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Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

Os Tempos em que Vivemos

Um olhar, uma tentativa de compreensão sobre algumas coisas que são vida.

(139) O(s) génio(s) benfeitor(es)

Poesia é mais sabor do que saber”, Infante D. Pedro.

 

 “Mais vale morrer grande e honrado do que viver pequeno e desonrado”, Infante D. Pedro, a caminho de Alfarrobeira.

 

 “Se tivésseis dinheiro, que é o nervo principal e parte formal deste negócio, para suprirdes vossas despesas e a provisão necessária aos que vos houvessem de servir; mas eu... sei que o não há vosso”, conselho do Infante D. Pedro ao rei D. Duarte, em 1436, a propósito da guerra contra Tânger.

 

 

Mas posto que passásseis e tomásseis Tânger e Alcácer e Arzila, queria Senhor saber que lhe fareis, porque povoá-las com reino tão despovoado e tão minguado de gente como este nosso, é impossível. E se o quisésseis fazer seria torpe comparação, como quem perdesse boa capa por mau capelo, pois era certo perder-se Portugal e não se ganhar África [...] Pelo qual, Senhor, concluo... que agora nem em algum tempo Vossa Mercê se não deve entremeter nesta guerra de África”, Infante D. Pedro, 1436.

 

 

 

 

 

A genialidade que, em maior ou menor grau, sempre pode brotar nos seres vivos, tem, contudo, nos seres humanos, uma certa relação com o futuro. Há como que uma antecipação, quer no campo das artes, da ciência, da política, que, naquele instante ou ao longo de parte da vida, uma dada pessoa tem, e que muito proveito pode trazer para o conjunto da sociedade  que o rodeia.

Por vezes, essa genialidade é reconhecidamente aceite. Outras vezes, é acerrimamente combatida.

Mas há também um outro tipo de genialidade, aquela que entendendo perfeitamente o que é este mundo do humano, na etérea ligação do passado como o presente e o futuro, o consegue resumir em meia dúzia de frases. Aquilo que historiadores (e outros) levam anos a intentar trazer à luz, é posto perante os nossos olhos para que nos apercebamos da trama da intemporalidade sempre presente dos tempos em que vivemos.

 

 

Naquele final da primeira dinastia em que o território propriedade da monarquia portuguesa que era Portugal esteve quase para ser entregue à monarquia espanhola, foi escolhido para iniciar uma segunda dinastia no território português, muito embora a contragosto e após uma série de graves hesitações do próprio, um filho bastardo que o rei D. Pedro tivera: D. João (1357-1433), Mestre de Avis.

Relembrando: após a morte do rei D. Fernando, perfilaram-se três possíveis sucessores: D. Beatriz, a sucessora legítima, filha de D. Fernando e de Leonor de Teles, casada com o rei de Castela, e que contava evidentemente com o apoio da Alta Nobreza, mas que representava o risco do retorno da submissão de Portugal a Castela; D. João, filho de D. Pedro I com Inês de Castro, que na altura se encontrava preso, o que o impedia de participar; e D. João, Mestre de Avis, também filho bastardo de D. Pedro I com Teresa Lourenço, uma dama galega, que tinha o apoio da nobreza tradicionalmente ligada à independência de Portugal e da nova nobreza ascendente.

Após várias hesitações, foi decidido convocar as Cortes com vista à eleição do Rei (a sua convocação era não só questionável sob o ponto de vista da legitimidade, como ainda introduzia uma conceção nova sobre a origem do poder real), acabando por vir a ser eleito D. João, Mestre de Avis.

Dada a deserção da nobreza tradicional, abria-se assim espaço para a constituição de uma nova nobreza, composta de cavaleiros-fidalgos e ricos-homens, que ascendiam sem necessidade de linhagem, podendo virem a ocupar cargos e possuírem bens, como recompensa pelos serviços prestados ou até por simples compra.

 

Temos assim um Rei que é bastardo, sem grandes créditos junto dos seus pares reinantes e que vai dar início a uma nova dinastia, numa época de grande mobilidade social e de grandes transformações políticas, que tem por isso de arranjar rapidamente esposa, constituir família, e demonstrar que merecera ser eleito.

 

Embora D. João tivesse feito votos de freire confesso e se comprometesse a guardar castidade, enamorara-se de uma donzela nobre, Inês Pires, de quem vai ter dois filhos bastardos: D. Afonso (1377? -1461), futuro duque de Bragança, e D. Brites, futura condessa de Arundel. A bastardia era normalmente aceite sem problemas de maior.

 Mas agora havia que casar a sério. A cerimónia vai realizar-se em fevereiro de 1387, no Porto, com Dona Filipa, filha do duque de Lencastre, de quem vai ter vários filhos: D. Branca (1388-morre com oito meses), D. Afonso (1390-1400), D. Duarte (1391-1438) que lhe vai suceder, D. Pedro (1392-1449), D. Henrique (1394-1460), D. Isabel (1397-1473), D. João (1400-1442), D. Fernando (1402-1443).

 Os seus filhos vão constituir a chamada “ínclita geração, altos infantes” (Camões, Os Lusíadas), pelo apoio que deram à cultura, envolvendo-se alguns deles diretamente na própria produção cultural, bem como na educação para a formação de uma burocracia qualificada para o Estado, cientes da sua importância para o crescimento do reino perante os demais da Europa.

 

 Estamos perante uma clara intenção que visa aproveitar a produção cultural para se afirmar politicamente, legitimando um projeto de realeza e sociedade.

É assim que se procede à construção da igreja de Santa Maria da Batalha com o que de melhor em termos humanos existia à época; é assim que as cortes régias e senhoriais passam a desempenhar um papel importante quer no mecenato, quer ainda na produção de livros, saraus e encenações teatrais; é assim que a biblioteca do Paço Real é aberta pela primeira vez, ao acesso do público, sendo D. Duarte o primeiro governante a montar uma biblioteca particular; e é sobretudo assim que D. João decide armar os filhos como cavaleiros numa batalha verdadeira que foi a tomada de Ceuta, numa clara demonstração às outras monarquias que os seus descendentes nada ficavam a dever na comparação com elas.

Aliás, esta expedição a Ceuta deve ser única em todo o mundo: nunca nenhuma nação embarcara para uma guerra todos os seus grandes (e pequenos) senhores dessa nação, porquanto se corresse mal, a nação como era entendida, desapareceria. Era como se hoje, numa expedição a Marte, os EUA embarcassem nas naves os conselhos de administração de todas as empresas, esperando que eles voltassem. Loucura que correu bem. Dessa vez. O mesmo fez depois D. Sebastião, com os resultados conhecidos. Correu mal.

 

Desta “ínclita geração”, a historiografia “oficial” tem, voluntária e ideologicamente, apagado e distorcido, uma figura impar da história, a do Infante D. Pedro, o “Infante das Sete Partidas do Mundo”.

 Normalmente referido como sendo muito viajado, daí o cognome, muito culto, que juntamente com Frei João Verba compõe o Livro da Virtuosa Benfeitoria, e que após a morte do irmão rei D. Duarte (1438) ficou como Regente do reino em nome do jovem infante D. Afonso, seu sobrinho que viria a ser o rei D. Afonso V, e que mais tarde, ao tentar opor-se às determinações deste sobrinho-rei, acabou por vir a ser morto na batalha de Alfarrobeira, onde o seu corpo permaneceu abandonado durante três dias, só depois tendo sido discretamente enterrado na igreja de Alverca.

 

O que se tentou calar foi o seu pensamento político sempre perfeitamente coerente, consciente e moderno e as suas posições daí resultantes, que, embora sempre respeitadoras, não as silenciava, mesmo que não fizessem  vencimento.

 

Numa carta enviada a partir de Bruges (Carta de Bruges,1426) a D. Duarte, que ainda não sendo rei, tinha já a maior parte das responsabilidades governativas cedidas por D. João I, vai aconselhá-lo a ter a presença de representantes dos três estados sociais (clero, nobreza e povo) no Conselho e Tribunal reais, e a reformar a Universidade com a criação de  “dez ou mais colégios em que fossem mantidos escolares pobres; e outros ricos vivessem dentro com eles às suas próprias despesas” como meio para garantir uma melhor qualidade dos quadros eclesiásticos e administrativos.

 

 

Numa outra carta (1433) escrita a D. Duarte já após a subida ao trono, aconselha-o sobre a concessão de mercês e governação:

 

 

 «[...] Senhor, vos farão agora muitos e mui desvairados requerimentos e peditórios e vos darão conselho em muitas coisas e de muitas guisas; ... as coisas que vos mui claramente não parecerem boas e razoadas não as outorgueis nem determineis logo; nem as que certo não pareçam más e desrazoadas, não as negueis, antes as espaçais para... depois as determinardes como deveis; porque em todo o tempo de inovações e de tantas alterações algumas coisas vos podem parecer justas e o não serão. E assim.… deveis mais, Senhor... conhecerdes vós, que intenção e propósito é o vosso; e sentirdes que é muito ardente e afincado para corrigir e emendar as coisas erradas; ... o vosso cuidado e trabalho não é somente de uma hora.»

 

 

E há também, e sobretudo, o célebre parecer ao Conselho Real, que D. Pedro emite em 1436, contra a programada conquista de Tânger:

 

 

“[…] digo que já não faço dúvida em ser bem e serviço de Deus os mouros inimigos da Fé serem guerreados, contanto que este bem não traga consigo danos e males muito maiores... [...] se tivésseis dinheiro, que é o nervo principal e parte formal deste negócio, para suprirdes vossas despesas e a provisão necessária aos que vos houvessem de servir; mas eu... sei que o não há vosso. Pois de vossos povos sabei que... o não podeis tomar sem grande cargo da vossa consciência, o que não deveis de fazer. E para mudardes moeda em vosso proveito, com dano de todo o vosso reino, não podeis como rei, pois não deveis como justo e cristão. [...] Mas posto que passásseis e tomásseis Tânger e Alcácer e Arzila, queria Senhor saber que lhe fareis, porque povoá-las com reino tão despovoado e tão minguado de gente como este nosso, é impossível. E se o quisésseis fazer seria torpe comparação, como quem perdesse boa capa por mau capelo, pois era certo perder-se Portugal e não se ganhar África [...] Pelo qual, Senhor, concluo... que agora nem em algum tempo Vossa Mercê se não deve entremeter nesta guerra de África.»

 

 

E, premonitoriamente, ainda fez ver que condenava também a expedição por não se dispor de tropas em número suficiente nem para o ataque nem para a defesa, pelo que, pela falta das forças de socorro, “os cercadores ver-se-iam cercados”, o que foi exatamente o que veio a suceder na vergonhosa campanha comandada pelo príncipe D. Henrique que acabou com a prisão como refém do príncipe D. Fernando, seu irmão mais novo, e com a garantia, indevidamente dada por D. Henrique, de que viria a ser trocado pela entrega de Ceuta.

 

Regressado a Portugal, o mesmo D. Henrique defende no Conselho Real que não se devia entregar Ceuta, condenando assim pela segunda vez o irmão.

Opinião contrária foi a de D. Pedro, que considerou que se devia entregar Ceuta, pois ela não passava de “um sumidouro de homens, armas e dinheiro”.

 

 

Durante os anos em que foi regente durante a menoridade do príncipe D. Afonso, a sua atuação fez-se sentir principalmente:

 - Ao nível do ordenamento jurídico-administrativo com a publicação do primeiro Código Civil português, as Ordenações Afonsinas (1446), alterando por completo o que vinha da Idade Média;

 

- Ao nível da formação, dotou a Universidade com receitas próprias, criando uns Estudos Gerais em Coimbra, paralelos aos de Lisboa;

 

- Ao nível da intervenção social, segue uma política de satisfação das classes populares dos concelhos, garantindo-lhes, por exemplo, a sua independência e liberdade face à nobreza, abolindo ou limitando o direito de aposentadoria (desobrigando os povos dos concelhos de suportarem as despesas de estadia do rei e dos nobres, e respetivas comitivas, quando estes andavam em viagem).

 

- Ao nível da expansão, lança abertamente o País na política dos Descobrimentos, na descoberta da costa africana e sua exploração comercial e colonização das ilhas atlânticas, desviando-se do objetivo das conquistas norte-africanas.

 

Com a maioridade (14 anos em 1446) de D. Afonso V (1432-1481), D. Pedro entrega-lhe o poder. Não é de admirar que elementos da grande nobreza (o duque de Bragança, e o conde de Ourém, entre outros), opostos à política de D. Pedro (alguns até por ambições pessoais preteridas) começassem a pressionar o rei para governar sem a influência do Infante. Em 1448, D. Pedro afasta-se, retirando-se para o seu Ducado de Coimbra.

 

Convém aqui notar que, à época, estes períodos de regência tinham por costume serem fatais para os jovens príncipes: normalmente eram mandados matar pelos regentes. O que não aconteceu durante a regência de D. Pedro. Bem pelo contrário, os cuidados na educação do príncipe foram esmerados, com vista à formação de um novo Rei.

 

Convém também notar que, no respeitante ao irmão bastardo D. Afonso, a quem D. João I tinha dado o condado de Barcelos, é D. Pedro que durante a regência lhe vai conceder o ducado de Bragança.

 

E, é também D. Pedro que vai conceder ao irmão D. Henrique o monopólio da navegação (mas não a condução), guerra e comércio das terras para além Bojador, numa tentativa de o prover de meios desafogados de sustento. Pois é este manhoso e invertebrado D. Henrique que quase não levanta a voz para defender o irmão D. Pedro, alinhando com os seus inimigos na preparação da cilada.

 

Em 1449, o rei ordena a D. Pedro que entregasse as armas guardadas na cidade de Coimbra e que deixasse passar nas suas terras as hostes armadas do duque de Bragança. O Infante recusa, e o Rei declara-o como desleal, oferecendo-lhe três soluções: a morte, a prisão perpétua ou o desterro.

 

Porque mais valia “morrer grande e honrado do que viver pequeno e desonrado”, D. Pedro, mesmo sabendo que o rei estava contra ele e que o esperava um exército imensamente grande (30.000 homens) relativo às forças que tinha, dirigiu-se com os seus homens de armas para Lisboa, para pedir justiça. O exército real aguarda-o em Alfarrobeira (20 de maio de 149), e mesmo antes da batalha se travar, D. Pedro é atingido por um virote (de um sniper da época), morrendo ali.

 

A sua morte conduz de imediato ao aumento do poder político e económico da grande nobreza em detrimento dos interesses dos povos e concelhos, e a uma política de conquistas no norte de África (D. Afonso V, o Africano!) em detrimento da exploração marítima da costa africana.

 

Apesar da historiografia enfeudada querer promover a figura de 'grande navegador' do infante D. Henrique, o facto é que durante os dez anos da regência de D. Pedro exploraram-se 198 léguas da costa africana, ao passo que nos 12 anos seguintes até ao falecimento de D. Henrique, só se ‘descobriram’ 94 léguas.

Vai ser essa política de conquista e ‘valores militares’ que, apesar do interregno que representou o reinado de D. João II, acabará por conduzir o reino a novo desastre com D. Sebastião, o Desejado.

 

Mas, aos seus inimigos a sua morte não bastava, era-lhes necessário apagar da historiografia oficial (as crónicas) a recordação do seu nome e dos seus feitos. Desde a falsificação de documentos, até à utilização indevida de documentos, tudo se fez. 

Exemplo caricato é o da Crónica dos Feitos da Guiné ou da Conquista e Descobrimento da Guiné, de Zurara, cronista oficial de D. Afonso V, que apesar de ter sido escrita a partir de crónicas, entretanto desaparecidas, de Afonso Cerveira, cronista de D. Pedro, pouca relevância dá a D. Pedro, apesar da crónica de Zurara só abranger o período até 1448, ano em que D. Pedro deixou de ter funções políticas.

 

Até do seu Livro Da Virtuosa Benfeitoria, tentaram menorizar a sua contribuição, apresentando-o como obra menor, mera tradução do De Beneficiis de Séneca. No entanto, ele constitui um importante testemunho do processo de mudança no pensamento sobre o exercício do poder e da dominação em Portugal.

Sempre preocupado com a centralização do poder real, D. Pedro vai apresentar novas ideias de conceção humanista tendentes a valorizarem e legitimarem a realeza e o poder secular, e assim, justificar o progressivo aumento do poder real.

 Inovadora também a posição que defende relativamente à origem do poder real: é pela eleição, herança e conquistas que se chega ao governo.

 

Tudo isto, segundo os estudiosos, faz com que D. Pedro seja considerado o primeiro autor de prosa doutrinal em língua portuguesa.

Acresce ainda que figura também como um dos criadores da língua portuguesa, pela maneira como escreve e pelos vocábulos que utiliza, de origem latina e grega.

É o primeiro autor a usar a palavra “poesia” no seu significado atual, chegando até a defini-la assim:

 

“poesia é mais sabor do que saber”.

 

 

 

Sobre a ignomínia de não lhe ter sido dada sepultura, a irmã de D. Pedro, Isabel, duquesa de Borgonha, enviou uma carta a D. Afonso V, seu sobrinho, onde se pode ler:

 

E porque tu, mui alto Rei, superior não tens, a natureza que a tais fortuitos casos provê, deu autoridade a teu tio para se defender de ti... (...) teu tio todas estas coisas suportou, viu mortes, desterros, desonras de alguns seus, viu o primogénito lançado fora do Reino, privado de sua dignidade... padeceu por sua vontade leis feitas contra si, depois provaste de tirar ao Infante o castelo de Coimbra que seu pai e irmão lhe deram...tolheste-lhe os mantimentos, mandando que lhos não vendessem, tolheste-lhe as armas e tudo suportou... (...) nem espera nenhum homem a extrema necessidade sem ousar de se defender, senão aquele que tiver coração de mulher... (...)

pois devia ele por ventura... esperar que lhe lançassem a rede sobre a cabeça porque não filhava na mão sua espada e nem arredava de seu arraial os que contra si via vir armados (?)... (...) e devia espantar o Infante aquela não acostumada maneira de vir o duque (de Bragança)

por sua terra, a qual coisa, Senhor, te peço por mercê, que a queiras bem considerar: lembro-te ainda que o Infante oferecia ao Duque de Bragança se quisesse vir por seu senhorio sem armas... que lhe daria passagem e lhe faria muita honra... (...)Não errou coisa alguma teu tio... ele foi filho del

 Rey D. João... justo, entendido, grado, liberal de grande coração... ele era teu tio e pai da tua mulher... (e referindo-se à recusa do rei em permitir sepultura digna ao Infante diz ser ela) uma esquivança de azedada vontade contra um homem morto... um indigno rigor e destruição de tua família».

 

 

 

 

Em 1961, a 17 de dezembro, Sophia de Mello Breyner Andresen, encontrava-se a escrever o poema que intitulara “Pranto Pelo Infante D. Pedro das Sete Partidas”:

 

 

“Nunca choraremos bastante nem com pranto

Assaz amargo e forte

Aquele que fundou glória e grandeza

E recebeu em paga insulto e morte”

 

 

O poema foi interrompido pela notícia da entrada de forças armadas da Índia em Goa. Sophia de Mello, começou então a escrever outro poema, “Pranto Pelo Dia e Hoje”:

 

Nunca choraremos bastante quando vemos

O gesto criador ser impedido

Nunca choraremos bastante quando vemos

Que quem ousa lutar é destruído

Por troças por insídias por venenos

E por outras maneiras que sabemos

Tão sábias tão subtis e tão peritas

Que nem podem sequer ser bem descritas

 

 

 

 

 

 

 

 

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