultados) farão para sempre parte do entretenimento. Sente-se com a cabeça, pensa-se com os pés.
Os Antechinus sacrificam o sono para terem todo o sexo possível.
As mulheres são o que os homens querem que sejam: para mim a mulher é um agradável parêntesis na minha existência sobrecarregada, Mussolini.
A multidão é feminina, faz-lhe falta alguém que a saiba seduzir, submete-la, dominá-la. As massas não sabem e não querem pensar, o único que necessitam é poderem suspender a sua incredulidade, Mussolini.
Apeteceu-me. Não é crime. Estive 12 minutos com ela … foi uma coisa rápida. Que importância tem? Foi como quando faço amor com a minha mulher, Mussolini.
Segundo um estudo da Universidade de La Trobe em Melburne (Austrália) publicado na Current Biology de 25 janeiro de 2024, há um grupo de pequenos marsupiais (Antechinus swuaisoni e A. agilis) que habitam na Austrália e na Tasmânia em que todos os machos acabam por morrer após a época de acasalamento.
O que se passa é que durante essa época (três semanas), os machos não querem perder tempo a dormir, copulando com todas as fêmeas possíveis durante 12 a 14 horas por dia. Os que menos dormirem serão aqueles que terão maior êxito. Sacrificam o sono para terem todo o sexo possível. Chegados ao fim do período morrem por falta de sono, esgotados.
A ideia que Mussolini tem sobre as mulheres é bem expressa numa entrevista que deu ao Le Figaro em 1927:
“As mulheres são o que os homens querem que sejam: para mim a mulher é um agradável parêntesis na minha existência sobrecarregada […]. Quanto mais viril e inteligente é um homem, menos falte lhe faz uma mulher que seja parte integral de si mesmo.”
É por isso que considerava a multidão como sendo feminina:
“A multidão é feminina, faz-lhe falta alguém que a saiba seduzir, submete-la, dominá-la. As massas não sabem e não querem pensar, o único que necessitam é poderem suspender a sua incredulidade […].”
Ou, dado o número (600) de amantes que lhe atribuíam, talvez fossem as mulheres a multidão. Ele mesmo se vangloriava de se ‘deitar’ com até quatro mulheres ao dia, numa rotina controlada pelo seu secretário pessoal, que as conduzia para a Sala Mapamundi do Palazzo Venezia em Roma (onde quase de imediato entrava Mussolini, vestido e com as botas calçadas, realizava com elas o ato sexual sobre as almofadas ou sobre a mesa) ou para a Sala do Zodíaco, mais romântica, se já eram useiras.
Todo isto ao mesmo tempo que mantinha relações mais permanentes com outras mulheres em que todas sabiam umas das outras. Algumas dessas companhias mais importantes, além das duas esposas Ida Dalser e Rachele Guidi, foram Margherita Sarfatti, Bianca Ceccato, Angela Curti Cucciati, Magda Brard, Alice De Fonseca Pallottelli, Romilda Ruspi e Clara Petacci.
Clara Petacci, a última das suas amantes (que com ele morreu) escreveu no seu diário (de 1932 a 1938) que para Mussolini era "inconcebível dormir com uma só mulher": "Houve um tempo em que tinha 14 mulheres e tomava três ou quatro por noite, uma atrás da outra... isso dá-te uma ideia da minha sexualidade".
Em abril de 1938, Petacci apanhou-o na cama com Alice de Fonseca Pallottelli e isso motivou uma discussão. "Está bem, eu fiz", admitiu. "Não a via desde o Natal. Apeteceu-me. Não é crime. Estive 12 minutos com ela". "24", corrigiu Petacci. "Está bem, 24 minutos, foi uma coisa rápida. Que importância tem? Foi como quando faço amor com a minha mulher."
Vinte e oito anos mais nova que Mussolini, era filha de um médico pessoal do Papa, tornou-se amante de Mussolini em 1936, após o seu marido ter sido nomeado Adido Aeronáutico em Tóquio. Faleceu a 28 de abril de 1945 quando se atirou para a frente de Mussolini a fim de evitar que este fosse morto pelas balas dos partisans após terem sido capturados na sua fuga para a Alemanha.
Ida Dalser, filha de um presidente de câmara, estuda cosmética médica em Paris, e abre um salão de beleza em Milão. Os primeiros encontros com Mussolini dão-se em 1909, e quando em 1914 Mussolini é despedido do Avanti! passa a ser ela a sustentá-lo desde então (vende o seu salão de beleza para financiar o jornal de Mussolini). Nesse ano casam, nascendo-lhes um filho em 1915, Benito Albino Mussolini.
Com o avançar da carreira política de Mussolini e para não dar escândalo, Ida Dalser e o filho são postos debaixo de vigilância policial, na tentativa de eliminar todos os traços da relação (certidão de casamento, filiação, etc.). Como ela persistiu em denunciar publicamente a situação, acabou por ser internada em Caserta, acabando por morrer na Ilha de San Clemente (Veneza) em 1937, constando “hemorragia cerebral” na certidão de óbito.
O filho é sequestrado por agentes governamentais, e é-lhe dito que a mãe morrera. Em 1931 é adotado por um ex-chefe de polícia fascista, entrando mais tarde para a Marinha Real Italiana. Como persistiu em dizer que era filho de Mussolini, acabou por ser internado no asilo de Mombello, Milão, onde morreu em 1942 após lhe terem sido repetidamente dadas injeções para induzir coma.
Rachele Guidi, nasceu em Predappio, Romagna, numa família camponesa, filha de Agostino Guidi e Anna Lombardi. Após a morte do pai, a mãe tornou-se amante de Alessandro Mussolini, pai de Benito Mussolini. Em 1910, Rachele passa a andar com Mussolini, que no entretanto se casa em 1914 com Ida Dalser. Mas em 1915, a 17 de dezembro, Rachele vai também casar numa cerimónia civil com Mussolini. Ao saber disso, Ida passou a perseguir Mussolini exigindo que ele a reconhecesse como a sua mulher legítima, bem como o seu filho.
Em 1925, Rachele e Mussolini, renovam os votos numa cerimónia religiosa (Mussolini pretendia as boas graças do Vaticano). Logo após o fim da Guerra, Rachele tenta sair de Itália, mas é presa em abril de 1945 e entregue ao Exército dos EUA, permanecendo alguns meses na ilha de Ischia. Finalmente liberta, regressa à sua vila natal onde dirigiu um restaurante até à sua morte em 1979, com 89 anos.
Eis o que escreveu Antonio Scurati:
“Dá-me-a! Senão me a dás, aqui tenho seis balas: uma para ela, as outras cinco para mim.”
Ela, era a filha da nova mulher do seu pai. Queria-a para ele. Desejava com furor essa camponesa semianalfabeta de dezoito anos, a última de cinco irmãs, cheia como um ovo duro, que, após a sua mãe ter ficado viúva, passara a infância na miséria. Queria-a para ele, por isso agarrou o braço da sua promessa de gozo ilimitado, arrastou-a para Forli, para a rua Giove Tonante, frente à placa da taberna que exploravam juntos Alessandro Mussolini e Anna Guidi e, sacando de um velho revólver, exigiu que lhe a dessem, debaixo da ameaça de a matar e de depois se suicidar. Os seus progenitores, o seu pai e a mãe dela, aceitaram. Ele levou-a então triunfalmente para um modesto apartamento no número 1 da rua Merenda e possuiu-a cada vez que quis, dia e noite. Agora era sua. Sem formalidades, sem papéis selados, sem limites. Sem qualquer Deus. Nada de bodas, nada de sacerdotes, nada de certificados de estado civil para uns socialistas anarquistas como eles. Só amor livre. Só ardor.
Passaram nove meses e Rachele pariu a primeira filha, a filha da miséria. Batizaram-na com o nome de Edda e, também neste caso, o ídolo dos socialistas revolucionários da federação de Forli se tinha negado a contrair matrimónio legal para o bem da filha, para com isso evitar reconhecer a autoridade do estado burguês. […]”
Margherita Sarfatti, rica herdeira veneziana judia, muito culta, colecionadora e brilhante crítica de arte, adere ao Partido Socialista tornando-se em 1909 crítica de arte do diário Avanti!, onde conhece Benito Mussolini. Tornam-se amantes e é ela que a partir de 1912 vai ajudar a polir a imagem pública de Mussolini de tosco agitador político das revoltas provinciais aos salões da alta sociedade. Acompanha Mussolini em direção ao movimento Fascista, ajudando inclusivamente a planear a Marcha sobre Roma em 1922. Como madrinha do novecento italiano, esforça-se por dar ao regime fascista uma arte moderna e de estado, e a si mesma um poder «ditatorial» no âmbito cultural.
Em 1925 publica em edição em inglês uma biografia de Mussolini, The life of Benito Mussolini, que sai em 1926 em italiano com o título, Dux.
Converte-se ao catolicismo em 1928 e defende Mussolini contra as acusações de antissemitismo, afirmando que ele nunca seguiria as políticas antissemíticas de Hitler. Mas em 1938 é publicado “O Manifesto da Raça” primordialmente composto por Mussolini, condenando a corrupção da raça ariana italiana motivada pelos casamentos mistos com judeus. Resolve sair de Itália, ruma à Argentina via Suiça (onde deixa as cartas que Mussolini lhe escrevera), só regressando em fins de 1947 para a sua residência, onde acaba por falecer em 1961.
Eis uma das cartas de Benito Mussolini a Margherita Saratti, sem data, entre 1919 e 1922:
“Meu amor, os meus pensamentos, o meu coração te acompanham. Passámos horas deliciosas. Se puder, irei a Tabiano. Quero-te muito, mais do que crês. Abraço-te com força, beijo-te com ternura violente. Esta noite, antes de adormeceres pensa no teu devotíssimo selvagem, que está algo cansado, algo aborrecido, mas que é todo teu, desde a superfície até ao mais profundo se si mesmo. Dá-me um pouco de sangue dos teus lábios.
Teu Benito.”
Bianca Ceccato, órfã de pai, baixa, atraente, menor de idade, secretária do Il Popolo d’Italia, é seduzida por Mussolini, que é o diretor, convertendo-se em amante habitual. Em 1918, ele obriga-a a abortar.
Angela CurtiCucciati, filha de um antigo companheiro socialista de Mussolini, esposa de um dos seus chefes de esquadra preso por crimes de sangue, é seduzida por Benito enquanto o marido se encontrava detido, tornando-se sua amante habitual.
Alice de Fonseca Pallottelli, florentina de nascimento, casada com o empresário musical Francesco Pallotelli que se deslocava constantemente entre os grandes centros de Londres, Paris e Estados Unidos, conhece Mussolini em 1922 em Londres, tornando-se sua amante até finais de 1945. É das poucas que o acompanham ao longo de quase toda a sua vida pública, pelo que alguns a consideram como a “Passionária” do regime.
Magdeleine Brard, pianista francesa com prestígio internacional, filha de um empresário e político, irmã de um almirante e presidente da Societé Mathématique de France, toca para Mussolini na Villa Torlonia em 1926, grávida do seu primeiro filho. Mussolini pede-lhe para desistir dos seus concertos musicais e proíbe a imprensa italiana de cobrir quaisquer acontecimentos em que ela entrasse.
Em 1933, abre uma escola de música em Turim, sendo diretora da Academia da Música de 1933 a 1943. É presa em 1945, e solta após intervenção da diplomacia francesa, regressando a Paris. Supõe-se que dos seus três filhos, um deles (Micaela) seja de Mussolini.
É notícia recente (23 jan 24) a de Bradley Cooper andar com Gigi Hadid. Hadid tinha tido uma relação com Zayn Malik, que terminou por violência doméstica (eufemismo para dizer que ele bateu nela, neste caso que ela apanhou dele). Para esquecer o mau pedaço, Hadid foi tendo algumas outras relações, como com Leonardo DiCaprio. Já Cooper tivera antes uma relação com a Irina Shayk, que vivera alguns anos com o Cristiano Ronaldo. Entretanto, a Irina passou a andar com o Tom Brady, o ex da Gisele Bündchen.
Por sua vez, antes de passar a sair com a Shayk, Cooper rompera a relação que estava a ter com Suki Waterhouse, que acaba de anunciar a sua gravidez com o seu par Robert Pattinson. Cooper também andou dois anos com a Zoe Sadaña, e outros dois com Renée Zellweger. Antes fora casado com a bailarina e atriz Jennifer Esposito. Parece que para ele o número cabalístico é dois. Já para Mourinho são três as épocas.
Razões ou intenções diferentes ou simplesmente tecnologias diferentes justificaram as atitudes para com as mulheres e o sexo de Mussolini das de Gengis Kan ou de Elon Musk. Do simples prazer desbragado à afirmação de poder manifestado como submissão física característica do homem dominante faz com que o Mongol se reproduza indiscriminadamente ao ponto de ainda hoje parte do DNA dos europeus lhe pertencer, o que já não acontece com o Dux, apesar de tudo mais limitado e previdente. Além do mais, tinha a Itália para governar.
Mas, Elon Musk, vivendo numa sociedade mais democrática e tecnologicamente avançada, tudo vem clarificar quando defende o racional de se terem múltiplos filhos com diferentes mulheres, uma vez que o maior perigo para a civilização é o da diminuição do número de nascimentos. E acrescenta, segundo Shivon Zilis, a sua nova procriadora, que ele acredita que as pessoas inteligentes terem filhos é crucial para a sobrevivência da civilização. E finalmente sem necessidade de contacto físico.
Shivon Zilis, era executiva chefe da Neuralink Corp. de Musk. Desejando ter filhos, Zilis inclinava-se para a doação de esperma. Aí, o chefe persuadiu-a que sentir-se-ia honrado se ela o escolhesse para dador:
“Ele realmente quer que as pessoas inteligentes tenham filhos, e por isso encorajou-me.”
Saia mais um par de gémeos inteligentes. Garantidamente ricos.