(110) A "ordem natural" do negócio
“Veem? Os pretos são assim!”.
A globalização já não é legitimada devido à superioridade ‘natural’ do Ocidente desenvolvido, nem por querermos preservar a nossa identidade cultural, mas única e exclusivamente por um egoísmo económico sem vergonha aceite pela maioria das classes trabalhadoras.
“Não são proposições e conceitos que garantem a lei do Ser. Apenas o Führer e só ele é a Realidade na Alemanha hoje e no futuro”, Heidegger.
Ao retirarem aos judeus qualquer possibilidade de poderem ser considerados seres humanos morais, estes professores e intelectuais deram a Hitler as armas ideológicas que qualquer movimento necessita para o seu sucesso.
O que se aplicava aos povos “inferiores” são agora utilizados para caracterizar os povos do Sul, os desempregados, os trabalhadores, os alentejanos, os ilhéus, os pobres (que “só o são porque o querem”), os eternos pretos, os homossexuais, etc.
Recentemente, nos bairros ‘desfavorecidos’ ou ‘problemáticos’ (eufemismo para os bairros em que os pobres e os refugiados se veem obrigados a habitar) de Tor Sapieza em Roma e de San Siro (sim, onde está o estádio de futebol das grandes noites europeias) em Milão, a polícia foi chamada a intervir perante o assalto e fogo posto levado a cabo pelos habitantes ‘antigos’ desses bairros contra os ‘novos’ habitantes, imigrantes refugiados estrangeiros colocados em centros de acolhimento e em acampamentos de nómadas.
Para a esquerda tratava-se de uma questão de racismo, para a direita tratava-se da defesa da legalidade e da segurança.
Situações como estas, que colocam pobres contra miseráveis, os que têm pouco contra os que não têm nada, trabalhadores públicos contra privados, novos sem trabalho contra velhos reformados, filhos contra pais, são indicativas de rutura social, que em muitos destes casos tem sido desejada e programada.
A quando do Katrina, Nova Orleães mergulhou num estado de selvajaria primitiva, em que os que por lá ficaram se viram de repente excluídos de qualquer ordem social. Pode-se mesmo dizer que durante alguns dias o poderoso governo americano, que tudo controla, perdeu o controlo de parte do seu território.
Para a direita, esta desintegração da ordem social foi a confirmação da maldade da natureza humana que, sem um maior número de restrições e de imposições legais (policiais e outras), acabará por levar à queda no caos.
Uma vez que a enorme maioria dos que ficaram em Nova Orleães eram negros, o que se encontra subjacente a este pensamento da direita, é que na prática, entregues a si, os negros não são civilizados.
Para a esquerda, essa desintegração social é prova da persistência da divisão racial existente nos EUA. Da população total de Nova Orleães, cerca de 70% são negros, sendo simultaneamente os mais pobres, que exatamente por isso não tiveram meios para fugirem da cidade a tempo. Foram deixados para trás, sem alimentos e outros cuidados.
Todas as informações, relatórios, imagens de televisão que descreveram a violência que se instalou, deram origem a histórias que circularam e chegaram a todos os lares. Subjacente a todas elas, muito embora fossem verdadeiras, encontrava-se sempre um elemento patológico e racista, para que no fim se pudesse dizer: “Veem? Os pretos são assim!”.
Como diz Zizek, trata-se de “mentir a coberto da verdade”.
Ainda que o que se diga seja verdadeiro, os motivos porque o faço são falsos.
Os meios de comunicação social podem e devem relatar todos os crimes e todos os factos com eles relacionados. Têm é de ter atenção para que a verdade fatual que apresentam não implique a transmissão de uma mentira a partir da posição subjetiva com que a enunciam.
Por exemplo: dizer que há casais de homossexuais ou de lésbicas que maltratam crianças, em vez de dizer que há casais que maltratam crianças; perguntarem a alguém que habitualmente utiliza transportes se concorda com aquela greve dos transportes, para obterem a resposta óbvia que insinue que as greves, embora legalmente sejam um direito que dizem não contestar, só provocam incómodos e nada resolvem; mostrarem a fealdade e dição incorreta de alguns elementos do povo logo seguida de bem-falantes apresentadores, locutores, comentadores de fato e gravata último modelo ou modelo a seguir; mostrar, como fizeram os documentaristas nazis, soldados africanos negros do exército francês, no campo de detenção onde se encontravam prisioneiros, a degolarem uma cabra para a comerem e a beberem o sangue; etc..
Outra forma de apresentar estas motivações ‘pretensamente’ escondidas sem as assumir, é de as invocar apenas como se tratasse de uma mera alternativa que será logo posta de parte.
Exemplo: aquele radialista norte-americano que propunha como solução para a diminuição da criminalidade, o aborto obrigatório das mães de todos os bebés pretos, concluindo que bem sabia que “se tratava de uma coisa ridiculamente impossível e moralmente condenável, mas que certamente levaria à diminuição da taxa de criminalidade”.
Embora o discurso oficial cristão e democrático o negue, o fato é que comporta e suporta todas estas motivações admitidas na consciência, ainda que sob uma forma censurada.
Quando a Espanha teve de enfrentar o problema de deter o grande número de imigrantes africanos que tentavam alcançar o seu território de Melila, na fronteira com Marrocos, a solução que adotou foi a da construção de um muro.
Aliás, não é solução inédita, em vigor entre Israel e a Cisjordânia, entre os EUA e o México, e já utilizada pela Alemanha Oriental com o muro de Berlim (este para não permitir que as pessoas saíssem, os outros para não permitirem que as pessoas entrassem). A própria criação da força de polícias pan-europeia visava já garantir o isolamento da União Europeia perante o afluxo previsto da chegada de imigrantes.
Esta é a outra face da globalização, ou melhor, a sua verdadeira face: a construção de novos muros para proteger a Europa desta imigração. A circulação livre é apenas para o capital e para as coisas, sendo a circulação das pessoas cada vez mais controlada.
A globalização já não é legitimada devido à superioridade ‘natural’ do Ocidente desenvolvido, nem por querermos preservar a nossa identidade cultural, mas única e exclusivamente por um egoísmo económico sem vergonha aceite pela maioria das classes trabalhadoras.
Se atualmente preconizássemos o derrube dos muros e a abertura indiscriminada das fronteiras, as classes trabalhadoras locais seriam as primeiras a revoltarem-se, como indiciam os acontecimentos em Itália e muitos outros países.
Põe-se, portanto, a questão de tentarmos saber como chegámos aqui:
Será que os seres humanos são de si racistas, xenófobos, antissemitas, ou será que temos sido conduzidos perante um processo de ‘domesticação’ (dir-se-á hoje ‘formatação’) social?
Vejamos um caso relativamente recente e ainda hoje com grandes repercussões no sentir das populações, o do antissemitismo nazi.
Quando os nazis tomam o poder em 1933, grande parte dos intelectuais e professores universitários manifestaram-se, agradecendo a Hitler por ter livrado a Alemanha da tripla ameaça da revolução russa, da decadência cultural e do declínio económico.
É assim que em 1934, o reitor da Universidade de Bonn, saúda o nazismo como sendo a alvorada de uma “ética heroica”, uma idade de “otimismo moral”. É assim que Heidegger diz:
“Não são proposições e conceitos que garantem as leis do Ser. Apenas o Führer e só ele é a Realidade na Alemanha hoje e no futuro”.
A partir de 1935, o enorme desenvolvimento da máquina de guerra nazi, ao mesmo tempo que ajudava a recuperação económica, corria, por outro lado, o sério risco de colocar as exportações Alemãs perante um boicote internacional que viesse a ser imposto, pois contrariava todos os acordos anteriormente assinados e que visavam restringir o crescimento das suas forças armadas.
Esta foi, talvez, uma das causas que tenha levado Hitler a decretar “uma reorientação” na guerra contra os judeus, procedendo a uma arianização agressiva (ou seja, confiscação) dos negócios e bens de 75.000 a 80.000 judeus, à sua expulsão da Bolsa e de vários outros setores de atividade económica (como os dos têxteis, dos cigarros, das atividades bancárias, gado e casas de penhores).
A partir daí prosseguiu-se agressivamente uma política de chantagem, extorsão e roubo, legalmente permitida e sancionada pelo objetivo da limpeza do Volk. Em finais de 1936, 260 das maiores empresas de donos judeus tinham sido arianizadas, muitas delas por respeitados industriais que nem pertenciam ao partido nazi. Aos judeus nenhum alemão pagava quaisquer dívidas que tivessem, não lhes era concedido crédito, o que os obrigava a venderem as propriedades que detinham.
Simultaneamente, começa-se a promover uma campanha de desinformação de forma a criar uma base racional que justificasse a perseguição aos judeus. Tudo isso é feito através do desenvolvimento de uma verdadeira indústria académica de pesquisa, com notícias, filmes e documentários, exibições, programas educacionais, livros de texto onde se disseminavam os últimos avanços ‘científicos’ com o fim de provarem que a existência da “questão judaica” era culpa dos Judeus.
Ou seja, procuravam-se já os parâmetros para o estabelecimento de um futuro consenso que servisse de base aos planificadores da Solução Final, e que simultaneamente levasse o povo a acreditar que o “perigo judeu” era justificado.
A 15 de Setembro de 1935, dá-se a publicação das Leis sobre a Raça de Nuremberga, que incluíam entre outras, a proibição dos casamentos inter-raciais, a proibição da existência de criados judeus nas casas, a proibição de os judeus utilizarem a bandeira suástica Alemã.
Mas, acima e tudo, estas Leis vieram permitir aos alemães viverem dentro da legalidade, uma vez que os crimes cometidos ou a cometer contra os judeus deixaram de serem considerados como crimes, dado que os judeus passaram a serem considerados como estrangeiros, não fazendo parte da pátria alemã.
A grande maioria dos alemães que lamentava o boicote e a destruição de propriedades dos judeus, vai gradualmente aceitando como inevitável o estatuto de pária para os judeus.
Mas, Hitler necessita que o racismo seja visto como uma verdade científica. Todas as pesquisas efetuadas e a efetuar, terão de se conformar a este objetivo.
Os biólogos tentaram tudo para encontrarem no sangue traços que permitissem identificar um judeu. Apesar dos vastos fundos atribuídos não conseguiram identificar qualquer tipo de sangue, cheiro, tamanho de crânio, lóbulo de orelha, nariz, ou outra marca que distinguisse um judeu.
Curiosamente, este não resultado dos seus biólogos coincidiu com a “reorientação” da política racial de Hitler de 1935. A partir daí, a caça aos judeus passou a incidir sobre estereótipos culturais em vez dos físicos. Em vez das ciências naturais, a enfâse passou para as ciências sociais e para as humanidades.
Os “estudos raciais” (Rassenkunde) passam a fazer parte do currículo obrigatório de muitas disciplinas. Linguistas, historiadores, geógrafos, psicólogos, geógrafos culturais, antropologistas, inundam o mercado com novos livros de texto e outras publicações.
A partir de meados de 1935 criam-se oficialmente cinco Institutos Universitários com a finalidade de estudarem e estriparem a influência judaica nas ciências naturais, na cultura, na história, na jurisprudência e na religião.
A aproximação multidisciplinar, o elevado perfil público exibido, a orientação política, as cerimónias protocolares, os esplendorosos banquetes e os encontros anuais, fazem destes estudos raciais, acontecimentos públicos de grande prestígio.
Amplo acompanhamento por toda a comunicação social, livros encadernados com luxuosas fotografias, livros de bolso, bibliografias, mapas, publicitando aberta e constantemente o “perigo judeu”, tornavam respeitável e aceitável, até para a classe média educada, a existência de um espírito corrosivo judeu que não podia continuar a fazer parte da sociedade alemã.
O primeiro desses institutos teve como origem o chamado Instituto Lenard (do físico Philipp Lenard), que vinha já desde 1920 a desacreditar a física “judaica” de Einstein. Em 1933, Lenard atraiu as atenções dos nazis quando saudou Hitler como “um cientista natural que procura a Verdade através de meios empíricos”.
Chamava de “judeus brancos” a todos os físicos que aceitassem a teoria quântica e da relatividade: essa teoria era tipicamente judaica por ser muito complexa, em oposição ao espírito germânico que produziria uma teoria simples e elegante para a compreensão do universo.
O Instituto do Reich para a História da Nova Alemanha, criado com autorização do Ministro da Educação e do Ministro da Propaganda, baseava a sua linha de orientação na teoria segundo a qual as mudanças históricas provinham da luta racial.
Para diretor do instituto é nomeado Carl Schmitt, sendo convidados para participantes uma plêiade de conhecidos intelectuais como Julius Streicher e Martin Heidegger.
Essencialmente debruçaram-se sobre conjuntos arquivísticos com a finalidade de reverem as interpretações dos acontecimentos históricos mais significativos. Desde a atribuição do aparecimento do capitalismo ao nefasto materialismo judaico, do impacto negativo dos casamentos inter-raciais nas culturas de vários países, do contributo positivo que os emigrantes huguenotes do século XIX trouxeram, através do seu sangue, para a fortaleza da Prússia, até à consideração da Revolução Russa como resultado da luta entre os “inferiores” judeus Bolcheviques e a “superior” nobreza dos Russos Brancos.
A agência de notícias nazi dava indicações aos editores dos meios de comunicação para publicitarem mensagens do tipo: “Povo germânico, leiam e saibam como os judeus vos têm prejudicado”.
O Instituto do Reich para a Jurisprudência levou a efeito uma conferência em outubro de 1936 sobre a “desjudaização”, à qual comparecem 100 dos 400 professores de jurisprudência das Faculdades de Direito da Alemanha.
A finalidade era pôr de acordo as leis do estado com as Leis da Raça, uma vez que essas Leis de 1935 impuseram a segregação dos judeus.
Os participantes na conferência identificaram livros de texto, artigos de revistas de Direito, bem como decisões de jurisprudência que tinham sido tomadas por autores com nomes que poderiam ser judeus, artigos de opinião, notas de rodapé e tudo o mais que pudesse constituir contaminação, a fim de evitar que viessem a serem citados por autores alemães e para evitar confusões aos alunos.
O Instituto do Reich para o Estudo da Questão Judaica fundado em Frankfurt, tinha a dirigi-lo Wilhelm Grau.
Para além de considerar a história judaica como uma narrativa do mal, apresentava a luta através dos tempos dos vários povos Europeus contra os judeus criando como que um pedigree para o antissemitismo nazi, desde os tempos dos imperadores romanos passando por Martinho Lutero e Goethe.
Livros em luxuosas encadernações, manuais, livros de bolso e posters, disseminavam as mais recentes ‘descobertas’ antissemitas, desde “as origens do nariz Judeu” até às suas inúmeras faces sob as quais se escondiam (judeus a conduzirem automóveis caros num ghetto da Palestina, ou a acompanharem a modelo e dançarina erótica negra americana Josefina Baker).
A mensagem que pretendiam transmitir era a de que os judeus tinham rejeitado todas as oportunidades concedidas para serem alemães, mantendo-se inassimiláveis. A paciência alemã esgotara-se. “A Alemanha foi a primeira nação a resolver legalmente a Questão Judaica”.
Assim, a partir da altura em que as pessoas aceitassem que havia uma “questão Judaica”, estavam lançadas as bases para a aceitação da morte civil dos judeus. Estavam abertos os caminhos para os devastadores ataques de 1938 aos judeus na Áustria após a ocupação pelas tropas alemãs e ao pogrom que se lhe seguiu em novembro de 1938.
O Instituto para o Estudo e Irradicação da Influência Judaica na Vida Religiosa Alemã foi criado em 1939 por influentes pastores Protestantes, com o fim de purgar o “espírito judaico” do Volk Cristão, dando a possibilidade aos cristãos de se defenderem das influências judaicas.
‘Demonstraram’ que os pais de Jesus eram arménios e não judeus, que o “judeu Paulo” pervertera os ensinamentos de Cristo, qual fora a influência nefasta do Judaísmo sobre o Cristianismo, qual era a história do culto Cristão Teutónico, e outros.
Na realidade, o objetivo era não só separar os cristãos dos judeus, mas apresentar o cristianismo como uma religião pura que poderia enquadrar-se na nova ordem nazi.
Todas estas ‘descobertas’ destes Institutos eram profusamente incorporadas em livros de texto e em artigos de divulgação dos média que, juntamente com a enorme atenção dedicada à participação não só nos seus congressos, mas à participação em congressos internacionais, faziam crer da aceitação generalizada das suas propostas.
Aliás, a própria imprensa internacional, era disso exemplo. É assim que o The New York Times publica em 1935 artigos de Schmitt em louvor das Leis da Raça de Nuremberga como sendo “genuinamente Alemãs”, de Gercke a advogar a pureza da raça, de Alfred Baeumler a louvar Hitler por ter tirado a Alemanha da estagnação medieval, Walter Gross a justificar a segregação das crianças que não fossem arianas, de Fischer a louvar a participação de Hitler no Congresso da População Mundial, e até um artigo da mulher do então reconhecido historiador Hermann Oncken em que dizia que “tinham sido os Judeus os responsáveis pela sua própria perseguição”.
Antes dos exércitos alemães atacarem e ocuparem a Europa Oriental, estas autênticas centrais de propaganda que foram os Institutos, prepararam o público para o tratamento agressivo e violento dos “inferiores”, única forma para lidar com a “ameaça judaica”: a violência nazi era a adequada perante o perigo que representava a ameaça demoníaca dos judeus, ciganos e eslavos.
Ao retirarem aos judeus qualquer possibilidade de poderem ser considerados seres humanos morais, estes professores e intelectuais deram a Hitler as armas ideológicas que qualquer movimento necessita para o seu sucesso.
Hoje, passados oitenta anos, muitos dos conceitos então ‘estudados’, continuam bem presentes na nossa sociedade: o que se aplicava aos povos “inferiores” são agora utilizados para caracterizar os povos do sul, os desempregados, os trabalhadores, os alentejanos, os ilhéus, os pobres (que “só o são porque o querem”), os eternos pretos, homossexuais, etc.
É assim que, quando entrevistada em 1960, a filha do professor Eugen Fischer, continuava a afirmar que o pai e os seus colegas não eram antissemitas, porque nunca os ouvira dizer que os judeus eram maus, e sim que eram apenas “diferentes”.
Claro que eram a favor da segregação pois “não nos podemos esquecer que em 1927 quando viemos para Berlim, o cinema, os teatros, a literatura, tudo estava nas mãos deles”. É esta incapacidade para identificar o antissemitismo das suas opiniões que é reveladora da permanência destes conceitos nazis.
A permanência destes conceitos deve-se ao esforço da propaganda nazi para conseguir fazer com que as suas posições ideológicas aparecessem como naturais para mais facilmente serem aceites.
Quando hoje nos aparece como óbvio que na sociedade tudo, mesmo tudo, incluindo os cuidados de saúde e a educação, deve ser gerido como se tratasse de um negócio, tal deve-se ao sucesso com que de há quarenta anos para cá, as Novas Direitas conseguiram impor a sua visão do mundo, a sua “ontologia do negócio”.
Nesta “ordem natural” tudo é apresentado como necessário e inevitável. Fora desta ordem natural só existe o impossível.